Capítulo 1 - Isso é Apenas Uma Ilusão

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26 de Outubro de 1950

Eram os primeiros dias de verão na cidade de Marion e o céu estava uma cor salmão ao pôr do sol. Parentes e convidados se encontravam naquele fim de tarde na casa de Carolina. De fato aquele evento era a oportunidade para muitas pessoas ali presentes poderem falar um pouco de si, de suas conquistas, o quanto eram importantes, sobres suas viagens para o exterior, da sua marca favorita de carro ou de bolsa, muitos se saudando com abraços falsos com um certo asco. A cada familiar da noiva que chegava o ódio e a inveja se espalhavam por aquela sala, que estava toda decorada com enormes lustres de cristal, que brilhavam tanto quanto os olhos de Carolina Morando.

Ela esta em seu quarto; se prepara para o que considerava o momento mais importante de sua vida, depois do nascimento de seu filho, Breno. Carolina usava um vestido bicolor: na parte do colo, uma peça lisa de corte "V", tanto na frente como atrás; embaixo dela, uma saia branca acoplada com forro e tule, que ajudam a dar um efeito mais rodado ao vestido; ainda usava echarpe e luvas brancas que combinavam perfeitamente com seus cabelos loiros.

Ela tinha um ótimo senso de moda e uma enorme coleção de vestidos, muitos dos quais havia usado em alguns filmes que protagonizou. O motivo de muitos ali estarem vem do fato de Carolina, durante uma etapa de sua vida, ter trabalhado como atriz. Ela havia feito poucos filmes, tivera uma breve passagem pelo mundo do cinema, mas que deixou sua marca, e por isso tinha muitos admiradores, tanto por sua beleza, como por seu talento. No entanto, tivera se apaixonado por um dos seus colegas de filmagem, e logo então, teria abandonado sua profissão para ter um filho com ele, mas que não teria um final feliz, já que durante a sua gravidez, seu então marido, havia sido diagnosticado com uma doença rara. Não demorou muito e ele veio a falecer. Eis que Carolina dedica sua vida a cuidar de seu filho, que amava muito.

Ela estava deslumbrada com aquele momento, era como se a vida estivesse dando-a uma segunda oportunidade de ser feliz; nada naquele momento poderia lhe causar algum incomodo, ela acreditava que todos estavam ali presentes pois a amavam e admiravam. Tudo ao seu ver, era perfeito.

Em um dos cômodos da casa encontra-se Francine Lorenzo, uma mulher muito bonita, morena de cabelos curtos ondulados, seus olhos eram verdes e ficavam muito bem destacados com a maquiagem de cor escura; carregava com ela um batom rosa que a todo instante passava em seus lábios. O que parecia ser mais uma convidada, trabalhava para Carolina a alguns anos já; tem uma personalidade muito manipulável, entregava-se para o primeiro homem que lhe dissesse aquilo que ela gostaria de ouvir. Ela conversa com Gustavo Sá, o anfitrião, mais diretamente o noivo. Diferente de Carolina, ele não estava tão empolgado com a festa, seu comportamento era de tranquilidade, segurava um cigarro, seus olhos falavam por si. Gustavo havia conhecido Carolina não fazia muito tempo, ela teria se encantado com o charme de galã dele, talvez via nele alguma característica do seu ex-marido. Assim como ela, também era viúvo e tinha uma filha. Deveria ter 1,84 de altura, sua pele era bronzeada, seus olhos escuros, tinha seus 30 e poucos anos. Gustavo e Francine mantinham um romance secreto. Eles estavam sozinhos, trocavam beijos, sem medo de serem pegos; após alguns minutos de beijos, eis que vem a pergunta num tom angustiante:

- Você realmente quer ficar comigo? - Inquiriu Francine, com os olhos já cobertos de lágrimas, temendo serem rejeitados.

- É o que eu mais desejo... Assim que eu tiver toda a herança de Carolina, iremos embora juntos. - Uma mentira que estava visível em seus olhos. Ele abre um sorriso sarcástico - Você não quer saber o que eu posso fazer.

- Sim, eu quero então. - Eles trocam sorrisos.

Na sala principal, Carolina, uma loira platinada de aparência ingênua chique, que se caracterizava pela naturalidade e jovialidade, dona de exuberante elegância e aparentemente feliz, recebe todos os seus convidados com uma recepção bem aconchegante, o que não sensibiliza as suas irmãs, Marceli e Eliane. O que elas não suportam é a ideia do seu pai ter deixado tudo para Carolina, assim criando uma rivalidade, pelo menos a segunda tem esse pensamento.

Assassinos Não ChoramWhere stories live. Discover now