8. O Aviso Foi Dado

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Terça-feira, 08:30 AM

Desperto e a primeira coisa que faço é correr para o banheiro e vomitar. Eu de verdade não aguento mais ficar vomitando, eu detesto isso. Acho que estou com algum problema no estômago ou sei lá... Pode ser porque tenho andado muito nervosa. Mas eu não vou ao hospital, eu odeio. Vai ser sempre a última opção para mim.

Vou direto para um banho e depois de ficar pronta, vou para a empresa. Zayn chegaria 12:00h e sairia às 15h para começar o ensaio com Angel.

Chego e percebo que Brandon ainda não apareceu. Suspiro e deixo minhas coisas na minha sala, indo para o estúdio começar a arrumar as coisas mais uma vez.

Zayn chega no horário desta vez, mas não diz nenhuma palavra. Eu faço o mesmo. Ele pega uma das roupas que vai usar e vai se vestir, enquanto fico esperando e pensando em algumas coisas.

Ele sai em alguns minutos e pega o isqueiro que usaria para as fotos. Vai para o fundo branco e me olha:

- Leu o bilhete?

- Que bilhete?

- Aquele que estava no meio do buquê.

- Ah sim... eu nem percebi, só joguei fora. - Olho a câmera sem dar importância ao assunto.

- Por que fez isso? - Ele bufa.

- Porque eu não quero nada que venha de você. Será que não deixei isso claro? - O olho. - Só aceitei trabalhar com você porque sou uma profissional e a empresa não é só minha. A quantia que você vai pagar vai ser útil para muitas coisas.

O silêncio se instala no estúdio e logo começamos as fotos. Terminamos as 15:04h e logo após Angel vem chamá-lo para saírem. Ele se veste enquanto ela pega as coisas que vão levar e logo saem. Suspiro aliviada por ter levado menos tempo hoje e por ter conseguido finalizar as fotos que precisavam ser feitas no estúdio para o álbum. Ele não fez nada hoje, não trocamos uma palavra que não fosse em relação as fotos e ele nem chegou perto, mas o simples fato de ele estar presente no mesmo lugar que eu, me deixa mal. Eu sinto uma coisa muito ruim, é como se eu estivesse sendo sufocada por uma fumaça tóxica. Ele me faz mal só por existir e estar ao meu redor, por estar na minha vida novamente, tentando arruinar tudo.

Depois de guardar as coisas, saio do estúdio e antes de ir para minha sala, vou falar com Katherine.

- Boa tarde Katherine, viu se Brandon já chegou?

- Boa tarde Elloy. - Ela sorri educada. - Ele acabou de telefonar e disse que chegará um pouco mais tarde.

- Ah... okay. Obrigada. - Sorrio e vou para a sala.

Entro e me sento na cadeira, respirando fundo. Pego uma barrinha de chocolate na bolsa e como sem demora. Depois que termino e bebo água, começo a pensar em Brandon e no nosso relacionamento... Para onde as coisas estavam indo? E tudo por minha culpa. Eu estava o afetando, afetando nossa relação. Senti que estava voltando a ser aquela Elloy de alguns anos atrás, em Nova York.

(...)

Já são 21:05h e não tenho mais nada para fazer aqui hoje. Me arrumo para ir embora e saio de minha sala, vendo a porta de madeira que fica três salas depois da minha, trancada. Quando Brandon chegou, disse que precisava de concentração total para finalizar algumas coisas e que não gostaria que ninguém fosse em sua sala. Nem mesmo eu.

Suspiro e paro de encarar aquela porta, saindo do corredor em direção dos bebedores e banheiros para encher minha garrafa. O ambiente está quieto, apenas Angel sai do banheiro e me dá um sorriso ao qual retribuo. Pelo que parece, ela também já terminou seu trabalho hoje.

Termino de encher e saio para ir embora. Quando coloco meu pé para fora da empresa, Zayn está com uma caixa de chocolates nas mãos.

- Não é possível. Será que eu bati a cabeça no bebedouro, morri e não saquei? - Ele parece confuso, mas responde.

