Capítulo 3

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_ Me manter vivo foi a pior escolha que você fez na vida. – respondeu com a voz ainda mais rouca. Sasuke parou de respirar, aguardando as demais palavras do estranho. – Eu vou ser a sua ruína, Sasuke.

_ O... o que quer dizer com isso? – o mais novo questionou completamente perdido, levantando-se da cadeira e se aproximando mais ainda da cama de hospital. Itachi apenas sorriu de canto de boca, relaxado, fechando os olhos e inspirando profundamente, como se não tivesse pronunciado nada de tão grave. Sasuke trincou os dentes diante de tal reação, sua raiva crescendo progressivamente. – Você está me ameaçando?

_ Eu? De onde tirou isso? – o moreno de longos cabelos questionou, ainda mantendo os olhos fechados e sorriso à postos, falando com um tom de voz de chacota que era o combustível necessário para aumentar ainda mais a raiva crescente do Uchiha.

Sasuke estava se sentindo no auge de sua irritação. Esse homem, além de bagunçar com sua rotina, ter a aparência semelhante aos seus pais, ainda tinha a audácia de tirar sarro da sua cara tão descaradamente? Estava se irritando por demasia na presença daquela pessoa, mas sabia que não podia abusar da boa vontade da lei mais uma vez em tão pouco tempo, então preferiu sair irritado do quarto, batendo a porta em seguida.

_ S-senhor Uchiha! – a médica plantonista o chamou, correndo ao seu lado pelos corredores do hospital e tentando pará-lo para conversar. Sasuke apenas se desvencilhou do toque da mulher, exclamando com uma voz arrastada e irritada a informação que, para ela, seria pertinente.

_ Teu paciente palhaço acordou!

Reavaliando a importância dos acontecimentos, a médica deixou o Uchiha em paz, caminhando até o quarto do desconhecido com velocidade. Sasuke, frustrado, retornou ao seu pequeno apartamento, batendo a porta com tanta força que provavelmente acordara todos os moradores do prédio.

Grunhiu em frustração, puxando os próprios cabelos com força enquanto se jogava de encontro à própria cama. Acreditava que iria remoer todo esse mistério que aparecera em sua vida em tão pouco tempo, mas devido ao seu grande cansaço (já que ficou preso na delegacia e sem dormir), assim que se aprumou adormeceu quase que instantaneamente em um sono sem sonhos: sem Itachi, sem Mikoto.

Deus parecia estar lhe dando uma noite de folga.


(***)


Os dias se passaram, Sasuke tentou ao máximo não voltar mais àquele hospital. Irritava-se demais com a presença de Itachi e seus comentários ácidos de tempos em tempos. Bem verdade que voltou no dia seguinte, logo depois do expediente (precisou matar aula para isso). Questionou o mais velho durante horas sobre quem ele era e o que ele fazia naquele momento no banheiro público onde ocorrera o suposto "acidente", mas Itachi se limitava apenas a sorrir de maneira prepotente e analisá-lo com olhos curiosos, sequer verbalizando um simplório: "não vou responder, desista".

E quando falava era para provocar Sasuke: o chamava de "tolo", "estúpido" e "inconsequente", em meio a frases elaboradas e extremamente constrangedoras. Nem é preciso dizer que o humor do Uchiha estava delicado e por um fio.

No terceiro dia, Sasuke partiu para cima de Itachi com punhos fechados envolto em uma áurea tão violenta que tinha certeza que podia ser vista a olho nu.

Mas o homem era sortudo, se é que poderia considerar isso um sinônimo de sorte: como Itachi se recusava a responder os questionamentos dos oficiais da lei, então foi considerado um homem perigoso e era fiscalizado de perto por um policial até que recebesse alta e fosse encaminhado a um presídio local, onde aguardaria a data de seu julgamento em prisão preventiva. Tal segurança, obviamente, ouvira a explosão de Sasuke e conseguira interferir antes de Itachi sofrer a consequências físicas de sua língua afiada.

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