Capítulo 11 - Cova do Milho

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Impaciente, a domadora ofegava e batia os pés freneticamente, checando o relógio pendurado na coxia do circo a cada minuto, enquanto aguardavam por Elias, já meia hora atrasado para o treino.

Luna não parecia menos nervosa, sentada no chão de pernas cruzadas, cantarolava enquanto desfiava a barra de sua calça, seus olhos vagando ansiosos pelas arquibancadas, divertindo-se com o eco que sua voz causava.

- Ei, o picadeiro está locado? - A voz de Layla soou divertida à distância.

Era comum que o circo nunca parasse, sempre com algum artista treinando ou com os capatazes testando uma nova instalação.

- Estamos esperando por Elias. Ele aparentemente almoça tarde.

- Quer ajuda para procurá-lo? - Ofereceu, largando de lado os tapetes enrolados que carregava nos ombros e levando as mãos a cintura.

Hallie olhou para a garota encostada na divisória da coxia, não recebeu um olhar de volta, ela provavelmente nem estava ouvindo a conversa.

- Bem... Não precisa se incomodar...

- Não é incomodo, Haz... Tenho que esperar os ensaios terminarem para arrumar os camarins de qualquer forma.

- Oh, ok, então. - Mordeu a boca voltando seu olhar para Luna. Ajoelhou-se frente a ela e esperou que os olhos azuis encontrassem os seus. - Eu vou procurar por ele, você quer ir junto? - Apesar de não querer desgrudar da pequena, agradeceu mentalmente quando Luna negou, pois seus passos acabariam lhe atrasando, eram apressados, mas cheios de tropeços. O pensamento arrancou um riso da domadora. - Certo, então espere por nós em alguns minutos.

No segundo em que se viu sozinha, Luna selou os lábios, desistindo do cantarolar quando o silêncio era intimidador demais. Preferia os passos nervosos de um lado para o outro de Hallie, pelo menos a presença da domadora enchia a arena por completo, por mais que a ansiedade dela lhe deixasse ainda mais nervosa. Ou talvez tivesse sido apenas o café.

Lembrar-se do café a fez pensar em como o líquido havia reagido negativamente em seu corpo, sentia seu estômago tremer e a necessidade de se mover, de mover as pernas e balançar os braços. Mas continuou ali sentada, agarrando suas pernas e balançando os ombros para os lados na inabilidade de manter-se parada. Não deveria mesmo ter discordado de Hallie, mas era tão complicado ser contrariada. Viver com as pessoas sempre querendo mandar em sua vida não lhe trouxe boas experiências.

"Você não tem que deixar as pessoas mandar em você.", ouviu uma vez de Zoey. Foi só então que parou de achar que estava sempre errada e soube que a maioria das pessoas eram mal intencionadas. Mas em Hallie ela confiava, e agora sentia que, se continuasse parada, seu corpo implodiria.

- Ei, pombinha. - A voz de Jonas se aproximou, ecoando pelo vazio do circo. Luna não respondeu, não gostava daquela voz, muito menos do dono dela. Continuou com seus olhos baixos e seus dedos desfiando a barra da calça. Sentiu quando o rapaz se aproximou, ficando de joelhos ao seu lado. A certa distância não deixou de ser sufocante. - Olha, acho que começamos errado. Você merece minhas desculpas, não quis ser desrespeitoso, então... - Levantou uma mão que foi ignorada com sucesso. - Amigos? - Um silêncio se prolongou. A garota queria se afastar, mas sabia que ele a seguiria se levantasse. Talvez, se mantivesse o olhar distante, ele iria embora. - Não vou lhe machucar. Vamos começar de novo? Meu nome é Jonas. Fiquei sabendo que nos assistiu em Tartaruga Branca. - Desceu a mão que à esperava por um cumprimento e sentou-se ao lado. - Me desculpe por ter lhe abordado daquela maneira em Anteparo, eu sou um idiota às vezes, você não merecia aquilo. É só que... Bem, Hayley e eu nunca nos demos muito bem, acho que ela tem medo que eu roube o número dela por ser um D'Eghul como Sebastian. Não deveríamos ter colocado você no meio da briga.

Palácio de TherosWhere stories live. Discover now