Capítulo 2 - Ao Ver de Uma Criança

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"Quando olho para minha esposa, eu penso, o que passa em sua cabeça, o que pensa sobre mim, tenho vontade de desvendar sua mente, conhecer seu passado e entender seus planos, seu sorriso me faz querer ficar, mas sei que já quis fazer assim antes."

—Por que me trouxe aqui? – Questiona Carolina, olhando fixamente para Gustavo

—Achei que você iria gostar, apenas tentei ser mais romântico, eu te assustei? - Pergunta Gustavo.

— Papai, costumava andar de barco comigo, ele dizia que o mar passava o dia todo esperando a lua aparecer, assim como eu o esperava toda noite para me contar uma história, antes de dormir - Diz Carolina, num tom de voz baixo, enquanto olhava para a luz da lua que refletia sobre o mar.

—Seu pai realmente a amava muito, eu percebi isso.

—Você conhecia ele? - Interrompe Carolina, rapidamente.

—Não! Pessoalmente não, quis dizer que percebi isso pela maneira como você fala, pela forma que seus irmãos falam da sua relação com seu pai. - Diz Gustavo, apressadamente, tentando reparar a gafe que acabava de cometer.

Um ano antes da morte de Mauro, Gustavo havia o conhecido, em um desses hipódromos. Mauro era um homem de muitos poderes aquisitivos, trabalhou para dar a sua família, o suporte necessário que queria. Em seus momentos de folga, costumava ir fazer apostas em competições de cavalos, geralmente ganhava, mas também sabia se divertir quando não ganhava, sua falecida mulher, não gostava dos hobbies do marido, mas que não pudera impedir, já que ele fazia isso escondido. Em uma das vezes que foi fazer aposta, encontrou Gustavo, ele estava ali, como se tivesse apenas acompanhando a corrida, ele gostava de ficar observando. Antes que Mauro pudesse fazer aposta, ele se aproximou e disse.

— As pessoas geralmente apostam nos puro sangue mais velhos, talvez por sua fama, ou então, por medo de arriscar. Muitas vezes o cavalo mais novo pode surpreender.

— Por que diz isso, rapaz? Os mais velhos têm mais experiências, e acumulam vitorias, as pessoas são inteligentes o suficiente para saber que arriscar em algo novo, pode trazer problemas - responde Mauro.

As pessoas mal sabem como os cavalos são tratados, não sabem como foram os anos de treinamentos para eles estarem aqui, uma hora eles irão adoecer, e aí terão que apostar em outros, sem mesmo saber seus nomes - dispara Gustavo, enquanto se aproxima mais de Mauro.

— E qual é sua aposta, meu rapaz? - questiona Mauro, olhando para a pista de corrida.

Não tenho condições de apostar, mas posso observar, faço isso muito bem! Geralmente acerto quem ganha, parece menos arriscado.

Então, qual você tem observado mais, que pode ganhar essa corrida? Tenho apostado no puro sangue trovão a muitos anos, sempre me deu vitorias, mas também derrotas - diz Mauro.

— Eu diria que o puro sangue vermelho tem chances, percebi que é novo por aqui, parece bem cuidado, eu acredito nele.

— Apostarei nele, pois você me convenceu rapaz, é ótimo nisso!

— Em observar? - pergunta Gustavo.

— Não, em convencer, deve ter muitas pessoas acreditando em você - fala Mauro, enquanto faz sua aposta no cavalo chamado vermelho.

— As pessoas acreditam no que elas acham que é melhor pra elas - termina Gustavo.

É dada largada, eles olham atentamente, os cavalos Trovão e Vermelho disputam a vitória. No entanto, o vermelho ultrapassa o velho trovão e vence. Mauro não esconde sua exaltação por ter vencido a aposta. Gustavo apenas mantem sua postura e ri de forma sarcástica, enquanto planeja seus próximos atos.

Assassinos Não ChoramWhere stories live. Discover now