Saí do banheiro vestindo a camisa com o aroma familiar á mim. Me dirigi até a cozinha, meu irmão me esperava na mesa com os lanches de uma franquia de fast food.
-Nada melhor do que um banho e comida pra curar o término recente. -Diz ao meu ver.
-Não deveria estar aqui, você tem sua apresentação em alguns dias. -Digo me juntando à ele.
-Primeiramente, sabe que priorizo a família, e segundo meu modelo químico já está pronto. Não se preocupe.
-Obrigada.
-Deveria quebrar a cara de Henrique, mas sabemos que se tratando de brigas ele ganharia. -Diz me fazendo rir. Axel odeia brigas, desde que me entendo por gente ele nunca se envolveu em uma, na verdade se via responsável em separá-las.
-Só estou decepcionada, nós sabemos que não é a primeira vez, e que isso passa.
-Falando nisso, vai ao casamento do Caio?
-Não sei, acho que não. Mas uma dor de cabeça por vez. -Vejo-o sorrir.
Comemos tranquilamente nossos lanches, e após nos encontramos deitados em sua cama assistindo um dos desenhos que predominou nossa infância: O rei leão.
-É tão triste essa parte. -Digo referindo-me a morte de Mufasa.
-Eu sei, mas faz parte da vida, não. Só a valorizamos realmente porque ela termina.
Não sei dizer bem em qual parte do filme, porém sei que adormeci.
Acordei com os raios solares, e o braço quente de meu irmão sobre meu rosto. O arrastei para lado, me sentando.
Ainda sonolenta peguei meu celular, onze horas. Uau, havia dormido muito.
-Juh, que horas são? -A voz sonolenta de Axel ecoou pelo quarto.
-Onze.
-Acho que é a primeira vez em semanas que durmo tão bem. -Diz sentando-se.
-Eu sei, me companhia te acalma. -Respondo.
-Não, acho que foi o desenho que deu sono mesmo.
Levanto-me sorrindo. Desbloqueio meu celular, há inúmeras mensagens das meninas questionando onde passei a noite, e por que não havia dado notícias. A questão é que não queria contar a verdade á elas, afinal seria outro relacionamento mal sucedido para entrar na conta, e isso não soava positivo para mim.
Estava começando a ficar com medo de ficar só, de não haver ninguém lá fora preparado pra mim, e que realmente me amasse na mesma intensidade que me dispunha. Parece contraditório uma mulher que ama tanto romance ter problemas na área. Dura realidade, que bate a porta com mais frequência do que desejamos.
Caminhamos até a cozinha, tomamos um café e me lembrei das manhãs enquanto morávamos juntos, na maioria das vezes movidas por um briga matinal sobre quem usaria o banheiro. Sinto falta disso. Mas reconheço que tudo é um processo, e que precisamos caminhar, alguns trajetos sozinhos, outros acompanhados.
Depois do café me limitei à tomar um banho, me trocar e retomar para minha casa. Não pensaria muito hoje, ou reviveria os fatos anteriores, me focaria no hoje. Então, me despedi de meu irmão, o agradeci pelo apoio, e estadia. Peguei o elevador, e cumprimentei o porteiro quando passei pelo mesmo.
Adentro ao meu carro, o ligo e acelero pelas ruas apenas sentindo a brisa contra minha pele. Não ligo o rádio, provavelmente alguma música me levaria aos meus sentimentos, e estou empenhada na missão de ignorá-los.
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Seu Olhar
RomanceJúlia costumava a viver uma vida simples no sul do Brasil. Aos vinte anos, nunca havia saído do país, ou conhecido outros lugares que não estivessem perto de Santa Catarina. Mas, em um ápice de atividade, ela decide aceitar o convite para uma viage...