Capitão América: O Multiverso

Despedida - EXTRA 01

Narração em Terceira Pessoa

     Tony degustava de seu terceiro ou quarto copo de whisky naquela noite. A brisa fria cortava seus lábios que já estavam ressecados, enquanto ele observava o lado de fora das grandes janelas escancaradas e escuras pela madrugada do último andar da torre dos Vingadores; se sentia frustrado, o corpo dolorido pela ansiedade que antes estava presente e deixou dormente para o lembrar da sensação. Seu rosto cansado estava marcado com lágrimas de raiva, os olhos vermelhos pelo sono e suas mãos tremiam levemente.

     A caixinha de veludo vermelha estava ao seu lado no sofá, vazia, sem o anel da qual ele pedirá sua amada em casamento. Se recusou a dar qualquer explicação depois do apagão, pois sentia que seu peito explodiria de um misto de sentimentos se não encontrasse Florence, da qual ele preferia acreditar que havia sido levada contra sua vontade, pois pegará a jóia; mais uma vez Steve Rogers o havia tirado algo. Primeiro havia sido seu pai, da qual passará anos de sua vida o comparando com sua maior criação, decepcionado com seu primogênito. Segundo fora o segredo da qual o escondeu sobre o assassinato de seus pais. Terceiro havia sido Viúva Negra, da qual mostrara-se duas caras, optando pelo lado do Capitão e agora, o quarto motivo e o mais importante, sua pequena Florence.

     Quando as luzes se acenderam e o homem, ainda ajoelhado, adaptou-se a claridade percebendo que a garota a sua frente sumira, deixou o evento evitando qualquer pessoa que adentrasse o seu caminho. Caminhou por horas, desorientado e sem um rumo para seguir, apenas andando até seus pés doerem e sentir seu peito queimar por falta de ar; não percebeu quando lágrimas caíram de seus olhos ou quando elas se misturaram com seu suor.

     Passou o amanhecer e o entardecer à mercê pelas ruas, ignorando a fome e o cansaço, até ser encontrado por Pepper e Rhodes em uma viela do Brooklyn, mais especificamente no antigo endereço de onde Rogers morava antes de se alistar para o exército; sua desculpa foi que precisava ficar sozinho e queria conferir um possível lugar. Cheirava a bebida, seu palito já se encontrava amassado e a blusa com os primeiros botões estourados, o deixando com ar de descuido; a gravata estava pendida pelo pescoço, sem o nó.

     Se recusou a tirar os óculos de sol, não queria que ambos vissem seus olhos. Se sentia envergonhado e embaraçado pela situação da qual o encontraram, mas não o culpavam; Pepper nunca havia o visto assim, tão pouco o amigo. O ajudaram a entrar no carro, onde o mesmo se recusou ir para sua casa.

     Adentrou o quarto vazio de Florence, onde se jogou na cama, tendo suas narinas inundadas por seu perfume suave. Haviam alguns fios de cabelos espalhados pela colcha, o que o fez se lembrar de que onde Bassan ia deixava um pouco de seus longos fios pelo ambiente; todo o recinto estava extremamente arejado e organizado, do jeito que ela gostava. Estava impaciente, se levantou e começou a explorar o quarto com calma.

     Abriu o guarda-roupas, onde vestidos estavam separados por cor. Havia uma parte só para blusas e calças, assim como para sapatos; uma peça chamou sua atenção, uma blusa social azul que era grande demais para ela. Reconheceu aquela peça de imediato, era de Steve. Encontrou até mesmo uma de suas blusas com mangas em suas coisas, da qual pensará que havia perdido.

     Afagou uma blusa de lã que adorava usar em dias chuvosos, a imaginando sentada em uma poltrona ao lado da lareira lendo um bom livro; se recordava de como a conheceu e só então percebeu como Steve e ele tentaram a moldar conforme suas necessidades, nunca realmente se importando em como a garota se sentia em relação. Novamente a raiva brotou em seu peito, raiva de si mesmo, por ser tão egoísta e deixarem ser egoísta com quem mais amava.

     Só depois de incontáveis minutos ali, decidiu tomar banho e comer. Decidiu mudar de quarto por algum tempo, já que os respectivos donos dos quartos estavam foragidos; já fazia mais de vinte e quatro horas que Tony não dormia, o que o fez voltar para a bebedeira. Nem se importou em preparar café e jogar o pó na pia, estava alheio. Deixou o whisky de lado depois de não ter coragem de ir para sua quarta dose, sentindo a quentura da xícara aquecer aos lábios.