CAPÍTULO: 101

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CAPÍTULO: 101

 

Selena: Alô? - atendeu, parecendo desanimada.

Laur: Selena?

Selena: Acho que é no meu celular que você está ligando. Quem é?

Laur: É Lauren. Tudo bem?

Selena: Ah, você. O que quer?

Laur: Dá pra ver que nenhum dos amigos dela gostam de mim - disse baixo.

Selena: O que?

Laur: Nada, é que Camila saiu de casa e e...

Selena: Ela está comigo, não se preocupe.

Laur: Pode pedir, por favor, pra ela vir para casa? Eu preciso conversar com ela.

Selena: Olha Lauren, eu não sei qual é a sua, só sei que não estou gostando. Não se faz isso com uma pessoa, entende? Você não pode simplesmente chegar em um dia e dizer "VOU EMBORA", e no outro ir, Lauren. Não pensou que ela ia sofrer?

Laur: Desculpa, mas você não tem nada a ver com isso. Esse assunto é só entre Camila e Eu. Então, se possível, por favor, diga a ela que o estou esperando - disse, retribuindo a ignorancia dela.

Selena: Mais um ponto pra você, Laur. Vou dizer. Boa noite - e desligou.

Depois eu que era a bipolar. Enfim, desci para a sala e fiquei por lá. Liguei a televisão para ver se o tempo passava, mas nada de interessante estava passando. Meia hora depois eu já havia desistido de esperá-la e resolvi subir para meu quarto. Mas assim que levantei do sofá, sua voz invadiu a sala. Me virei para ela e senti meu coração disparar.

Laur: Me perdoa.

Foi só o que eu consegui dizer. Foi só o que me permiti falar. Por que era só isso que importava naquele momento. Que ela me perdoasse por não ter dito a ela a verdade. Por ter escondido isso tanto tempo. Ela veio até mim e me abraçou. E pela primeira vez, eu não chorei, por que eu estava com ela naquele momento. E não importava depois.

Camz: Não vai, Laur. Por favor, não vai - disse, com a voz meio embriagada.

Eu não tinha o que dizer. Meu coração mandava eu ligar para Cristina e mandá-la ir a merda. Mas minha cabeça me mandava fazer outra coisa. Me mandava dizer a ela que aquilo era uma loucura. Que talvez até seria bom para nós.

Para esquecermos do que tínhamos juntas e começar uma nova vida com pessoas diferentes. Com pessoas que talvez poderíamos casar e ter filhos sem que outras pessoas, como sua melhor amiga, nos julguem. Sem que nossa família nos criticasse.

Laur: Me perdoa por não ter te dito nada. Eu te juro que ia dizer, só não achei o momento certo para isso - disse, quando nos afastamos.

Camz: Eu não sei o que vou fazer se você for embora, Lauren.

Laur: Camila - a puxei para o sofá e sentamos - Vamos encarar os fatos. Pode ser bom que isso aconteça.

Camz: Bom? Eu não te entendo. Uma hora diz que quer ficar comigo, e outra não.

Laur: Eu não quero que você sofra.

Camz: Ficar sem você é um sofrimento, Lauren. O que você quer?

Laur: O que eu quero? Ficar com você pra sempre. Esquecer que eu tenho uma vida que tenho que trabalhar. Mas acima de tudo eu quero você.

Camz: E é o que eu também. Mas acho que tenho que entender o seu lado. Todo relacionamento tem suas dificuldades.

Laur: Ainda temos mais de um mês para pensar nisso.

Camz: Era por isso que você estava triste esses dias, não é verdade?

Laur: Aham - assenti e a abracei - Sabe, hoje, quando eu estava vindo pra casa, parei no farol e duas criancinhas, eram irmãs, estavam atravessando a rua de mãos dadas e com a mãe do lado. Então eu pensei, quantos casos será que existem? Iguais aos nossos?

Camz: Não sei, Laur. O nosso não deve ser o único. Isso você pode ter certeza.

Laur: Shawn procurou umas coisas outro dia sobre isso e me mostrou. Teve uma que me chamou atenção.

Camz: É?

Laur: Aham. Era de duas irmãs, óbvio, que em um momento de tesão acabaram ficando juntas, só que depois que passou o "EFEITO DO ORGASMO" - fiz aspas com os dedos -, elas se arrependeram e se sentiram culpadas. Mas eu não me sinto assim... não consigo me sentir triste por ter relações com você. 

Camz: A história delas pode ser diferente. Quem sabe só fizeram aquilo por causa do momento e não por que se gostavam.

Laur: Não consigo aceitar que o que fazemos é um crime - me afastei dela, mirando-a.

Camz: E não é. Ou é?

Laur: Namoramos. Somos irmãs. Isso é incesto.

Camz: Olha Laur, eu sinceramente não vejo nada de mal. Sim, é errado, foi difícil pra mim me convencer disso, mas nos amamos. Acho que é o que importa, nos amarmos. E o mundo, que se dane.

Laur: Eu estive pensando e... - mordi meu lábio, olhando para ela.

Camz: Ixi, quando você morde esse lábio lá vem coisa.

Laur: Já pensou se, sei lá, só pensei.

Camz: O que tá querendo dizer?

Laur: Já passou pela sua cabeça alguma vez que talvez nós não sejamos... irmãs?

Camz: Como é que é? - riu.

Laur: Não sei, pensei nisso. Por que tipo, temos oito meses de diferença.

Camz: Isso quer dizer que nossos pais faziam sexo. E muito.

Laur: Não quero dizer isso. Tudo bem que eu nasci prematura, ou é o que achamos, mas e se eu tiver sido abandonada na porta de casa?

Camz: Nós não vivemos em uma novela, Lauren. Você não é a Maria Desamparada e você não foi jogada fora por que o padre engravidou sua "MÃE". 

(Autora: Quem já assistiu essa novela no tuber , sabe a referência... Pra quem nunca assistiu e novela da Maitê Perroni com Wilian Levy em Triunfo del Amor). Ela é um remeke da novela Cristal que passo aqui no SBT .

Laur: Não estou falando disso, ok? Mas...

Camz: Tira essa idéia maluca da cabeça. Você é a cara do Enrique, e a Sofia também é a sua cara. E eles não mentiriam para nós.

Laur: Então todas as mães e pais são sinceros com as crianças que adotam?

Camz: É sério, tira essa idéia da sua cabeça, por favor?

Laur: Mas e se...

Camz : Se você continuar a falar disso, eu vou subir e só volto a falar com você amanhã.

Laur: Ah, desculpa Sra Cabello . Como é estressada - revirei os olhos - kar... - olhei para ela, que ficou séria e ri - Brincadeirinha - a abracei.

Camz: Tira isso da cabeça, sua maluca - beijou minha cabeça, rindo - Apesar de tudo, gosto de ser sua irmã.

Eu não respondi. Fiquei ali abraçada a ela um bom tempo. Ficamos em silêncio tanto tempo que achei que ela tivesse dormido. Olhei no relógio e não era tão tarde assim. Nem havia passado das dez e meia.

•Cᴀᴍʀᴇɴ• √ 💊 D̾N̾A̾ 💉Where stories live. Discover now