L i g n e d' a r r i v é e

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A noite não poderia ser mais surpreendente do que sua mudança imediata de sons, minutos atrás eu estava no silêncio enlouquecedor do meu quarto, agora, me encontrava entre gritos, motores potentes de carros antigos e pessoas com dinheiro nas mãos

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A noite não poderia ser mais surpreendente do que sua mudança imediata de sons, minutos atrás eu estava no silêncio enlouquecedor do meu quarto, agora, me encontrava entre gritos, motores potentes de carros antigos e pessoas com dinheiro nas mãos. Suas expressões de animação se misturavam com as de tristeza após os términos de corridas e a festividade daqueles que ganhavam. Os diversos carros faziam com que aquele lugar tão mal iluminado e sombrio se tornasse um belo desfile de cores.

Como eu havia ido parar ali? Nem mesmo eu sabia. A necessidade de sair das quatro paredes que fechavam o meu quarto fizeram com que eu me desloca-se sem rumo, com nenhum pingo de atenção, fazendo com que meus pés e a névoa dos meus pensamentos me deixassem parar naquele local desconhecido e agitado.

Diante tantas pessoas, eu me sentia completamente indefesa e pequena, toda aquela euforia poderia ser demais após o dia longo que eu tive. Meus braços ficavam na frente do meu corpo, na intenção de me proteger das energias daquele lugar e o vento frio que corria entre as ruas da cidade, sendo capaz de ultrapassar até mesmo o carro mais potente presente ali.

Tudo estava confuso. Aquele lugar era confuso. Eu estava confusa e assustada. Era uma péssima hora para ter saído sem rumo, um péssimo momento para estar naquele lugar.

Cogitei a ideia de ligar para Isaac, mas o mesmo deveria estar dormindo e se aventurando entre os seus diversos sonhos profundos.

E eu também não estava preparada para ver o moreno de olhos verdes, pois sabia que o acontecimento de horas atrás iria voltar — E eu não estava nem um pouco disposta ou animada para enfrentar aquilo.

Meus olhos passeavam como o vento pelas pessoas, a maioria delas pareciam a vontade naquele lugar que com certeza estava lotado de coisas ilegais. A merda seria grande caso a polícia aparecesse e prendesse aqueles que não conseguiram fugir. Com certeza eu seria uma delas.

A hipótese de ser presa fez o meu estômago embrulhar, corridas eram ilegais e aquilo me incomodava intensamente, diferente das demais pessoas presentes ali. A indiferença delas fazia com que a obrigação de me acalmar crescesse dentro de mim. Pena que não dei ouvidos à ela e meus pés não se incomodaram em andar mais um pouquinho.

Em questão de segundos o meu corpo já estava na beira da estrada, um carro preto e brilhante corria ao lado de um amarelo com listras grossas da mesma cor do seu concorrente, ambos se arrastavam procurando uma brecha para ultrapassar o outro, indo em alta velocidade em direção ao tal prêmio desejado por eles.

A adrenalina correu por todo meu corpo enquanto as pessoas me empurravam sem piedade até a beira da estrada, eu era invisível para elas, aparentemente qualquer ser humano era invisível para eles, sua consideração era apenas para si só. Milímetros mais para frente do meu corpo o carro passou em disparada, um pouco mais perto e o belo carro preto brilhante estaria manchado com marcas vermelhas do meu sangue que entrariam em contraste com a lataria, se eu tivesse menas sorte, eu estaria sendo arrastada pela multidão até a linha de chegada, pendurada no carro.

RUINESWhere stories live. Discover now