2 - Pimentel's

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Podia afirmar que Federico e eu eramos ótimas pessoas para começar uma discussão, mas éramos tão ótimos quanto para que pudéssemos nos resolver.

Um dos maiores ensinamentos dos meus pais, era que: por mais que você estivesse brigado com o mundo, as únicas pessoas na qual você não poderia estar brigado, era a sua família. Então, antes de Federico sair na noite de sábado passado, ele me pediu desculpas e prometeu não insistir nesse assunto a não ser que eu estivesse pronta para o enfrentar.

Esse era o problema. Eu estar pronta.

Já fazia sete anos desde que eu e Joel brigamos e cada dia que passava menos pronta para o ver eu me sentia estar. E isso me agonizava. Por que a minha maior saudade era passar minhas horas com o garoto. Seja conversar sobre besteiras, testar nossos dotes culinários e até mesmo assistir Harry Potter ou Friends.

Por mais que a saudade de casa estava grande antes de chegar em Hespéria, eu sabia que o meu verdadeiro lar era Joel. O que fazia o meu peito se sentir vazio. As vezes desejava que tudo fosse como sete anos atrás. Que ninguém nos atrapalharia e iríamos juntos nos aventurar pelo mundo como sempre sonhamos. Atualmente, eu aventurava o mundo com uma equipe de fotografia para fazer campanhas para revistas.

O dia de hoje passou devagar, era o meu segundo sábado em casa e só de pensar que na próxima sexta feira eu e Cecília estaríamos indo para o show que ela não me deixa esquecer com lembretes diários, já me fazia praguejar por ter aceitado essa ideia.

- Mija, iremos jantar fora hoje, vá se arrumar. - a minha mãe invade o meu quarto carregando uma pilha de roupas e as repousando na minha cama.

Estranho o aviso. Não era muito comum sairmos para jantar.

- Onde vamos? - eu me limito a perguntar.

- Nos vizinhos. - ela diz somente enquanto se virava novamente em direção a porta e isso basta para que eu sinta meu coração bombear fortemente em meu peito.

- Mãe! - eu praticamente berro e assim eu ganho a sua atenção. - Não me faça vê-lo, não me sinto preparada ainda. - suplico.

Por alguns longos segundos, eu carrego o olhar de minha mãe, que me observava e provavelmente pensava mil coisas.

- Ele não está. - é tudo o que ela diz, e meu desespero se dá lugar a confusão.

- Como assim?

Ela volta a adentrar o quarto, se sentando na ponta da minha cama e fazendo círculos na minha colcha de retalhos.

- Ele viaja praticamente cem por cento do tempo, às vezes em que ele está em Hesperia geralmente são raras. Seu trabalho o ocupa mais do que um dia eu imaginava que poderia. - ela explica brevemente e seus olhos amarelos me encontram.

Eu somente assinto devagar, sem vontade de saber mais sobre esse tal trabalho ou sobre ele.

- Não está dizendo isso para me enganar, não é? - a minha desconfiança ultrapassa a minha vontade de confirmar a minha ida para o jantar.

- Por mais que eu queira muito ver vocês juntos de novo, não seria capaz de empurra-la em uma jaula com leões e desejar que você saia viva. Então o que me resta é esperar o seu momento.

Eu não seguro meu sorriso enfraquecido, assentindo e apreciando sua ação.

- Obrigada, mãe.

Ela sorri.

- Saímos em uma hora. - e assim ela beija a minha testa, finalmente me deixando sozinha e me afogando em pensamentos.

Fui perseguida por lembranças desde o momento em que entrei no banho até quando pisei na sala de casa, sendo a segunda a estar pronta e tendo que esperar minha mãe e Fed se arrumarem enquanto desfrutava da companhia de papai.

Sólo YoOnde histórias criam vida. Descubra agora