Capítulo 21 - Alto Pinheiro

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Hallie despertou pela quarta vez. Diferente das outras, agora a luz da manhã adentrava seu quarto. Semelhante às outras, Luna ainda ressonava com o corpo sobre seu braço. Coçou os olhos com a mão livre e tentou se desvencilhar. Quando viu que não conseguiria se levantar sem acordá-la, aquietou-se. Seus olhos descansaram na garota, queria tanto que a situação estivesse a seu favor. Levou a mão livre ao rosto adormecido, deslizando seus dedos com um carinho. Tão serena ao sono que nunca imaginaria que nela habitava uma ansiedade tão enlouquecedora. Esperou um tempo para ver se ela acordava, mas seus pensamentos peregrinavam e Luna continuava adormecida.

"Por que não aproveita o tempo que tem?", a voz de Valentina lhe veio à mente. Sentiu lágrimas se acumularem automaticamente. "Droga de Porto Regato.". "Por que tinha de ir embora?".

Seus olhos, tão admiradores do rosto a sua frente, deixaram escapar uma lágrima. Quando a gota pingou no travesseiro, Hallie notou uma lágrima escorrer pelo canto dos olhos de Luna. Talvez fosse um pesadelo, deveria acordá-la? A dúvida não pairou por muito, pois a garota logo se remexeu na cama, levando seu braço até o ouvido, pressionando sua cabeça e escondendo o rosto no travesseiro. A domadora pôde notar mais e mais lágrimas caírem em seguida.

- Ei. Ei, o que houve? - Sussurrou em um tom suave. Sua mão subindo para acariciar seus cabelos. Mas Luna não respondeu, apenas continuou com o rosto escondido, encolhendo-se contra o corpo a sua frente. - Luna? - A garota apenas negou, tão lento como pode.

Mesmo aos sussurros, talvez fosse melhor que fizesse silêncio, a pressão que ela fazia em sua cabeça e as lágrimas lhe agonizavam, o barulho não ajudaria. Esperou muito por uma explicação ou por algo que deveria fazer para ajudar a amenizar aquela dor. Poderia ter ido buscar pelos protetores auriculares, mas a manhã estava rigorosamente silenciosa, era possível ouvir as ondas calmas vindo da praia e alguns pássaros cantarolando distante.

Então as lágrimas se acalmaram. O rosto se levantou e os azuis miraram os verdes por um instante.

- Desculpe.

- Pelo que?

- Minha c-c... cabeça... dói.

Hallie negou em compreensão, não era o momento de discutir, dizer que havia avisado para que não bebesse só aumentaria aquela dor. Apenas deixou um beijo em sua testa e apoiou a cabeça na cabeceira, apertando-a contra si e rezando para que logo passasse.

- Ei, Haz. Bom dia. - Valentina sentou-se ao lado no refeitório. - A noite foi boa, aparentemente, não é?

Hallie desmanchou o sorriso para um semblante confuso, a festa havia sido boa, mas não é como se a rabolista não estivesse lá para ter certeza.

- Foi boa até onde deu, não aproveitei até o fim para saber.

- Hm, bem, Luna nem dormiu no quarto, presumi que...

- Oh, por Deus, Val... - Resmungou com o nariz enrugado. - Ela praticamente caiu no sono assim que se deitou, não fique presumindo coisas que eu queria que fossem reais. - Respondeu, arrancando uma gargalhada da loira. - Antes que pergunte, ela ainda está no quarto, sofrendo com a ressaca.

- Você foi capaz de deixá-la sozinha?

- Ela precisa de silêncio, não de alguém choramingando contra aquele pescoço cheiroso que estou seca de vontade de beijar. Mas, e quanto a Penny? Ela e Bash...

- Não aconteceu nada, ela é muito tolinha, Bash deve ver a todas nós como irmãs mais novas e ele não a verá de outra forma se ela não provocar.

- Sinto que deveria interferir. - Sugeriu com um sorriso zombeteiro. - Mas ao mesmo tempo sei que não seria certo. Bem, mudando de assunto, o aniversário da Luna está chegando e eu queria fazer uma surpresa... mas vou precisar de uma ajudinha.

Palácio de TherosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora