HeresReality - 1

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~Sara narrando.

 Era preocupante a expressão de aterrorizado em seu rosto. Eu só ia para outro estado, que por sinal nem ficava tão longe assim, somente 4 horas. O HeresReality era o que eu sempre sonhei e ele teria que aceitar depois de tantas inscrições minhas para aquele programa pacato (Mas que eu amava).

-Pai, lá não é um confinamento! -Me encostei na escrivaninha que ele ignorava toda vez por fazê-lo recordar lembranças ruins, como a morte da minha mãe.

-Isso é o que todas as pessoas que vão pra lá dizem Sara. -Murmurou levando a mão até sua testa num sinal de repreensão e ironia após limpar uma linha de suor que descia por ali. -Você vai me esquecer. -Ele disse num tom filosófico

-Pai, relaxa você vai me ver todo dia na TV e você também pode assinar o pacote de promoções pra ver as câmeras 24hrs. -Tentei explicar a ele mas percebi que ele não queria explicações. E então sentei na cama ao seu lado. -Quer saber pai. Agora já foi tá!? Eu já me inscrevi, eles já me chamaram e eu já fiz as malas. Traduzindo... Eu vou. -Levantei da cama e caminhei em direção a cozinha.

-Sara não vai! -Ele se levantou e num cambalear desmantelado me seguiu.

-Eu vou sim pai. -Me fortaleci e fiz com um sinal de atenção que a conversa estaria encerrada.

 O ultrapassei e dei passos longos em direção ao quarto que ultimamente só servia para abrir as portas do guarda roupas e arrumar e desarrumar minhas malas grandes e pesadas. Peguei uma das malas de mão que estavam lá e puxei um pente de cerdas longas e macias, levei - o até meus cabelos longos e negros até desfazer os nós pertubantes que me faziam rolar os olhos.
 Em fim na minha relutância consegui passar a mão e ela deslizou como no vento e dei um sorriso farto de alívio e sarcasmo.
 Ouvi de longe um som espremido e soado da buzina que me levaria até YorkFine, onde fica a casa de
HeresReality. Corri até a varanda com devaneios rápidos pois minha ansiedade vencia qualquer tipo de sentimento que eu arriscava ter naquele momento. Acenei com timidez ao taxista e pedi para ele entrar, pois eu nunca iria conseguir levar aquelas malas horríveis de pesadas até a porta. E ele obedeceu, entrou em casa e fez três viagens até conseguir levar todas as malas e encher o porta malas até não dar pra ver pelo espelho interno.

 Eu tímida cheguei a frente de meu pai. O abracei com uma força imensa e incomparável, não para machuca - lo mas sim para mostra - lo o quanto ele era importante para mim e o quanto eu sentia de partir e não leva - lo comigo nessa minha aventura louca de querer seguir meu rumo sozinha.

-Tchau pai. -Senti que se formava uma bolsa de lágrimas em meus olhos.

-Tchau Sara, Juízo! -Ele sorriu enquanto ainda estávamos entrelaçados naquele abraço apertado e caloroso.

Me afastei e dei um beijo em sua testa.  Fui em direção a porta, e de lá me virei e dei um aceno leve e baixo para ele. Enfim sai.
 Entrei no táxi e fechei a porta, me aconcheguei naquele banco macio e puxei o cinto, O encaixei e me virei para frente. O taxista começou o seu caminho que pelo visto seria um longo caminho e fomos.
 Eu observava cada toque e som dos ventos batendo nas palmeiras enquanto me admirava feito uma criancinha observando coisas novas pela janela.
 Cansada, me virei de lado e fechei os olhos pois quatro horas não iria se passar logo. Eu continuava a escutar os ruídos das mãos do taxista a se deslizar no volante e aos pés dele a acelerar e freiar, acelerar e freiar repetidamente e continuamente.

(...)

Senti uma voz de longe mais que estranhamente ao mesmo tempo estava ao meu ouvido, ecoando e sussurrando.

-Sen-Senhorita... Moça, já chegamos, acorde. -Percebi que ele não iria parar e resolvi dar sinais de vida. Me virei para a voz originalmente cansada e abri meus olhos, num choque de luz o fechei novamente mais agora com força. E enfim levantei minhas mãos e as esfreguei no rosto. Abri os olhos novamente e me deparei com o taxista esticando a mão para me fazer descer de seu carro.
 A agarrei com força e sai.

HeresReality [COMPLETA E CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora