5. Ghost of You

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— MADEIRAAAAAA! - Ashton gritou ao se jogar na piscina.

Ele me molhou inteira. Eu estava sentada na borda e não pretendia entrar tão cedo, mas agora não fazia mais diferença. Ele havia passado em casa pra pegar bermudas pra eles enquanto eu preparava drinks com Michael e Calum. Eles me ensinaram a receita do Youngblood, um drink que eles inventaram quando lançaram o terceiro CD da banda. Achei meio esquisito, não costumo beber Campari, mas tudo bem. Calum claramente é muito mais especialista em fazer qualquer bebida do que Michael. Não consegui acreditar quando eles me contaram que preferiam simplesmente beber Vodka com alguma coisa. 

Vodka é horrível.

Ainda sentada onde estava, senti a ausência de Lauren e olhei ao meu redor. Nem sinal. Luke estava lá, fazendo lutinha de água com Calum. Michael terminava de passar protetor nos braços pálidos próximo à edícula. Tirei as pernas da água e coloquei meu kimono pra procurar ela dentro da casa. 

Passei por Bacon que estava deitado na sala, sozinho. Subi as escadas e fui em direção ao seu quarto. A porta estava entreaberta e eu entrei devagar, afinal, ela é minha melhor amiga e se estivesse realmente ocupada, teria fechado a porta.

Só que eu estava errada.

Me deparei com Lauren sentada no chão, de costas para a porta, com uma seringa na mão, fincando em seu braço.

Ela estava injetando droga.

Fiquei paralisada de pânico.

Abri a boca para falar qualquer coisa, mas não saiu som. Eu não conseguia me mexer. Não conseguia falar.

Vi Lauren se deitar na minha frente dando um gemido de prazer. Revirava os olhos enquanto sorria, e minha respiração ficava cada vez mais ofegante.

— Lauren.

Ela ainda parecia em êxtase, mas ao mesmo tempo havia notado minha presença e tentava me responder.

— Lauren, que porra é essa - consegui me mexer e me abaixei ao lado dela. - Isso é heroína? Lauren, pelo amor de Deus, fala comigo.

— Eu tô bem, me deixa. - Ela respondeu depois de um tempo.

— Não perguntei se você está bem. Perguntei se isso é heroína.

— Não interessa.

— Interessa, sim. Você tá usando isso dentro da minha casa. Você é minha melhor amiga. Que porra é essa? Foi o Luke que deu isso pra você? - Perguntei indignada.

— Deixa o Luke fora disso. Não tem nada a ver com ele. - Ela me encarou séria.

— Como não? Você nunca usou essa porra, você falou que está há um mês com ele, e...

— Foi o Steve e um amigo dele - ela me interrompeu. - Eu me encontrei com eles duas semanas atrás. A gente nem ficou, mas eles me fizeram experimentar e eu me amarrei...

— Meu Deus, Lauren. Você tá viciada em droga - levei as mãos à cabeça. - Pelo amor de Deus, quantas doses disso você já injetou?

— Sei lá. Não enche meu saco.

— CARALHO GAROTA. ESCUTA AQUI - me abaixei na altura dela e segurei a cabeça dela pelos cabelos pra fazer ela olhar nos meus olhos. - EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ ESTRAGAR A SUA VIDA ASSIM. E MUITO MENOS ARRASTAR UM GAROTO COMO O LUKE PRA ESSA VALA QUE VOCÊ TÁ SE ENFIANDO. ELE USOU ISSO COM VOCÊ?

— Não, ele não sabe que eu estou usando heroína - ela desviou o olhar, mas manteve a cabeça onde eu sustentava.

— Pois você vai parar com essa porra agora. Vamos arrumar algum tratamento pra você. Não sei. Nunca pensei que isso fosse acontecer um dia, meu deus, que inferno.

Senti uma lágrima descer pela minha bochecha. Era inacreditável. Minha melhor amiga estava se jogando em um poço fundo, sem retorno. E levaria junto um garoto que tem uma carreira brilhante, se eu não intervir. Mas eu não sei o que eu faço. Não sei como ajudar ela agora. Não sei pra quem eu ligo. Levantei e olhei ao redor. Eu quero matar o Steve. Ele é um merda inútil. Eu sou uma merda inútil. Comprimi os lábios e olhei pra ela, com as mãos nos quadris.

