Parte 2

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''- Eu fui completamente humilhada hoje. E a culpa é sua Jung Hoseok! - me voltei para trás e lhe apontei o indicador. - Só para constar, sua! - tentei fazer com que minha voz soasse alguns tons mais alta do que realmente seria necessário para dar a devida ênfase a minha indignação, ao mesmo tempo que tentava me equilibrar no pequeno parapeito que separava a calçada da areia da praia onde caminhávamos.

Estava verdadeiramente irritada com os acontecimentos daquela noite e fazia questão de deixar isso claro a ele, mesmo que fosse me esforçando para caminhar a sua frente e proclamando o monologo de minhas reclamações com a cara mais feia que era capaz de fazer, todavia era inútil, eu ainda o ouvia rindo alto.

Devíamos estar a procura de um taxi para irmos para casa, mas ele nunca tinha resoluções tão obvias e maduras, resolveu que seria muito mais proveitoso que a uma e meia da manhã fossemos caminhar pela orla da praia, e que esta sim, seria a maneira certa de encerrar nossa noite de sábado.

- Pare de rir Jung Hoseok! Já perdeu a graça faz tempo. - protestei uma última vez antes de me sentar na areia.

Perdera a graça desde o momento em que percebi que ser apenas amiga não mais me satisfaria, no momento em que entende que seus sorrisos me tocavam de outra forma, alcançam e falavam ao meu coração em uma linguagem com a qual amigos não são capazes de traduzir. Passei a me sentir patética quando eu era teu motivo de risada, não porque você me achava patética e eu era seu motivo de piada, eu sei que não, mas todas minhas inseguranças me faziam encolher, emudecer e adoecer com a sensação de que isso seria tudo o que teria de você.

- Não posso. - Hoseok permanecia em pé ao meu lado com as mãos nos bolsos da calça jeans. - Só você para ficar reclamando de algo quando claramente se divertiu.

- Não me diverti! Só não podia deixar você fazer papel de idiota sozinho. - Tentei me defender, mas só fiz com que ele desfizesse a postura e gargalhasse.

- Então foi obrigada a se mostrar tão idiota quanto eu.

Meu coração saltou quando ele abaixou-se e eu passei a ser capaz de sentir sua respiração tocar meu rosto, mas ele nem se deu conta, apenas continuou me encarando esperando o contra-ataque como sempre ocorria conosco, eu nunca o deixava sem resposta, e quase nunca concordávamos um com o outro pelo simples prazer do discordar.

- Que ultrajante! Não coloque palavras na minha boca Jung Hoseok! - Outra vez ele riu, outra vez riu alto sentando-se ao meu lado, um tanto quando exagerado como era típico dele e como eu não resistia, e por não resistir acabei por me deixar sorrir de toda sua espontaneidade bonita e em bom som. - Eu desisto! Não há como te vencer.

Meu relógio de pulso marcava duas e dez, uma brisa fresca percorreu meus cabelos e os moveram segundo sua vontade e eu me perde na sensação gostosa de liberdade que aquele momento me presenteou, fechei meus olhos e mergulhei naquele sopro, no som calmo de nossas respirações e no quebrar das ondas na areia.

- Você já me venceu faz tempo. - sua voz saiu sussurrada como se aquele fosse um pensamento particular, mas eu o ouvi, embora fosse incapaz de compreender, enquanto seus olhos estavam perdidos da dança noturna daquelas aguas.

Confesso que me perdi também, em seus traços. Na linha perfeita que desenhava desde sua testa ao seu maxilar, seu nariz, seus lábios, seus olhos, cada marca em sua pele clara e bem cuidada, cada mecha de seu cabelo negro que dançava conforme o mais leve soprar sem ressalvas e voltava ao seu lugar como se dali nunca houvesse saído.

- O que você disse? - o questionei sorrindo, já que me era estranho não o vê-lo fazendo.

- Você! - Seu olhar encontrou o meu e com ele, aquele sorriso que me desmontava por inteiro. - Você me venceu a muito tempo, me ganhou a muito tempo. - paralisei e emudeci, meu sorriso tremeu e meus olhos umedeceram. Teu rosto se aproximou do meu. - É tudo sobre você agora.

Naquela noite incrivelmente romantizada, onde as estrelas faziam um contraste hipnotizante sob o céu escuro, onde as ondas cantavam uma canção de ninar para lua, onde a brisa fresca tocava nossos rostos desarrumando nossos cabelos, pude sentir algo que não pensei jamais ser digna de experimentar. Descobri que além de Hoseok ser o dono do sorriso mais encantador do mundo, também possuía os lábios mais doces e macios, que era o dono do beijo mais arrebatador que poderia existir.
Não fui capaz de abrir os olhos quando senti nossos lábios se separando, me deixei permanecer presa a sensação de quentura de seus lábios que ainda era remanescente aos meus, despertando do transe apenas quando ouvi seu riso.

- Eu te amo. - Sente meu corpo petrificar, e meus olhos arderem ao som de suas palavras, seu tom nunca foi tão doce, seu sussurrar nunca foi tão sedutor. - Não tenho outra forma de dizer isso... - Levou a mão ao meu rosto e acariciou minha bochecha com o polegar. - Eu só amo você. Tudo em você. - Seu dedo indicador agora passeava delicadamente sobre meus lábios como se os desenhassem.

Os olhos dele acompanhavam seus movimentos, e eu ainda nada conseguia dizer. Outro beijo. Me entreguei por inteiro àquela sensação de experimentar um pedaço do céu.

Levei minha mão aos seus cabelos e agarrei delicadamente os fios de sua nuca, não havia pressa na forma com que nossas línguas se encontravam, na maneira com que nossos gostos se misturavam, ou no modo em que nossas respirações ofegavam. Sutilmente sente meu corpo sendo deitado sobre a areia fina e peso do corpo perfeitamente emoldurado dele sobre o meu.

Ouvi falar que o amor trazia consigo uma parcela de paz e calmaria maior que qualquer outra sensação. Naquele momento minha mente era calmaria, meu corpo era tempestade, e meu coração era de Jung Hoseok. ''

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- Senhora Jung. Me perdoe mas vamos nos atrasar um pouco devido a forte chuva. - a voz do taxista chamou minha a atenção retirando-me de meus pensamentos.

Procurei pelo celular na pequena bolsa que carregava naquela noite e disquei o número.

''- Alô, Jimin-ah?

- Alô, nonna onde você está?

- Ainda a caminho. Liguei justamente por esta razão, estou tendo dificuldades no transito e vou me atrasar.

- Ah sim, tudo bem eu compreendo. Fique tranquila, tivemos alguns atrasos também, de qualquer forma posso fazer umas mudanças no cronograma até que você chegue.

- Muito obrigada Jimin! Até daqui a pouco.

- Até. ''

QUANDO VOCÊ SORRIUOnde histórias criam vida. Descubra agora