Q U A R E N T A

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Noah

Tiro os fones de ouvido quando vejo meu pai entrar. Suspiro e olho para baixo.

- Já faz um mês...- Ele diz e coloca a bandeja na cama. - Precisa se alimentar direito e sair dessa cama.

- Eu não tô com muita fome...-Murmuro voltando a colocar o fone.
Meu pai puxa o mesmo e bufa. - Tá legal...

Me endireito na cama e pego uma torrada, colocando a mesma em minha boca.

Mastigo sem ânimo, sob o olhar avaliador do meu pai. Ele parecia querer dizer algo.

- Ainda dá tempo de ir para a escola...- Comenta olhando para a minha mochila jogada no canto do quarto.

- Eu não preciso ir para a escola...- Respondo me deitando e olhando para o teto. - Já sei toda a matéria desse semestre.

- É claro que sabe, é meu filho. - Diz como se fosse óbvio. Sorrio fraco olhando para ele, que suspira. - Mas acho que isso faria bem pra você.

Dou de ombros e volta a olhar para o teto. Meus pensamentos instantâneamente voltam para Kayla. Isso vem acontecendo toda hora.

A saudade era grande. Eu sentia a falta dela.

Sentia falta de quando ela reclamava que eu deveria pentear os cabelos para não ficar parecendo um morador de rua bilionário.

Sentia falta dos jantares em que Kayla e meu pai ficavam trocando farpas o tempo todo.

Sentia falta até de quando ela e Natasha se juntavam para me implicar.

Eu sentia a falta dela. E isso doía.

Talvez eu tenha que me distrair um pouco...

Me levanto atraindo a atenção do meu pai, ando em direção a mochila e começo a arrumar meus materiais.

- Você tem razão...- Murmuro de costas para ele.

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Ir a escola depois de semanas fora, não é muito legal. Todos já pareciam saber que Kayla havia...

Ryan ainda estava mal, mas parecia tentar seguir em frente.
Melanie sentou em nossa mesa na hora do almoço.

Ryan estava prestes a reclamar, quando ela admite dizendo que veio em paz e que sentia muito por Kayla.
Dava pra ver que a mesma não estava mentindo.

Ela estava diferente, não usava muita maquiagem como de costume, e não estava com suas seguidoras. Talvez ela finalmente percebeu que deveria ser mais legal com as pessoas ao redor...

Paro de relembrar o dia de hoje quando o elevador da torre para e a porta se abre.

Lisa e Hector estão em pé no canto da sala, enquanto meu pai e os outros me olham preocupados.

- Mais problemas? - Pergunto desanimado, jogando minha mochila em um canto.

- A Anciã está descontrolada. - Lisa conta de braços cruzados. - Ela criou novas leis, cada uma mais louca que a outra.

- Guardiões estão sendo presos sem motivo...- Hector completa suspirando. - Kayla era a única que deixava a Anciã nos trilhos.

- Eu não sou a Kayla...- Murmuro com o olhar baixo.

- Mas é um escolhido, pode nos ajudar a controlar a Anciã. - Lisa diz e Hector concorda.

Penso um pouco e percebo que estou sendo egoísta. É meu dever ajudar essas pessoas e em vez disso estou me comportando como uma criança.

- Como eu posso ajudar? - Pergunto decidido. Hector e Lisa trocam olhares e depois sorriem.

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- Onde está todo mundo? - Pergunto olhando as ruas da dimensão Lux.

- Isso não é bom...- Lisa murmura preocupada.

Começamos a andar mais rápido, indo em direção à praça. Onde todos os guardiões estavam.

Passamos entre eles na intenção de chegar no centro da praça, onde parecia acontecer alguma coisa.

A Anciã estava de pé em frente a um homem, que estava ajoelhado no chão. Ela segurava uma espada, e tinha uma expressão impassível.

Um pouco mais afastado, uma mulher gritava e chorava, tentando sair do aperto do guardião que a segurava.

- O senhor foi pego desobedecendo uma das leis. - A Anciã diz com o tom de voz alto. - E todos sabem que a consequência disso, é a morte.

Algumas pessoas em volta se opõem e gritam, logo em seguida sendo contidas pelos guardiões que trabalham para a Anciã.

- Temos que fazer algo Hector. - Digo, e de relance vejo Lisa assentir.

- Eu sei. - Responde irritado. - Mas não podemos enfrentar a Anciã.

- O quê? Por quê? - Pergunto confuso. Hector bufa impaciente.

- Ela é uma figura de respeito aqui. - Responde. - Podem interpretar da maneira errada e podemos ser condenados.

- Então vamos deixar aquele homem morrer? - Pergunto incrédulo.

- Eu estou pensando...- Hector responde, me deixando com mais raiva.

- Escuta, eu não me importo se é um ato de desrespeito ou não. - Falo irritado. - Eu não vou deixar ela matar aquele homem.

- Tem razão. - Ele concorda me deixando surpreso. - Você é um escolhido, pode impedir isso.

Volto a atenção para eles. A Anciã tinha um leve sorriso de satisfação no rosto.

- Quer dizer algo em sua defesa? - Pergunta, com um leve tom de deboche.

- Você nunca será ela! - Ele grita fazendo todos ficarem em silêncio. -  Kayla pode não estar aqui, mas nós sempre vamos respeitá-la acima de tudo.

O sorriso que a Anciã carregava, sumiu, dando lugar a uma expressão de ódio.
As pessoas gritam em concordância, aplaudindo.

A Anciã parece perder a paciência e levanta sua espada, levando-a em direção a garganta do homem.

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Pra matar a saudade

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Será que o livro está em reta final? Será?

ʜᴇʀᴅᴇɪʀᴏ sᴛᴀʀᴋ  | ᴏ ᴇsᴄᴏʟʜɪᴅᴏ Where stories live. Discover now