Capítulo Trinta

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MILENA

A saia midi plissada de cor preta batia embaixo dos meus joelhos. Para não ficar careta – segundo minha mãe e Catarina, que continuava me dando dicas de como me vestir –, dei um nó na camiseta com a famosa estampa da logo de Rolling Stones, deixando aparecer apenas uma faixa da minha barriga. Nos pés, cheguei a considerar usar saltos, mas, por fim, acabei optando pelo bom e velho par de all star's branco. Não seria eu sem eles.

Eu estava lidando melhor com maquiagem, portanto, não precisei passar essa tarefa à minha mãe. Fui a primeira a ficar pronta, porque, com toda a certeza, eu era a mais prática entre os outros quatro que faltavam. Não tinha nada, nada a ver mesmo com o fato de eu estar ansiosa para aquela noite. Era só um evento normal unindo os Novaes e Vasconcellos. Nada fora do comum.

Em breve, toda a família buscapé – meus avós maternos, tio Lipe, tia Sandra, tio Gui e tia Carol – chegariam, e então, íamos todos até a casa dos Novaes para passar a noite de natal. Seria um natal diferente de todos os outros.

Quando a campainha tocou, meu pai desceu as escadas correndo, ansioso para ver o irmão e o resto da família. Como sempre, estava lindo em uma camisa social, jeans escuros e sapatos. Os cabelos grisalhos estavam impecavelmente penteados, e o cheiro de seu perfume era inconfundível. Para mim, era o homem mais bonito do mundo.

– E aí, moleque? – Ele e tio Gui riram e então se abraçaram, como se ainda fossem dois garotos. Dois garotos muito unidos.

– Saudades de você, irmão.

– Para de frescura e entra logo. Cadê a Carol?

– Estou aqui, cunhado. Como vai?

E então a conversa começou a fluir. Pouco tempo depois, o lado da minha família materna começou a chegar e virou aquela confusão que eu amava. Me dei conta de que eu estava precisando de um pouco daquela normalidade. Eu sentia falta deles.

– Chegou o tio preferido dos gêmeos! – Tio Lipe anunciou, adentrando nossa casa.

Todo mundo tem um tio boa pinta, ? Eu tinha dois, e não era capaz de escolher o mais bonito. 

– Não seja ridículo, Menezes. Fala para ele quem é seu tio preferido, querida? – Rebateu tio Guilherme.

Revirei os olhos.

Se tinha algo que eu havia aprendido com meu pai, meus tios Lipe e Gui, e os tios postiços Hugo, Rafa e Levi, era que maturidade não fazia parte daquela turma.

– Quanta maturidade, querido – Tia Carol leu meus pensamentos.

– Até o Enzo é mais maduro que você, Amor. Falando nisso, cadê ele? ENZOOOO! A MAMÃE CHEGOU! – Anunciou tia Sandrinha com seu jeito nada sutil, para a nossa diversão. Ela e minha mãe eram campeãs em constranger os filhos. – Ai, Mile, que saudades! Você está linda! – Ela me abraçou e eu retribuí.

– Também estava com saudades de vocês, tia. Você não sabe o quanto é bom tê-los aqui – declarei com sinceridade.

– Você está usando maquiagem? – Perguntou, examinando indiscretamente o meu rosto de perto.

– Oh, sim, ela está – afirmou tia Carol com um pouco mais de sutileza que tia Sandrinha.

– Conta, Milena. Quem é ele? – Intimou. Porque com Sandra Cristina era assim: ela não perguntava. Simplesmente mandava nas pessoas. Não era à toa que minha mãe e ela eram tão amigas.

Sob a Mira da PaixãoWhere stories live. Discover now