Capítulo 34

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— Sai? — ele repetiu o nome do seu amigo reaparecido, sua voz soando ainda mais fraca do que outrora.

— Oi Naruto, tudo bem? — foi o que o moreno respondeu, abrindo um sorriso ainda maior, e o sangue do Uzumaki ferveu completamente ao presenciar aquele simples gesto.

Apesar de não ter o costume de entrar em brigas físicas com as pessoas (tirando Sasuke e suas frustradas tentativas de golpear Kakashi), Naruto foi incapaz de se conter e voou para cima do pescoço de Sai. Como que o maldito tinha a ousadia de aparecer como se nada houvesse acontecido depois de seis meses desaparecido!? Como que ele podia surgir com aquela cara mais deslavada do mundo depois de todos os dias de preocupação que obrigou Naruto a suportar? Não, se Sai estava vivo e bem, ao menos um soco bem dado ele merecia! E isso não queria dizer que Naruto não estivesse feliz em ver Sai, só que ao mesmo tempo em que sentia isso também estava indignado com aquela aparição depois de tanto sumiço e preocupação.

Todavia, quando chegou perto para desferir o golpe, Sai se moveu com uma graciosidade que Naruto não conhecia. Rapidamente se esquivou e utilizou uma técnica profissional para, mais do que rapidamente, imobilizá-lo em um contra-ataque. Ou ao menos era isso que Naruto imaginara, porque de alguma forma Sai compreendeu sua movimentação de maneira equivocada, visto que antes que o Uzumaki captasse com exatidão o que acontecera, sentiu os lábios do amigo contra o seu.

Por um momento, Naruto ficou sem reação.

— Eu senti sua falta! — Sai murmurou contra seus lábios, tentando capturá-los para mais um beijo. Mas como Naruto voltou a si com aquelas palavras, virou o rosto e tentou escapar da pegada do outro, conseguindo se desvencilhar depois de algum esforço (ou da piedade de Sai, vai saber).

— Mas que caralho Sai! — o loiro rosnou, se afastando um pouco e limpando a boca com a manga da sua camisa. Não era como se sentisse nojo de Sai, mas as circunstancias mudaram muito de seis meses até agora. Ele não podia nem pensar em beijar outra pessoa senão Kakashi, se sentia mal com isso. — Como você me aparece depois de todo esse tempo desaparecido e tem a ousadia de me beijar!?

O moreno fez uma expressão de incompreensão, pendendo a cabeça para o lado e fitando Naruto com olhos analíticos.

— Bom... — ele falou, com calma, pretendendo escolher as palavras certas — Nós já ficamos mais tempo que isso sem nos ver e eu cheguei fazendo isso e você não disse nada.

— As coisas mudaram! — Naruto exclamou um pouco alterado, mas se controlou balançou a cabeça numa tentativa de recobrar o foco. Aquilo não era importante, Sai era sem noção mesmo, grande novidade! O que era importante mesmo era entender como ele estava ali! — Você me deve explicações, não beijos!

Sai, surpreendentemente, pareceu satisfeito com a resposta e concordou afirmativamente com a cabeça. Naruto franziu o cenho diante do comportamento, mas deu de ombros, sabendo que não devia esperar algo menos "estranho" vindo de uma pessoa como Sai.

O moreno agarrou a mão do Uzumaki e o levou para uma das mesas do estabelecimento, sentando-se em uma cadeira e apontando pra que ele se sentasse na outra. Os dois ficaram quietos por uns segundos , mas foi Naruto quem quebrou o clima pesado, descansando a testa na mesa e expirando com força. Ele sentiu seu corpo relaxar visivelmente e uma nova onda de emoções o invadiu; agora sem a raiva e indignação de antes.

— Eu estou tão feliz e aliviado por você estar vivo... — Naruto soltou um soluço baixinho, e cruzou os braços ao redor da cabeça, ainda encostada na mesa — Eu realmente estou!

Naruto ouviu passos e logo sentiu que Sai o abraçava por trás. Incapaz de se conter mais, deixou as lágrimas de alívio rolarem, apesar de ainda manter a dignidade ao esconder o rosto ao chorar silenciosamente. A ficha caia finalmente, e depois do sentimento de revolta inicial vinha a alegria de saber que Sai estava bem, vivo, e excêntrico como sempre. Ele não morrera com o ataque da Akatsuki, ele não morrera por sua causa! Ele estava bem, e essa singela constatação parecia tirar o mundo das costas dele — ou ao menos boa parte de suas preocupações.

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