Capítulo 20

832 83 10
                                    

No meio do jantar, eu já não aguentava mais. Paloma não parava de me provocar e a todo momento puxava assunto com Ruan, estava cheia de risinhos para ele. Olho para meu pai cansada de tudo isso, ele parece não se importar, ou talvez não tenha percebido que a enteada dele é uma cobra. Suspiro pesadamente.

_ O que foi, Isa? Está estressada? _ Ouço a voz irritante de Paloma e a olho.

_ Não. _ Respondo com um sorriso falso em meu rosto.

_ Pensei que estivesse irritada. _ Diz ela.

_ Não estou. _ Falo olhando para meu prato.

_ Que bom que não se importa por eu e Ruan estarmos nos tornando amigos. _ Se controla Isabella, se controla. Ela está tentando usar o seu ciúmes contra você _ Ele é super legal, fiquei feliz por ter perdoado a sua traição. _ Olho para ela.

_ Do que está falando? _ Ruan pergunta e me olha.

_ Isa não te contou? Ela e... _ Meu pai interrompe.

_ Já chega desse assunto, Paloma. _ Diz sério.

_ Não, agora eu quero saber. _ Diz Ruan.

_ Não é nada, esquece isso. Paloma está blefando. _ Fala meu pai.

_ Ela não ia falar uma coisa dessas por nada. _ Ruan me olha novamente. Suspiro abaixando o olhar.

_ Ele tem o direito de saber. _ Paloma diz.

_ Cala a boca, garota. _ Ouço a voz de Natan.

Natan... Como ele contou uma coisa dessas a Paloma, justo a Paloma? Que raiva.

_ Não vai falar nada, Isabella? _ Ruan pergunta _ Por acaso, você me traiu com o Natanael?

_ E se foi? O que vai fazer? _ Natan desafia.

_ Isabella. _ Ruan continua me encarando esperando que eu fale algo. Através do meu silêncio, ele confirma suas suspeitas _ Não vai nem tentar negar?

_ Por que tentaria? Nós ficamos mesmo, pronto, satisfeito? _ Ruan levanta e vai para cima de Natan.

_ FILHO DA MÃE. _ Dá um murro no rosto de Natan e meu pai vai tentar separar a briga. Natan desconta o murro e a situação só piora.

_ Está feliz com isso, Paloma? _ A encaro e a mesma sorri vitoriosa. Levanto e entro no meio de Ruan e Natan.

_ Parem, já chega disso. Ruan, fica calmo. _ Seguro as mãos de Ruan e o olho nos olhos _ Por favor, se acalma. _ Sussurro. Levo ele para a sala de estar.

_ Aquele desgraçado. _ Tenta voltar para a sala de jantar, mas o seguro.

_ Se acalma. _ Peço.

_ Isabella, vamos para casa de Fernanda. Conversem e não destruam minhas coisas. _ Ouço meu pai dizer, mas não tiro os olhos de Ruan. Segundos depois, a porta se abre e fecha em seguida.

_ Por que fez isso? _ Ruan pergunta chorando.

_ Eu não sei... Estava com raiva, magoada, não estava pensando direito. Me perdoa, por favor. _ Ele se afasta de mim e passa a mão nos cabelos.

_ Quantas vezes? _ Quis saber.

_ Duas. _ Respondo baixo.

_ Quando foi?

_ A primeira na noite anterior ao acidente e a outra foi no fim de semana na cachoeira. _ Falo.

_ Vocês... _ Me olha _ Chegaram a ir para a cama? Fala a verdade, por favor.

_ Não. Foram beijos e... talvez tenhamos passado um pouco disso uma vez, mas não fomos para a cama.

_ Talvez? _ Vê-lo chorar estava me matando por dentro, o arrependimento e a culpa tomavam conta de mim, jamais quis ver Ruan assim _ Não acredito que fez isso comigo, Isabella. Eu SEMPRE tento te fazer feliz, e é isso que recebo. Um par de chifres. Achei que me amasse.

_ Eu te amo, Ruan. _ Falo _ Me perdoa, eu sei que errei e errei feio. Mas eu te amo, poxa.

_ Você me decepcionou, Isabella. _ Ouvir essas palavras dele, fizeram eu me sentir mil vezes pior _ Poxa, eu só queria te fazer feliz. _ Chora mais ainda _ O que eu fiz de errado? Você não está feliz comigo, é isso?

_ Não fala isso, por favor. _ Algumas lágrimas caem _ Ruan... _ Seguro seus braços _ Você não fez nada de errado, eu sou muito feliz com você. Fui eu quem errei, eu estava fora de mim, me perdoa. Por favor, me perdoa.

_ Eu te amo tanto, Isa. _ Diz alisando meu rosto, mas logo se afasta _ Mas não tiro da cabeça a cena de você e Ruan aos beijos. _ Vira de costas para mim e bate na parede com força _ Por que, Isa? Por quê? _ Ficamos alguns minutos em silêncio, apenas os soluços do Ruan eram ouvidos no ambiente. Ele senta no chão encarando o nada e apenas o encaro chorando em silêncio.  Me aproximo de Ruan e me abaixo em sua frente _ Você vai me trocar por ele? Vai me trocar pelo Natan? _ Pergunta entre soluços. Nego com a cabeça.

_ Eu nunca vou te trocar por ninguém, Ruan. Você é o meu Ruan, é o meu amor, é o meu namorado, o meu príncipe, o meu riso, o meu Mozi. Eu amo você e apenas você. Posso ter fraquejado com Natan, mas com ele foram apenas desejos carnais. Com você é diferente. É você quem eu quero para ser meu esposo, o pai dos meus filhos, é você quem eu quero ver todos os dias, com quem eu quero dançar na chuva, assistir filmes românticos no frio, dividir meus momentos bons ou ruins, é você quem eu quero para minha vida. Por favor, não esquece isso. _ Ele me puxa para um abraço e deito minha cabeça em seu peitoral.

_ Não me deixa, não me deixa nunca, Isa. Por favor. _ Ele pedia ainda chorando.

Passamos horas e mais horas assim. Abraçados enquanto ele acariciava meus cabelos e ouvindo apenas o meu choro e o de Ruan.

A Filha Do Diretor (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora