Isso é ridículo

777 69 21
                                    

Eu tinha que pensar em algo melhor. Uma caixa de bonbons, talvez? Nah, eu não faria só isso.

Eu ia escrever uma música sobre Helena e eu ia dar de presente à ela. Eu estava extremamente empolgado e feliz com a ideia e no mesmo instante corri para a bancada da cozinha, puxei o banquinho e comecei a escrever.

Levou algumas 5 linhas pra eu empacar e começar a bater a caneta esperando que alguma ideia caísse do céu, mas eu estava animado demais pra desistir.

Já estava pensando em como entregar isso pra Helena, de como cantar pra ela, qual ritmo a música teria... larguei a folha em cima da bancada e sentei na cama pronto pra começar a dedilhar aquele violão.

*Helena narrando*

Eu estava em casa, tinha acabado de almoçar quando recebi uma mensagem de Yashua.

"Tá em casa, olhos lindos?"

Eu sorri sozinha.

"Tô sim, cabelo platinado. Por quê?"

"Vou passar aí, posso?

"Lá vem... Olha lá hein, Yashua! Mas pode sim."

Depois de 40 minutos ouvi o toque da campainha, desci para atender e dei de cara com Yashua com uma longa regata branca e uma bermuda jeans.

- Menino, o que você tem em mente? - perguntei divertida.

- Além de você? - ele disse sorrindo - Você tá sozinha aí ou sua mãe tá ai?

- Eu tô sozinha... - eu disse de forma silábica e devagar desconfiada - Por quê?

- Calma! - ele riu - Se você tá sozinha, vamos ficar aqui mesmo. Eu ia te chamar pra ir em algum lugar, sei lá, passar um tempo.

- Tá bom, vai ficar aí fora ou vai entrar?

- Você nem me convidou pra entrar - ele disse rindo e entrando, abraçou minha cintura e deu um beijo estalado na minha bochecha.

- O que quer fazer? - eu disse indo até a geladeira e abrindo.

- O dia tá lindo, por que a gente não fica no quintal conversando? - ele disse encostado na bancada da cozinha.

- Vamos! - eu disse, peguei minha garrafinha e fui em direção ao quintal sendo seguida por ele.

Ficamos ali sentados na grama debaixo da sombra durante muito tempo, conversando e rindo e em um momento de silêncio peguei o Camanho me encarando.

- É o que? Eu hein! - eu disse rindo.

- O que? Não pode te olhar? Ah! - Yashua disse fingindo que estava irritado.

- Não pode, vai começar a pensar nos meus defeitos todos! - eu continuava rindo.

- Sabe qual é seu defeito? Você quer saber? - agora o menino estava sério.

Eu fiquei um pouco assustada e isso fez ele rir.

- Você tá muito longe - ele disse ainda rindo e em questões de milésimo de segundos, me pegando de surpresa, me beijou rapidamente.

- YASHUA! - eu ri sem graça e o empurrei de leve - Você para, hein. Eu disse que era coisa de uma vez só e você tá aí se apaixonando - completei brincando com ele.

- Ah, mas eu não tenho culpa dos efeitos que você causa em mim! - ele sorriu.

*Fim de Helena narrando*

Finalmente depois de um dia todo e mais uma manhã, eu finalizei sozinho a música toda, letra e acordes. Faltava só levar para Helena ouvir e eu mal podia esperar.

Eu não sentia vergonha e nem timidez, só queria chegar e tocar a música pra ela.

Sem um grande espetáculo, só eu, ela e a música. Eu sei que tudo isso de restaurante, surpresas, decorações é muito lindo, mas não é isso que ganha Helena e nada podia tirar o foco do presente.

Sem falar nada, me levantei, me vesti, peguei o carro e segui em direção à casa dela. Eu contava com a sorte. Se ela tivesse em casa, era a hora. Se ela não estivesse, eu voltaria mais tarde.

Virei a rua de Helena e diminuí a velocidade em busca de alguma vaga para estacionar.

Fui desde o início da rua assim, até que ao chegar perto da casa dela, a avistei sentada no quintal e se eu pudesse voltar no tempo eu nunca teria vindo pra esse lugar nessa hora.

Se arrependimento matasse, eu estaria morto nessa vida e nas 3 vidas seguintes.

Não foi antes e nem depois, eu olhei justamente no momento em que Yashua grudava seus lábios no dela.

- FILHOS DA PUTA!!!!!!!!! CARALHO!! - eu soquei o volante do carro com 50% da raiva que eu tava sentindo porque se fosse com toda ela, eu teria quebrado a mão. Ou o volante.

"Idiota, idiota, idiota, idiota" eu resmungava sem parar com o rosto enterrado nas minhas mãos.

Eu meti o pé no acelerador fazendo com que o carro partisse cantando pneus e chorei durante todo o caminho.

Não era de amor, não era saudade e nem era só coração partido. Que se foda toda essa merda. Era raiva.

Eu pisei no hotel e fui direto atrás de Christopher.

- Vai sair hoje? - perguntei assim que ele abriu a porta.

- Tá querendo me chamar pra sair, Joel? - ele disse fazendo piada.

- Não de forma romântica porque não quero mais saber disso, mas se você não pretendia sair agora você vai - eu respondi.

- O que houve, doido? - Christopher perguntou assustado.

- Nada - eu ri de leve - Vamo aproveitar a vida.

Christopher riu pelo nariz com um olhar desconfiado.

- Claro... Vamos... - ele respondeu devagar ainda me olhando estranho.

Chegamos na boate eram 00h e subimos pro camarote vip. Segui direto pro bar e pedi vodka com morango, logo eu que odiava beber (ainda odeio) e prometi que não beberia de novo.

Mas eu precisava disso pra ter coragem o suficiente de ser diferente.

Morango pra abrir com chave de ouro.

Uma menina morena sentou do meu lado do bar e puxou assunto. Depois de mais alguns drinks, o álcool que eu virei rápido somado com a raiva que estava guardada dentro de mim trabalharam em conjunto num novo Joel. E aqui estava ele.

Com alguns minutos de conversa, eu beijei aquela menina sem me preocupar se estavam olhando ou se tinha muita gente em volta.

Mas eu não parei por aí, encontrei uma ruiva na pista de dança e ela se chamava Lia. Dançamos e ficamos juntos durante toda a noite.

Amanhã eu penso nos vídeos que vão sair: eu beijando publicamente, eu ficando com duas meninas na mesma noite numa boate... Isso se eu me importar o suficiente pra pensar nisso.

Pelo Som de Sua VozOnde histórias criam vida. Descubra agora