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Encarando o banco molhado de seu carro, Youngjae soltou um pequeno sorriso ao estacioná-lo em frente a sua velha casa. Desde ele que tinha levado para casa a garota que antes ocupava esse lugar, simplesmente não conseguia mais parar de agir assim. Como um idiota. Um idiota que sorria por coisas banais e sem sentido. Um idiota que parecia não estar se preocupando mais com sua morte, embora ela estivesse mais próxima que longe.

- Que garota mais divertida. - Disse logo após descer do carro e retirar suas chaves.

Mesmo que agora já não chovesse mais, ele correu rapidamente até a porta, com o inocente objetivo de abri-la.

Desejava descansar. Afundar em sua cama e nunca mais sair de lá. Fingir que nada de ruim estava acontecendo e tentar, ao menos, parar de sofrer.

Mas óbvio que era impossível, afinal, que tipo de pessoa conseguia parar de sofrer fazendo justamente tudo ao tudo? Ele não, ao menos.

Girou a chave que dava entrada a sua casa algumas vezes e, ao abrir, ouviu o leve barulho da porta rangendo. Já estava tão acostumado com isso, que sequer se incomodou quando ela deu um leve estalo no final, antes de ser fechada outra vez.

Foi então que ele olhou para frente e notou, um pouco surpreso, que não estava sozinho.

- O que estão fazendo aqui em pleno sábado as sete da manhã? - Indagou, olhando-os descrente.

De forma bastante desleixada para o olhar sempre responsável e correto de Youngjae, seus seis melhores amigos encontravam-se dentro de sua casa, como se morassem ali há anos. Como se todos eles fossem os próprios donos do local, não o próprio Youngjae.

- É assim que você recebe os seus amigos após um longo tempo sem nos encontrar? Caraca, Youngjae, se quer nos expulsar, apenas faça isso de uma vez. - Sentado no sofá e com um saco de pipoca na mão, ele escutou Jackson murmurar com a boca cheia.

A cena até que seria engraçada, se Jackson não estivesse sujando seu sofá novinho em folha, comprado com bastante esforço e parcelas de doze vezes, com juros.

Que se dane, murmurou, ao lembrar que se importar com essas coisas não faziam mais sentido.

- Nós nos vimos ontem. Aliás, como vocês entraram aqui? - Perguntou, guardando o envelope do resultado do exame no bolso.

Bambam balançou algumas chaves que estavam em sua mão direita e disse:

- Sério que você guarda sua chave reserva embaixo do tapete de "seja bem vindo?".

Youngjae quis dizer que não, mas por que mentiria? Isso era tão típico dele.

- É exatamente por ser óbvio que eu deixo lá. Quem iria imaginar isso?

- Um idiota?

- Bem, você achou hein.

- Isso foi porque imaginei o que eu faria se fosse você e precisasse de uma chave extra.

Youngjae cruzou os braços e sorriu.

- Tudo bem então, se você diz. - Deu de ombros. - Mas por que estão aqui?

- Nem dormirmos, para ser sincero. - Mark disse. Ele estava sentado no sofá junto a Jackson e segurava um prato branco com um sanduíche pela metade encima.

- Como assim?

- Acabamos de voltar de uma boate. Aquelas que te chamamos para ir ontem e você recusou, lembra?

- Ah! - Ele concordou ao recordar-se da noite anterior. - Lembro, lembro sim.

Por não estar se sentindo muito bem, ele havia optado por ficar em casa, ao invés de sair com seus amigos.

- Já que sua casa era a mais próxima do local, aproveitamos para vir para cá dormir, já que estamos a ponto de morrer e sem um pingo de animação sequer para voltar de metrô nesse frio. - Jinyoung disse tranquilo, sentado no chão. Ele encarava a televisão, que só agora Youngjae havia notado que passava um filme um tanto velho.

- Se vieram pra dormir por que ainda estão todos acordados? - Youngjae perguntou.

- Estávamos esperando você. - Disse, Yugyeom, com um pequeno sorriso nos lábios.

- Me esperando? Por que? - Indagou, sendo pego de surpresa quando um barulho ecoou a sua frente.

Ele passou alguns inertes naquela situação até perceber que era o barulho era do confete, que agora, invadia toda a sua sala, deixando-a um caos completo.

- Eu não entendi. - Falou, sendo sincero. - Mas sei que não irei limpar essa bagunça. Não mesmo.

Gargalhando, Jackson disse:

- Eu avisei que ele não estava lembrado! Bambam, você me deve aquele seu relógio novo!

- Qual é! - Bambam retrucou. - Você disse que iria pedir tudo menos isso se ganhasse.

- Não prometi não. Eu só falei que iria pensar no seu caso com carinho.

Encarando seus amigos, ele ainda estava um pouco confuso com o acontecido.

Será se estão loucos?, pensou. Ótimo, eu estou morrendo e meus amigos estão ficando louco!

- Ignora esses loucos. - Jaebum disse, tranquilo. - Estávamos esperando você para te convencer a ir conosco hoje.

- Ir aonde?

- Na boate.

- Ah. - Outra vez, ele acenou, embora a verdade fosse que ele só tinha feito isso para conseguir ir em direção ao seu quarto para descansar e dormir seu precioso sono.

- Sério? - Todos perguntaram juntos.

Youngjae disse que sim, o que era uma novidade, pois sempre que o chamavam, ou ele dizia não eu dava uma desculpa idiota relacionada a matéria acumulada ou doença. Mas, agora, dizer um rápido sim fez com que ele se sentisse um pouco mais leve.

É, talvez a morte não fosse de todo mal, afinal, ela estava fazendo-o mudar algumas de suas atitudes e, Youngjae apenas desejava que todas fossem para melhor.

- Bom, falado tá falado. Você não pode mudar de ideia, meu caro amigo, temos testemunhas. - Jackson falou, levantando-se. Ele caminhou até Youngjae, deu leves batidinhas em suas costas e subiu as escadas, provavelmente em direção a um dos quartos vazios de Youngjae.

- Ele tem razão. Você prometeu, hein? - Falou, Jaebum, caminhando em seguida.

Logo depois o restante de seus colegas subiram também, deixando-o sozinho com a televisão ligada.

É, pensou Youngjae, não posso morrer sem ao menos ter ido em uma boate antes.

How it all began ❄ Choi YoungjaeWhere stories live. Discover now