Capítulo Vinte

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VICENTE

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VICENTE

Segunda-feira. O dia nacional das promessas não cumpridas. Do mau-humor. Das reclamações. Da preguiça. No entanto, eu estava ansioso para dar início a minha semana. Eu precisava resolver a bagunça que havia e tornado a minha vida, e tinha total consciência de que minha primeira tarefa deveria ser conversar com Vasconcellos e colocar fim naquela loucura de ser segurança de Milena. Porém, eu estava aflito para conversar com Miguel, o fisioterapeuta que estava tratando meu joelho.

Como de praxe, eu estava pronto muito cedo. Já havia ingerido minha grande e necessária dose de café sem açúcar, quando o negro alto, forte e devidamente uniformizado adentrou a clínica do Hospital Geral de Curitiba. Sua expressão foi de pura surpresa ao me encontrar, já que não tínhamos uma sessão marcada naquele dia.

– Bom dia, meu jovem. Sua disposição é admirável.

– Bom dia, Miguel. Será que podemos conversar?

Ele assentiu e me indicou a cadeira diante de sua mesa. Esperei que ele guardasse seus pertences para começar a falar. Contei sobre o reflexo do meu joelho que, apesar de protestar através da dor, havia respondido ao meu comando involuntário. Apenas omiti o motivo pelo qual precisei correr.

– Está me dizendo que forçou o seu joelho para correr? – Seu tom era de desaprovação.

Dei de ombros.

– Eu precisei.

– Tem noção de que isso pode ter afetado tudo o que conquistamos até agora? Sua fisioterapia pode ter regredido, Vicente.

– Eu quero minha alta. Me sinto preparado para voltar a ocupar meu cargo.

– Primeiramente, Vicente, a resposta é não. Você pode estar próximo de alcançar seus movimentos normais, mas entenda, existe uma distância entre estar próximo e alcançar um objetivo. Sobre voltar a ocupar o seu cargo, acho que esse é o momento em que precisamos conversar.

[...]

MILENA

Naquela segunda, o dia havia amanhecido de forma típica da cidade: cinza e frio. No entanto, enquanto eu observava o trajeto de dentro do carro com Renato ao volante e Heitor no banco da frente, não podia deixar de pensar que, embora eu devesse estar radiante pelo domingo incrível ao lado de Vicente, o clima estava parecido com o que acontecia dentro de mim.

Mais uma vez, ele havia desaparecido. Não atendia minhas ligações, não retornava as mensagens e me deixou sozinha para ir ao cursinho. Meu pai percebeu que algo estava errado e, ainda que eu tenha optado por não questionar, percebi que estava preocupado com alguma coisa. A ruga entre suas sobrancelhas deixava isso mais do que evidente. Restava saber se o que o afligia tinha alguma relação com o não comparecimento de Vicente naquela manhã.

Sob a Mira da PaixãoWhere stories live. Discover now