8 • Caminho perdido (parte 1)

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Um grupo pequeno de super-atos organizava-se às margens da cidade, planejavam um ataque contra a Alameda de Todos os Santos. Eles não eram profissionais ou preparados, mas estavam motivados, cansados e imensamente revoltados com a opressão existente em toda Alexandria. Discordavam da rigidez e compraram os boatos que O Conselho torturava pessoas como eles — o suficiente para que desejassem por fim a isto.

Fiona Ortiz era uma normatiza, uma jovem jornalista respeitada em seu meio e esposa de um renomado membro da Ordem, Charlie. Ela foi a primeira a ouvir sobre os rumores de pequeno grupo marginal de super-atos, e movida pela curiosidade intrínseca de sua profissão, começou a investigar sobre eles por conta própria. Suas pesquisas de campo revelaram muito sobre este grupo, não somente suas motivações, mas também descobriu hierarquização, organização e alguns esquemas de recrutamento. Isso a animava, a venda de sua investigação renderia muito dinheiro para ela e sua família, além de grande prestígio profissional.

anoitecia na Alameda de Todos os Santos, sua casa não era tão grande quanto as mansões que a cercavam, o marido tinha um desejo pela simplicidade. Fiona estava em uma ponta da mesa, ao seu lado estava seu marido Charlie e do lado oposto à mulher, a pequena filha do casal. Os três se alimentavam em silêncio.

A luz azulada dava um ar de tranquilidade à mesa, combinando perfeitamente com as vestes do mesmo tom da garotinha e contrastando com as roupas escuras dos pais. Apesar do ar tranquilo do ambiente, tanto Charlie quanto Fiona transmitiam tensão.

— Pare de brincar com a comida. — Fiona quebrou o silêncio, repreendendo a menina.

— Fiona... Não seja tão dura com ela. — Charlie virou-se para a esposa com o semblante sério.

Você mima a Samantha demais, Charlie.

E os três voltaram ao silêncio. Após o jantar, o pai levantou-se e carregou a pequena no colo, subindo as escadas rumo ao quarto dela. Fiona permaneceu à mesa, abrindo uma tela holográfica e voltando a ler os resultados de sua investigação.

No quarto superior, Charlie balançava a menina de um lado para o outro, e a garotinha sorria e tentava agarrar o pai em um abraço. Ele a colocou na cama, de lençóis tão brancos quanto a pele clara da menina, beijou a testa da garotinha, e ajeitou o cabelo liso e curto dela para trás das orelhas.

Não liga para a mamãe. — Ele sorriu timidamente — Ela está nervosa com o trabalho.

— Mas o seu trabalho também é perigoso e o senhor é bonzinho comigo.

— Ela não é má, Samantha. — Ele acariciou o rosto da filha — Ela é normatiza, e isso a limita...

Para quebrar o clima tenso que começava a surgir apos a sua fala, Charlie fez cócegas em sua filha. Os dois gargalhavam alto, e a risada preenchia todo o quarto de paredes claras e bem iluminadas também em um tom azul. Ele parou e ajeitou os lençóis sobre o corpo da pequena, voltando a pentear os cabelos da filha com os dedos.

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