- Por que diz isso?

- Porque eu saí da empresa esperando encontrar a avenida de sempre e encontrei o diabo me esperando na porta do inferno. - Disparo com raiva e ele quase deixa a caixa de sua mão cair.

- Eu sou tão ruim assim? Você me odeia tanto assim?

- Você é pior do que tudo. Você é o meu próprio inferno, você aterroriza meus dias, tira minhas noites de sono. Você está conseguindo me destruir novamente.

- Eu só quero você de volta. Eu quero que me perdoe também.

- Você é um doente! - Gesticulo sentindo nojo.

- Você lembra disso? - Ele coloca a mão no bolso e tira um par de alianças prateadas, caminhando para perto de mim. Ando para trás e paro ao lado da placa de trânsito.

- Tira isso de perto de mim! - Falo assustada, sentindo meu corpo esfriar. Eu estava me sentindo como um demônio perante um crucifixo.

- Você deixou na mesinha do meu quarto no dia em que foi embora.

Ver aquelas alianças, senti-lo se aproximar de mim, me fez voltar naquele dia. Exatamente tudo que aconteceu voltou como uma bomba na minha cabeça e eu senti tudo que havia sentido naquele apartamento. Eu estava prestes a gritar. As lágrimas começaram a cair sem esforço algum e minha voz estava presa na garganta. Eu demorei para conseguir dizer algo, mas quando consegui, saiu como um sussurro:

- Se afasta de mim, me deixa em paz... Por favor, eu imploro.

- Vai ficar tudo bem, querida. Eu não vou te machucar.

Ele vem me abraçar e eu fecho os olhos, sentindo minhas pernas vacilarem.

- Eu te dei meu recado.

Ouço a voz de Brandon e abro os olhos. Antes que Zayn conseguisse me tocar, Brandon o puxa com força, o virando para si e acertando um soco forte no rosto do mesmo, que cai no mesmo instante. James sobe em cima do mais baixo caído no chão e lhe acerta diversos socos no rosto, cada vez mais fortes enquanto lhe xinga. Malik sangra cada vez mais e eu me sinto fraca de presenciar aquilo.

- Brandon, para! Vai matá-lo, sai de cima dele! Por favor!

Eu peço chorando e tento puxar seu braço, mas é como se nada pudesse pará-lo. Ele tinha 1,93 de altura e eu apenas 1,68. Era como se um bebê tentasse parar um Rottweiler adulto correndo em sua direção.

Os seguranças aparecem rapidamente e conseguem tirar Brandon de cima de Zayn que está desacordado. Enquanto dois deles levam Brandon para dentro, outros pegam Zayn e colocam no transporte da empresa, correndo para o endereço do hospital.

Mabel corre com Kat até mim e me levantam da calçada onde eu estava sentada, chorando como uma criança. Ambas me levam para minha sala para que eu me acalmasse, ou tentasse.

Me sento no sofá que agora parecia mais frio que nunca e tento beber água. Por mais que minha mão tremesse, eu consegui dar alguns goles e fui cessando o choro, até parar totalmente uma hora depois. Peço as meninas para ir ao banheiro, e como o previsto, meu estômago embrulha.

Me sento no vaso e fecho os olhos, voltando a cena de a pouco. Eu estava me sentindo mais culpada do que nunca. Brandon que era a pessoa mais calma que eu conhecia, raramente elevava sua voz com alguém e nunca se meteu em uma briga antes, estava uma hora atrás praticamente espancando na calçada o homem que desgraçara minha vida. Nossas vidas.

Eu não podia deixar isso continuar, eu não podia deixar Brandon mudar por minha causa. Eu não podia vê-lo sofrer por causa do que vêm acontecendo, eu não podia deixar que meu problema virasse seu problema também. Ele estava mal. Eu estava mal. Estávamos distantes, e por mais que me doesse, decidi prosseguir com a ideia que tive.

Nós daríamos um tempo.

I Lied [Concluída]Where stories live. Discover now