V I N T E E D O I S

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NOAH

Meu peito dói, é difícil de respirar.
A dor parece vir da minha alma, se espalhando por todo lado.

Não sei direito o que aconteceu.
Me lembro de ficar abraçado à Kayla por longos minutos, e logo depois Lisa, Hector, Charles e Hillary chegaram.

Eles falaram alguma coisa que não entendi, nem me dei ao trabalho de entender. Apenas continuei abraçado à Kayla, que pediu para eles irem embora.

Me lembro também de que em algum momento, Kayla nos teletransportou para o meu quarto na torre.

Ela falou alguma coisa, mas eu não entendi. Eu não conseguia.

Eu só consegui ir em direção à minha cama e me deitar.
Parecia que eu estava no piloto automático.

Escutei um suspiro triste vindo de Kayla, e depois passos vindo em minha direção.

Sinto o cadarço do meu tênis ser desamarrado e depois ele ser retirado do meu pé. Depois sinto a mesma coisa no meu pé esquerdo.

Vejo Kayla se abaixar na minha frente e acariciar meus cabelos. Ela me olha nos olhos e parece estar sofrendo.

- Você provavelmente vai brigar comigo depois, mas é para o seu bem…- Ela diz baixinho.
Não entendo direito o que ela quis dizer.

Sinto meus olhos ficarem pesados, e tento lutar contra isso. Não quero dormir, não quero ter pesadelos.

Mas isso parece ser inevitável, e agora sei que é Kayla que está fazendo isso.

A última coisa que vejo são seus olhos.

 

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Era horrível, reviver essa noite várias e várias vezes.
Os gritos da minha mãe, o sangue…

- Noah! Ei, Noah, acorda. - Escuto alguém me chamar. Sinto meu corpo ser sacudido e isso me faz acordar.

Me sento rapidamente, com a respiração acelerada e o medo tomando conta do meu corpo.

- Noah, olhe para mim. - Kayla coloca suas mãos em meu rosto. - Está tudo bem, foi só um pesadelo.

- Por que me fez dormir? Você sabia que isso iria acontecer…- Murmuro sem me mover, ela sorri fraco e acaricia minhas bochechas.

- Você precisava descansar. Depois de tudo…- Ela para de falar e fecha os olhos suspirando e tirando suas mãos de mim.

Não consigo falar nada. A vontade de chorar volta com força, mas me seguro. Eu não iria chorar na frente dela de novo, já passei vergonha o suficiente.

- Você…Precisa comer alguma coisa. E antes que pergunte, são oito horas da manhã. - Kayla se levanta. Percebo que ela já tomou banho, por causa dos seus cabelos molhados. Agora ela está com um moletom e  um short de pijama.

Mas o que me chamou a atenção foi a faixa enrolada em sua coxa, com uma mancha de sangue.

- Sua perna…- Comento atraindo sua atenção.

- Vou ficar bem, não se preocupe.- Ela diz e vai mancando em direção a escrivaninha, pega uma bandeja cheia de comida e volta, se sentando em minha frente. - Agora, coma.

- Não estou com fo… - Sou interrompido por um pedaço de bolo sendo empurrado contra minha boca.

Meio contrariado, começo a mastigar vendo o sorriso satisfeito de Kayla.

Como em silêncio, sentindo o olhar avaliativo dela em cima de mim.

- Você está melhor? - Ela pergunta.

- Não muito…- Decido ser sincero. Ela me ajudou quando eu estava chorando como um bebê, não seria justo mentir. - Mas eu vou ficar…

Ela continua a me olhar, procurando um vestígio de que estou mentindo.

- Eu não sabia que as sombras podiam fazer aquilo. - Falo mudando de assunto.

- E não podem. Aquela coisa não era uma Sombra. - Kayla fica séria. - Era um Callidor, um tipo de metamorfo, que toma a forma de sua fraqueza.

- Foi uma armadilha então? - Pergunto terminando de comer.

- Possivelmente. - Ela responde. - E acho que você era o alvo. Alguém deu um jeito de fazer o Hector se afastar de você e depois te atrair para um lugar afastado.

- Como me achou? - Pergunto curioso. Ela abaixa a cabeça e por um breve momento, parece ficar sem graça. Mas logo volta ao normal.

- Eu senti…- Murmura e fica pensativa. - Foi como um aperto no peito e eu só consegui pensar em você. Que você poderia estar em perigo.

Não consigo responder nada. Só consigo rezar para não estar corado.

- Você devia conversar com seu pai…- Ela diz provavelmente percebendo meu desconforto. - Ele ficou preocupado.

Me levanto e vou com Kayla para o corredor, ela disse que iria para o seu quarto e então sumiu de minha vista.
Desço as escadas e vou para a oficina do meu pai, ele com certeza estaria lá.

- Não é assim que se faz, idiota. -Meu pai está xingando um robô.- Ah deixa tudo aí. Você está de castigo.

O coitado do robô parece ficar triste. Tony Stark sempre descontando suas frustrações nos outros.

- Tá tudo bem? - Eu pergunto chamando sua atenção.

-Eu é quem devia perguntar isso…Kayla me contou tudo. - Ele comenta tentando parecer forte, mas no fundo sei que ele também está se sentindo mal.

- Vou ficar…- E mesmo não gostando de demonstrações de carinho, ele me puxa para um abraço.

Um abraço acolhedor e reconfortante, que eu realmente precisava.










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ʜᴇʀᴅᴇɪʀᴏ sᴛᴀʀᴋ  | ᴏ ᴇsᴄᴏʟʜɪᴅᴏ Onde histórias criam vida. Descubra agora