Projeto T.A.H.I.T.I.

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Narração – Tony Stark

     T-Challa fora o único que restava ali. O lugar estava desabando sob nossas cabeças, mas eu não me importava, as lágrimas caiam pelo meu rosto incontrolavelmente. Minhas mãos tremiam e com a armadura em cacos e sem energia, segurava em meus braços o corpo de Florence, que havia sido perfurado com um raio de energia; seus lábios estavam roxos e seu corpo possuía hematomas, eu a apertava contra o peito sentindo sua temperatura corporal cada vez mais baixar. Havia perdido a mão da armadura e Rogers e Bucky partiram, a deixando ali, indefesa, mesmo nada a fazendo mal mais.

     Pantera Negra vendo aquela situação, ficou pálido, jogando o responsável por tudo isso desacordado no chão. Ele discou um número e depois de um certo tempo agentes da S.H.I.E.L.D. chegaram, onde me recusei a sair do lado dela; não conseguia me mexer, sentia algo em mim sendo amaçado cada vez que eu a encarava. Fury chegou, doutora Cho ao seu encalço, junto com dois cientistas que não conhecia.

     O diretor se abaixou ao meu lado e observou o estado de tudo cuidadosamente, respirando fundo.

 - Agentes Fitz e Simmons, precisamos que deem início ao projeto T.A.H.I.T.I. Sei que já passaram por isso antes com Coulson e presenciaram tudo que o mesmo passou quando buscou por informações, mas preciso o ativar novamente.

 - Mas senhor, o local foi explodido e está em pedaços – Disse a mulher, que estava vestida com um traje branco e óculos – E sabe as consequências que terá. Coulson o relatou sobre.

 - Mantivemos o último frasco de GH-325 seguro, junto com um equipamento reserva. Agora a levem até o laboratório que passarei as coordenadas. Quanto menos tempo perdermos, melhor – Raiou Fury- Quero que isso permaneça com poucas pessoas. Coulson não está incluso, pois será contra, só que tomarei a responsabilidade de conversar com ele. E antes que perguntem, ele não suspeita de nada, requisitei os dois para uma missão confidencial – Os dois cientistas se entreolharam, concordando.

 - Se quiserem levar esse equipamento para a torre dos Vingadores – Dei uma sugestão e Nick me fuzilou – Não importa onde isso seja, me deixe ir junto.

     Pela primeira vez, não fazia ideia do que eles estavam falando. Não fiz questão de tentar distinguir o que eles falavam sobre o falecido agente Coulson, estava atordoado demais. Os agentes Fitz e Simmons, como Fury os intitulou, pareciam nervosos e apreensivos com o assunto abordado, incertos até, enquanto qualquer outro ali apenas me olhava com o que parecia ser dó.

***

     Abri meus olhos lentamente, os sendo tomados por um clarão branco e aos poucos fui identificando como uma enfermaria. Meu corpo estava boa parte enfaixada e um soro ligado a uma veia do meu braço direito, pingando freneticamente; lentamente, tirei o equipamento que me ajudava a respirar com o forte cheiro de remédios, deixando meu estômago pesado.

 - Isso é mesmo necessário? – Perguntei para ninguém em especifico, sem reparar que mais alguém estava naquele recinto.

 - Depende se seu pulmão esquerdo tiver se recuperado da costela quebrada, ai diria que realmente seria necessário – Reconheço aquela voz. Lentamente viro a cabeça para a minha direita, encontrando os olhos amigáveis do agente Coulson.

 - O quê? Vocês me drogaram é? – Insinuei, o homem na minha frente abrindo um sorriso .

 - Na verdade, Stark, você foi drogado para ter as sequelas daquela luta amenizadas. Mas não chega a tanto.

 - Você não estava morto? – Levantei a minha mão, dando um pequeno tapinha no ombro do mesmo, provando que aquilo não era uma alucinação.

 - Estava – Concordou – Mas há muita coisa que você não sabe.

 - Como eu cheguei aqui? – O questionei, repassando minhas memórias – Friday, por quanto tempo estive inconsciente? – Coulson soltou uma risada baixa.

 - Acredito que Friday seja sua inteligência artificial, como o agente Fury disse, ela não esta em contato, pois não há como se comunicar aqui com o mundo exterior. Mas respondendo a sua pergunta, você desmaiou assim que estávamos uma hora de voo para cá, os machucados estavam profundos e o senhor teimou para não ser examinado. Precisou de doação de sangue, alias, A+ é seu tipo sanguíneo. Ficou três dias inconsciente.

 - Agente Fury? – Senti minha cabeça latejando.

 - Sim, sou o atual diretor da S.H.I.E.L.D. agora. Tem muita coisa que não sabe.

 - E não é hora de me contar? – Me sentei na cama, sentindo uma pequena tontura. Ele respirou fundo e assentiu.

 - Creio que para explicar isso a qualquer Vingador seria mais fácil, porém trarei uma peça de roupa, já que está automaticamente de alta. Suas duvidas serão respondidas, se possíveis.

     O observei saindo pela porta transparente, sentindo uma forte dor no peito ao lembrar de Florence. Meus batimentos cardíacos dispararam e então senti meu mundo desabar; toda aquela desgraça que acontecia com ela era por minha causa.

     Meia hora depois, eu havia tomado banho e estava com roupas confortáveis, sentado em uma poltrona em um escritório, quando Fury e Coulson adentraram o local. O ex diretor estava abatido, precisando de horas de sono.

 - Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? – Me levantei e comecei a andar de um lado para o outro, minha crise de ansiedade atacando - Florence? Onde está a Florence? Ela estava morta em meus braços e tudo é culpa minha! Ela se arriscou por aquele picolé ambulante e olhe o que aconteceu!

 - Senhor Stark, peço que se acalme – Ordenou Coulson e eu o olhei incrédulo – Sabemos que a senhorita Bassan é importante para você, mas precisa manter a calma – Eu tentei protestar, mas Nick apenas colocou a mão no meu ombro me fazendo se sentar novamente.

     Um telão com um símbolo da S.H.I.E.L.D. foi ligado e assim apareceu a fixa de Florence, algumas informações que haviam pego com ela assim que havia acordado na base secreta, uma foto recente, colorida, onde não esboçava sentimento algum. Alguns endereços de e-mails para comunicação, fotos com parceiros de equipes, habilidades e uma foto do corpo dela, pálido e sem vida, em cima de uma mesa de metal. Os cabelos caiam, não tinham mais o brilho de antes, seu corpo estava coberto por um lençol e outras fotos dos membros do corpo estavam ampliados; a que mais me chamou a atenção foi uma, que sua cabeça estava aberta, dando amostra ao seu cérebro. Projeto T.A.H.I.T.I. estava gravado em letras maiúsculas.

 - Por acaso isso é necrofilia? – Me exaltei novamente, mas apenas me ofereceram um copo com água.

 - Esse projeto se trata da ressureição da Vingadora, Florence Bassan – A cientista morena entrou no local, sem bater. Me estendeu uma ficha e deu um longo suspiro; a ficha possuía uma explicação sobre o projeto.

 - Eu morri na invasão de Nova Iorque, como sabem. E foi esse projeto que me trouxe de volta – Phil começou a explicação - O projeto T.A.H.I.T.I. (Terrestrialized Alien Host Integrative T.I.) foi um projeto da S.H.I.E.L.D. de nível 9, que hoje em dia esses níveis foram extintos, recomendado pelo Agente Fury e supervisionado pela minha pessoa. Resumindo-se o projeto foi que resgatássemos um cadáver alienígena da raça Kree para fins medicinais. Seu objetivo era poder ressuscitar um Vingador altamente ferido e por sorte, Fury me considerava um.

 - Estava localizado em uma ilha e se chamava Casa dos Hóspedes, porém esse lugar foi destruído pela equipe de Coulson, que foram até lá atrás do GH-325, que possui a habilidade da regeneração do tecido celular para a agente Dayse Johnson, que foi ferida em batalha – Fury detalhou.

 - Então foi mesmo necrofilia, apenas com um corpo alienígena – Recebi um olhar de reprovação, mas logo me ignoraram e continuaram a explicar.

 - Houve seis pacientes experimentais do projeto T.A.H.I.T.I., agentes com doenças terminais. Após a injeção do GH-325 em seus corpos, seus males cessaram. Coulson foi fazer uma entrevista com eles para poder ver como eles estavam, porém, antes dele poder assinar a liberação deles, os agentes começaram a ter "efeitos colaterais", que foi a insanidade (o que fez o agente ficar com medo) e escritas de símbolos alienígenas (que é na verdade o mapa de uma cidade). Ele tentou fechar o programa, mas o Dr. Goodman discordou, ele sugeriu que apagassem a memória dos pacientes e as modificassem por outras. Eles não seriam mais agentes da S.H.I.E.L.D., mas teriam uma vida normal e saudável. Coulson hesitou, mas concordou. O sexto paciente, Sebastian Derik, fingiu estar saudável, mas o diretor não acreditou e ao revistá-lo viu que ele estava fazendo as escritas em seu próprio corpo, Sebastian disse que ele não podia lhe apagar, mas Coulson acabou fazendo. – A agente que estava com um crachá escrito Simmons deu continuidade.

 - Então quer dizer que Florence está em condições de ficar louca?

 - Não exatamente – Phil me encarou – Quando eu passei por todo esse processo de dor, teriam certeza que eu não suportaria recordar os traumas que passei e com isso enlouqueceria. Mas para isso não acontecer, colocaram memórias falsas como uma viagem ao Taiti em minha cabeça e precisamos que ajude a criar essas lembranças a Florence. Algo que ela queira muito e até mesmo apagar algo que foi prejudicial à vida dela. Se recorda de algo?

 - Antes eu quero vê-la – Pedi e refleti – Projeto de dor?

 - Isso realmente é uma experiência de tortura que muitos não aguentariam lembrar, por isso destruímos a base, para a Hydra não ter esse acesso, mas não contávamos com instrumentos reservas – Ele encarou Fury - Siga-me – Pediu o diretor.

     Caminhando por corredores vazios e sem movimentação, paramos atrás de uma janela de vidro, onde cientistas andavam pela sala e o corpo de Florence ao centro. Máquinas com retos e finos dedos de metal estavam trabalhando no cérebro exposto de Florence, soltando pequenos choques; o corpo se mexia em dor e os lábios balbuciavam algo. As curvas de seu corpo estavam cobertas por um fino lençol.

 - O que ela diz? – Perguntei, sem entender.

 - Deixe-me morrer – Disse Phil – A mesma coisa que pedi que fizessem, mas não permitiram.

Continua...

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