Capítulo Quarenta e Sete:

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O dia amanheceu na mansão com toda a movimentação que era rotina entre eles, os mais velhos indo para o escritório, os mais jovens para a faculdade e colégio, enfim, todos, menos Jade que ainda dormia, por ter tido mais um de seus pesadelos, Theo a deixou dormindo. Estavam na sala de refeições tomando o café da manhã, quando o interfone da portaria tocou.
Francesca foi atender e veio com a expressão preocupada informar aos patrões sobre o visitante.
-Do que se trata, Francesca? — Perguntou Olívia.
-Señores, Carlo interfonou para avisar que tem uma señora querendo falar com os señores, principalmente com o menino Jacob.
-Comigo? Mas, quem? De quem se trata?
-Mande entrar Francesca, nós a receberemos na sala de visitas. — Determinou Lorenzo.
-Si señor. — Eles se entreolharam e levantaram-se para atender e entender o que estava acontecendo, estavam receosos do que viria dessa vez.
-Francesca, prepare uma bandeja com o café da manhã e leve lá em cima para minha esposa, sim? — Pediu Theo.
-Con mucho gusto señor.
-Gracias Francesca! — Guadalupe foi encaminhada para a grande sala de visitas da família, ela não era pobre, sua família tinha dinheiro, mas, aquilo era muito mais do que ela havia imaginado, não era só dinheiro, luxo, havia uma aura e poder naquela casa, mas, também, dava para notar que alí, era um verdadeiro lar, que as pessoas alí presentes, se amavam, se respeitavam e se importavam umas com as outras.
-Senhora, sou Lorenzo Escobar Vásquez, essa é minha esposa Olívia e meu filho mais velho, Theodoro, disseram que a senhora queria falar conosco?
-Sim senhor, sou Guadalupe Romero, mãe de Hidalgo e vim falar com vocês sobre ele. — Theo coçou a cabeça nervoso, esperava que Jade não levantasse agora, não ainda, não antes de saber o que a mãe daquele louco queria.
-Sente-se senhora, aceita tomar um café, um chá? — Ofereceu Olívia.
-Não senhora, eu só vim até aqui porque estou completamente desesperada, não sei mais o que fazer, meu filho está completamente louco, sua obsessão por sua esposa cresce a cada dia, ele não se conforma por não tê-la. — Theo apertou as mãos, nervoso, sabia que não seria coisa boa.
-Mas, a senhora sabe onde ele está? — Inquiriu Olívia.
-Não, meu esposo o ajuda e alimenta essa loucura dele, nós erramos na criação de Hidalgo, Adalberto, meu esposo, sempre o mimou demais, sempre dando tudo o que ele queria, todos os brinquedos, todos os games, todas as viagens, carros, até com mulheres, eu tentava combater tudo isso, mas, Hidalgo fazia birra e Adalberto acabava permitindo, eu, não tinha voz dentro de casa, acabou que meu filho cresceu sem limites, sem discernimento do certo e do errado, bom, quando ele conheceu a senhora Jade, ele se encantou e como ela foi a única que se negou a ele, deu no que deu, não acredito que ele a ame, ao menos, não como o senhor a ama, é só uma obsessão, que não sei como irá acabar e sinceramente tenho medo, muito medo, porque Hidalgo está determinado a mata-lo, ele quer aproveitar essa sua viagem para fazer o serviço, por isso eu vim, vim para pedir para que o senhor tome o máximo de cuidado, a noite passada ele saiu do casebre onde estava escondido e dessa vez, nem mesmo eu sei onde ele está.
-A senhora está certa de tudo o que nos disse? — Indagou Lorenzo.
-Sim senhor, eu conheço o meu filho e o meu marido também, por isso eu vim, Hidalgo está completamente tomado pela loucura, ele acha que se o senhor Theodoro não existir, Jade virá para ele, que terá a chance de conquista-la, ele diz que o senhor a mantém presa, que ela não sabe o que quer. Eu argumentei que ela está grávida que vocês terão um filho, mas ele se fecha totalmente, eu sei que meu filho está doente e não sei mais o que fazer para ajuda-lo.
-Bom, o que eu acho que a senhora tem que fazer é contar tudo o que nos disse para o delegado que está atrás dele, porque se alguma coisa acontecer a meu filho, eu não serei piedoso, a senhora deve saber que minha família tem prestígio, eu usarei todos os meios para que seu filho pague da pior forma possível se algo acontecer a meu Theo ou a minha nora, como a senhora bem sabe, ela está grávida, de gêmeos e a gravidez dela é uma gravidez de risco, fazemos tudo para evitar que ela se exalte, que fique preocupada, nervosa, que se estresse, Jade é como uma filha para nós, não é somente Theodoro que a ama, todos nós a amamos e a protegeremos da melhor maneira possível. — Argumentou Lorenzo.