— Por que você fez isso, Lauren?

— Minha vida é uma merda. Eu nem tinha que estar com o Luke porra nenhuma. Ele é legal pra caralho e eu sou um fracasso. - Lauren encarava a janela que estava no outro lado do quarto.

— Sua vida não é uma merda, Lauren. Você é inteligente. Tem sucesso. É linda. Admirada. Todos os caras mais desejados do mundo querem você. Agora você tem um cara super legal do seu lado. Você não precisa disso. Você sabe que não precisa - Eu falava desesperadamente, com a voz embargada.

Eu precisava manter o controle. Se eu me demonstrasse fraca, seria pior.

Mas eu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo de novo. Comigo. O que foi que eu fiz pra merecer isso? Comecei a recolher as tralhas que estavam próximas a ela - a heroína, a seringa, a colher, o isqueiro. Senti minha respiração pesar e minhas mãos tremerem. Saí em disparada do quarto e dei de cara com o Michael.

Ele me olhava com uma expressão confusa e desceu os olhos pras minhas mãos. Tentei esconder nas minhas costas e deixei tudo cair no chão.

Desabei de joelhos e comecei a chorar sem parar.

Ele veio correndo até mim e se ajoelhou na minha frente. Me abraçou com força e eu me permiti chorar no peito dele.

Chorei por tanto tempo que ele tirou meu rosto do seu peito encharcado e olhou nos meus olhos. Por um momento senti que meus olhos castanhos nunca seriam tão profundos e intensos como seus olhos verdes claros.

— O que tá acontecendo? - Ele perguntou segurando meu rosto entre suas mãos.

— Não sei se eu posso falar disso com você - falei entre soluços.

— Claro que pode. A gente se conheceu hoje, mas eu confio em mim mesmo mais do que em qualquer pessoa do mundo - ele disse sorrindo de canto, e eu tentei retribuir.

Baixei o olhar.

Caí em mim e recolhi as coisas que deixei cair no chão. Puxei Michael até meu quarto e nos tranquei lá dentro. Sentei no chão, de costas pra porta, e voltei a chorar.

— Isso que você tem aí é droga? - Ele me perguntou sério.

— A Lauren tá viciada em heroína, Michael. Eu não sei o que fazer. Eu preciso fazer algo por ela. Eu não posso deixar que ela entre nisso. Eu não posso deixar que ela arraste o Luke pra isso. Pelo amor de Deus. Eu sou uma inútil.

— Você não é uma inútil. Vamos ajudá-la a superar esse problema - ele se sentou ao meu lado.

— Não é como se fosse só buscar tratamento, ela precisa querer sair disso e ela não parece querer. Ela acha a vida dela uma merda. Eu acho que nem devo contar isso ao Luke. Ou devo. Não sei se falo com os pais dela. Quer dizer, com o pai. A mãe dela sumiu tem tempo. A culpa é minha.

Comecei a dar socos na minha cabeça por causa da frustração que eu sentia. Lágrimas caíam desenfreadamente dos meus olhos. Eu sentia um peso dentro de mim que seria impossível de se tirar.

— Por que você tá se culpando tanto? - Ele perguntou, tirando o cabelo dos meus olhos.

Virei pra ele e o encarei com toda a sinceridade que existe dentro de mim.

— Eu perdi meu irmão mais velho pra heroína, Michael. Eu prometi a mim mesma que jamais deixaria alguém que eu amo se meter com isso de novo. E olha pra mim, que fracasso. Minha melhor amiga, que MORA COMIGO, está viciada nesse lixo, nesse troço asqueroso, nesse...

Michael não me permitiu terminar de falar. Se levantou, me pegou nos braços e me colocou na minha cama. Não protestei. Não falei mais nada. Fiquei deitada em posição fetal e ele se deitou ao meu lado, me abraçando por trás. Fez carinho no meu cabelo enquanto falava baixinho coisas pra me acalmar. E assim ficamos até que eu caí no sono de tanto chorar.

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