Capítulo 16 - Balberite

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Era tarde da noite e Michael deixara a porta a aberta, sempre deixava a porta aberta. Catherine teimava em acompanhar os artistas nas noites do primeiro espetáculo e naquelas que mais os animava. A Rainha pensava que, se Michael não se importava em manter o contato com seus trabalhadores, ela seria melhor por fazê-lo. Mas o Rei achava bom que ela tivesse suas saídas, pois, com a porta aberta, sempre recebia visitas da acrobata, e naquela noite não foi diferente. Latasha esperou ter certeza de que Catherine não voltaria tão cedo e seguiu na ponta dos pés para o quarto do Rei.

- Demorou. - Resmungou o homem, enxugando os cabelos grisalhos com uma toalha enquanto Latasha sentava sobre sua cama, tirando os sapatos com os próprios pés. - Esse sorriso tem um motivo especial?

- Nenhum. - O puxou pela toalha até que caísse na cama, passando a perna sobre sua cintura e o olhando de cima quando as mãos de Michael subiam por suas coxas. - O que fará quanto à nova atiradora fajuta que arrumou.

- Luna é boa no que faz. Catherine a deu mais uma semana para que se preparasse para a...

- Uma semana? - Seu sorriso se desmanchou. - Ela treinou por um mês não conseguiu nada e você ainda dará outra chance?

O Rei apoiou-se em seu cotovelo, sentando-se ligeiramente para agarrar a acrobata pelas bochechas e puxá-la para um beijo.

- Se eu não lhe conhecesse, diria que está com ciúme.

- Hallie tirou aquela garota do buraco de Tartaruga Branca e, de repente, ela está cheia de chances quando ao menos consegue fazer algo certo. Ela é dispensável.

- Se Hallie acha que a menina merece uma chance, por que não? Você mesma assistiu ao raso dela, viu que tem talento e, por mais que seja boa pessoa, a única dispensável aqui é Hallie. - Apontou o dedo para seu rosto.

- Hallie? Dispensável? Está louco.

- Hallie é substituível. Facilmente.

- Porque você tem medo do talento de D'Jinn que ela possui. Sabe que Sebastian não ficaria se a substituísse.

- Ora, Tasha, veio mesmo me ofender? - Pegou seu pulso com certa força, a tirando de cima de si.

- Ela é importante para o circo, se você a permitir que seja.

Michael puxou seu rosto, selando suas bocas e a calando, arrancando sua blusa e a permitindo se livrar de suas calças.

Ele não consideraria o pedido de seu filho quando o encorajou a permitir a mudança no repertório feita pela domadora, não como Catherine, que se animara ao ouvir a sugestão, talvez pudesse aproveitar algumas ideias, mas não permitiria Hallie a fazer o que queria, sabia que algo poderia dar errado e seria culpa sua se o Palácio viesse abaixo.

Mas a súbita proteção de Latasha para com a domadora ele não entendeu, não expulsaria a domadora sem motivos, e tinha medo de que, se tivesse motivos, seus melhores artistas lhe dariam as costas, Hallie tinha o necessário para conquistá-los, assim como aparentemente havia conquistado a acrobata e muitos dos outros que lhe apoiavam para seja lá o que fosse, duvidava muito de que Luna havia se escondido até onde conseguiu sem que os outros soubessem e a apoiassem. Michael era poderoso pelo que conquistava com o ouro, Hallie poderia ser poderosa se soubesse o que conquista com seu carisma e com o poder em suas mãos.

Observando o parque a distância, com sua mochila pesando nas costas, Harry avistou debruçada sobre a grade do carrossel uma Catherine sorridente, acenando vez ou outra para uma criança que acenava de volta. Aproximou-se e encostou ao lado, tão sorridente quanto.

- Rainha. - Saudou, logo recebendo o olhar da mulher o analisando da cabeça aos pés minuciosamente.

- Então é de você que eles falam. - Constatou. - Harold, certo?

Palácio de TherosDove le storie prendono vita. Scoprilo ora