-Senhora, minha esposa tem pesadelos todas as noites desde que soube que Hidalgo fugiu da prisão, na época que aconteceu o tiro, começaram os pesadelos e só parou quando soubemos da gravidez, ela ficou tão feliz que esqueceu tudo o mais, mas, agora voltaram com tudo e de uma intensidade assustadora, ela acorda no meio da noite chorando desesperada, ela tem medo de que algo aconteça a mim. É isso não faz bem para ela. — Explicou Theo.
-Por isso eu aviso, que se Hidalgo se aproximar de mim, ou de minha esposa, eu não sei o que serei capaz de fazer, tudo o que sei é serei sim, capaz de matar, para proteger minha esposa e minha família, sou capaz de tudo. — Ele concluiu.
-É disso que tenho medo senhor, acho que não tem que sujar as mãos, tudo o que peço é que se previna, que saia com seus seguranças, Hidalgo sabe que anda sozinho, sem proteção, por isso está certo de que irá conseguir fazer alguma coisa no aeroporto.
-Eu não estarei sozinho senhora, não se preocupe, minha esposa me fez prometer que levarei os seguranças ou do contrário, ela não me deixará viajar, mas também estarei acompanhado com meu irmão, meu amigo e outras pessoas da direção da empresa, sem contar que no aeroporto tem segurança, não se preocupe, mas eu concordo com meu pai, acho que a senhora deveria sim procurar o delegado Marcus.
-Senhora, agradecemos por ter vindo nos contar tudo isso, foi de uma grande ajuda. Olha senhora, eu imagino como deve estar se sentindo, sei que não foi fácil ficar contra seu filho, eu, como mãe e futura avó, agradeço de coração. Tomaremos as medidas para que nada aconteça ao meu filho e nem com a minha nora. — Agradeceu Olívia visivelmente preocupada.
Guadalupe se despediu e agradecendo a atenção se retirou.
-E agora, Lorenzo, o que faremos? — Quis saber Olívia, nervosa.
-Temos que reforçar a segurança para com Theo e Jade, agora mais do que nunca ela não deve sair de casa, principalmente por causa da gravidez, ela está fragilizada.
-Papai, acho que dessa vez vocês tem razão, eu não irei me opor a ter mais segurança, Jade quer falar com eles, ela até me fez prometer que se eu não os aceitasse, conversaria com o senhor e com o abuelo para não me deixarem viajar. — Ele revelou entre divertido e preocupado.
-Ela teve pesadelo novamente? — Perguntou Olívia.
-Sim, teve, ela acordou no meio da madrugada gritando, chorando, me chamando, sempre a mesma coisa, o mesmo sonho, não suporto mais tudo isso, vê-la assim nesse desespero, nessa angústia, no final da gravidez ter que passar por tudo isso, se eu pudesse não iria viajar a agora.
-Você precisa ir filho, se não fosse necessário eu seria o primeiro a impedir que fosse. — Ponderou Lorenzo.
-Eu sei disso papa e ela entende isso, Pam se ofereceu para dormir com ela esses dias que estarei fora e ela sempre poderá me telefonar quando tiver esses pesadelos.
-Filho, fique em casa hoje, dê atenção a sua mulher, já que viaja hoje à noite, passe o dia junto com ela.
-Obrigado papai, eu já havia pensado mesmo nisso. Agora, eu vou subir, ver se ela já acordou. — Theo se encaminhou para as escadas, subindo os degraus de dois em dois.
-O que faremos, meu querido? Eu estou ficando com muito medo dessa situação toda, não suportarei se algo de ruim acontecer a nosso filho, ele corre riscos meu amor, como faremos para protege-lo?
-Eu vou fazer o que posso fazer, vou aumentar a segurança para com ele e conversar com o delegado Marcus, passarei na delegacia agora pela manhã, essa situação toda também me deixa muito preocupado. — Respondeu Lorenzo, abraçando a esposa.

~*~

Jade acordou e não encontrou Theo no quarto, olhando as horas, constatou que ele deveria estar tomando café, ouviu uma leve batida na porta e deu permissão para que quem quer que fosse, entrasse.
- Señora, seu café da manhã. — Anunciou Francesca, entrando no quarto.
-Gracias Francesca, meu esposo já saiu?
-Não señora, está lá embaixo com os pais.
-Francesca, quero te pedir um favor.
-Sim señora, pode pedir.
-Quero que reúna os seguranças do meu esposo lá na cozinha, quero falar com eles.
-Eu vou chamar, señora.
-Gracias!

Francesca se retirou deixando-a sozinha, Jade se serviu de tudo que havia na bandeja, precisava levantar logo, queria ficar um pouco com Theo, já que nessa noite ele viajaria, não queria deixar que ele percebesse que estava triste com sua viagem, era seu trabalho, ele precisava ir.

Comeu pouco, como vinha fazendo, de tudo, mas em pequena quantidade, para não sentir peso no estômago como a doutora Carmen havia lhe orientado, sem contar que ainda teria mais uma sessão de hidroginástica com Amanda, os exercícios a ajudavam bastante

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