Capítulo Vinte

7.4K 512 48
                                    

Saí do banheiro vestindo a camisa com o aroma familiar á mim. Me dirigi até a cozinha, meu irmão me esperava na mesa com os lanches de uma franquia de fast food. 

-Nada melhor do que um banho e comida pra curar o término recente. -Diz ao meu ver. 

-Não deveria estar aqui, você tem sua apresentação em alguns dias. -Digo me juntando à ele. 

-Primeiramente, sabe que priorizo a família, e segundo meu modelo químico já está pronto. Não se preocupe. 

-Obrigada. 

-Deveria quebrar a cara de Henrique, mas sabemos que se tratando de brigas ele ganharia. -Diz me fazendo rir. Axel odeia brigas, desde que me entendo por gente ele nunca se envolveu em uma, na verdade se via responsável em separá-las. 

-Só estou decepcionada, nós sabemos que não é a primeira vez, e que isso passa. 

-Falando nisso, vai ao casamento do Caio? 

-Não sei, acho que não. Mas uma dor de cabeça por vez. -Vejo-o sorrir.

Comemos tranquilamente nossos lanches, e após nos encontramos deitados em sua cama assistindo um dos desenhos que predominou nossa infância: O rei leão. 

-É tão triste essa parte. -Digo referindo-me a morte de Mufasa. 

-Eu sei, mas faz parte da vida, não. Só a valorizamos realmente porque ela termina. 

Não sei dizer bem em qual parte do filme, porém sei que adormeci.

Acordei com os raios solares, e o braço quente de meu irmão sobre meu rosto. O arrastei para  lado, me sentando. 

Ainda sonolenta peguei meu celular, onze horas. Uau, havia dormido muito. 

-Juh, que horas são? -A voz sonolenta de Axel ecoou pelo quarto. 

-Onze. 

-Acho que é a primeira vez em semanas que durmo tão bem. -Diz sentando-se. 

-Eu sei, me companhia te acalma. -Respondo. 

-Não, acho que foi o desenho que deu sono mesmo. 

Levanto-me sorrindo. Desbloqueio meu celular, há inúmeras mensagens das meninas questionando onde passei a noite, e por que não havia dado notícias. A questão é que não queria contar a verdade á elas, afinal seria outro relacionamento mal sucedido para entrar na conta, e isso não soava positivo para mim. 

Estava começando a ficar com medo de ficar só, de não haver ninguém lá fora preparado pra mim, e que realmente me amasse na mesma intensidade que me dispunha. Parece contraditório uma mulher que ama tanto romance ter problemas na área. Dura realidade, que bate a porta com mais frequência do que desejamos. 

Caminhamos até a cozinha, tomamos um café e me lembrei das manhãs enquanto morávamos juntos, na maioria das vezes movidas por um briga matinal sobre quem usaria o banheiro. Sinto falta disso. Mas reconheço que tudo é um processo, e que precisamos caminhar, alguns trajetos sozinhos, outros acompanhados. 

Depois do café me limitei à tomar um banho, me trocar e retomar para minha casa. Não pensaria muito hoje, ou reviveria os fatos anteriores, me focaria no hoje. Então, me despedi de meu irmão, o agradeci pelo apoio, e estadia. Peguei o elevador, e cumprimentei o porteiro quando passei pelo mesmo. 

Adentro ao meu carro, o ligo e acelero pelas ruas apenas sentindo a brisa contra minha pele. Não ligo o rádio, provavelmente alguma música me levaria aos meus sentimentos, e estou empenhada na missão de ignorá-los. 

Seu OlharWhere stories live. Discover now