Parte 3

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'' Dei duas batidas inúteis na porta e a abri desconfiada ouvindo o som da música alta. Tinha certeza que ninguém me ouviria bater. Sinceramente, detestava a ideia de incomodar, somado ao palpite de não ser totalmente bem-vinda, mas nada me impediria de estar ali, porque...

- Bae!

Por que eu amava poder vê-lo assim, vindo ao meu encontro de braços abertos e com sorriso no rosto me selando os lábios, amava desesperadamente admirar seu corpo leve e esbelto com a camisa branca colada ao corpo suado, namorar o modo com que seu peito subia e descia conforme sua respiração ofegante exigia, amava o desejo embrenhar-me em seus cabelos perfeitamente desalinhados, e ansiar o teu calor a qualquer outra sensação.

- Definitivamente vocês não têm nada a ver! – um rapaz de cabelos alaranjados parou ao nosso lado enquanto me olhava dos pés à cabeça e ria, todavia, sua risada não continha nenhum julgamento ou implicância.

- Sem essa, temos tudo a ver e você sabe! – Hoseok respondeu-o enquanto me cercava pelos ombros, e lhe acertava um tapa com a mão livre – Bae este é Park Jimin, este é o meu melhor amigo no mundo, e parceiro de dança nas horas vagas.

- Futuro parceiro de negócios também, não se esqueça hyung. Então se acostume comigo, aceite eu te chamar de noona porque eu vou ser seu padrinho, estarei muito na casa de vocês, seus filhos vão me chamar de tio... – não havia pausas na sua fala, e no momento em que Hoseok tentou cala-lo tapando sua boca não pude evitar sorrir, era evidente que aqueles dois dividiam uma sintonia que superava sua dança.

- Cala a boca seu idiota! – Depois de algumas ameaças soltas Hoseok voltou ao meu lado e Jimin tentou se restabelecer.

- Me desculpe, eu me empolguei. – Jimin sorria com os olhos e era incrivelmente lindo, uma beleza pura e angelical. – Eu só estou muito feliz pelo hyung.

- Tudo bem, eu não me importo. Espero que possamos ser amigos também.

Selamos o compromisso batendo os punhos fechados, nunca fui boa com amigos, mas Jimin parecia o tipo de pessoa certa para se ter ao lado, e se ele era alguém em que Hoseok confia merecia minha confiança também. Meus olhos percorreram a sala de ensaio parcialmente cheia por um instante e pude notar alguns olhares no nosso discreto grupo.

- Não se incomode com eles noona. – ouve a voz de Jimin

- O que? – perguntei como se não houvesse sido pega em flagrante.

- Aposto que estão como eu, só estãocuriosos para saber sobre como uma garota inteligente e promissora do departamento de administração acabou com um dançarino idiota e sem futuro.

- Porque eu sou bonito. – Hoseok tomou a palavra rindo antes que eu pudesse responder.

- E iludido. – Park contrapôs.

- Quem aqui continua solteiro?

- Golpe baixo.

- Do seu tamanho.

Gargalhei, alto que até eu mesma me assustei com meu rompante, mas tive a certeza que estaria bem na companhia daqueles dois, e Hoseok soube que eu ficaria bem ali, quando me abraçou e sorriu pra mim.

– E é claro, que tudo isso envolve um plano muito bem elaborado. – Continuou, voltando-se para o amigo. - Quando abrirmos nossa academia, a gente fica com a parte divertida e ela cuida das burocracias, sacou?

- Cara você é um gênio! – Jimin exclamou – me dá um abraço.

- Não acredito que fui tão ingênua assim Jung Hoseok – tudo que me restava era acompanhar a brincadeira, se eu queria me sentir parte, deveria fazer parte.

- Não poderia, além de bonito eu sou muito esperto. – Rimos todos. - Vou passar só mais uma marcação, você me espera? – perguntou-me assim que o amigo se despediu e se afastou. Apenas assente com a cabeça e recebe um pequeno selar em retribuição.

A felicidade é um estado onde há plena consciência da satisfação, quando você se depara com um sentimento de bem-estar que supera qualquer outra sensação ao qual você pode ser exposto. Ali, sentada no canto daquela sala, segurando os pertences de meu namorado e de seu melhor amigo, ouvindo o som das batidas e fortes da música alta, hipnotizada pelo movimento dos quadris do garoto que apareceu em minha vida como um arco íris que surge após a chuva ao entardecer, eu pensava em como o amor transforma, transborda e transcende. Nós não tínhamos nada que fosse convidativo um ao outro, mesmo assim insistimos em ficar, éramos de mundos diferentes, todos sabiam. O que ninguém sabia era que agora, meu mundo estava bem ali, olhando para mim enquanto sorria.''


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O relógio marcava 19:40 horas, e percebe que já havia perdido cerca de uma hora naquele engarrafamento.

- Por favor, não há algum desvio que possamos tomar para nos adiantarmos? – questionei o taxista.

- Não no momento senhora, mas assim que sairmos deste trecho, creio que o transito estará melhor.

Assenti aceitando o fato que demoraria mais do que previ e fitei outra vez a janela observando mais uma vez as gotas que escorregavam pelo vidro.






QUANDO VOCÊ SORRIUWhere stories live. Discover now