7 - Malibu

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Joel Pimentel's Point Of View

Zabdiel e Cecília conseguiram alugar uma casa em Malibu para passarmos a semana. Isso mostrava o quão ansiosos eles estavam para passar um tempo juntos, mas com não tanta paz, porque isso não existia no vocabulário de Erick e Christopher.

No domingo após o show, acordamos cedo para fazermos o check-out do hotel e pegarmos estrada. Como estávamos em sete e somente Sophia estava com carro, tivemos que alugar um outro carro, e foi aí que as coisas começaram a acontecer.

Quem alugou o carro, foi Zabdiel, o que significava que obviamente ele iria dirigir, e como ele estava junto de Cecília, ele iria querer que a brasileira a acompanhasse e como eu bem conhecia Sophia, ela iria impedir de alguém atrapalhar o momento do casal, o que significava que ela dirigira o seu carro, na companhia de quatro outros homens, incluindo a mim, o ex melhor amigo.

Estávamos agora guardando as malas no carro, o que foi quase un desafio porque eu e os meninos tínhamos nossas malas gigantes conosco. Mas felizmente conseguimos dividir os pertences nos dois carros.

No momento, estávamos entrando nos carros e eu só conseguia perceber cada vez mais que Sophia bocejava e esfregava seus olhos, sinalizando o seu sono. Ela não era a melhor pessoa para acordar cedo. Realizar isso me fez agir com o impulso acima da consciência.

- Você quer que eu dirija? - Eu me aproximo dela e minha voz a assusta. Era a primeira vez em sete anos que eu havia me dirigido propriamente sobre ela.

Ela passa vários segundos me encarando, talvez sem saber como reagir, mas eu não me abalo. Sustento o seu olhar até ela piscar várias vezes e mudar seus olhos de direção.

- O carro é da minha mãe. - Ela não responde a minha pergunta.

- Você está com sono, e tenho certeza que sua mãe não se importaria de me fazer dirigir o carro dela. - Aponto, fazendo a garota se calar e pensar por alguns segundos na possibilidade.

Ela balança a cabeça em uma concordância e assim ela tira do bolso da calça jeans as chaves. Eu agradeço e com isso ouço Erick nos chamar para irmos. Os rapazes já esperavam dentro do carro e o único lugar sobrando para Sophia era do meu lado. Meus amigos eram umas pragas.

Partimos em rumo a casa, deixando Zabdiel e Cecília na frente para que eu pudesse os seguir. Na primeira meia hora, todos cochilaram e enquanto eu me focava na estrada e a cada cinco minutos encarava a garota adormecida ao meu lado. Mas então o trio atrás de mim acabou se entediando com o silêncio e a risada deles acordou Sophia.

- Hey Sophia, podemos colocar uma música? - Richard pergunta e uma Sophia sonolenta somente assente, ainda de olhos fechados.

O momento resulta num conjunto de risadas e isso faz minha ex melhor amiga bocejar.

- Nove da manhã e vocês nesse pique. Eu não entendo. - Ela diz quase incrédula, fazendo os meninos rirem. Eu contenho minha risada, percebendo o quanto eu havia sentido falta do seu atrevimento.

- São nove da manhã, Sophia! - Christopher acusa e a garota dá de ombros.

- Para mim soa como madrugada ainda. Faz muito tempo que eu não ganho dois meses de férias. Não me julguem.

Mais risadas, dessa vez eu acompanho e recebo um olhar dela, ela quase me perguntava qual seria a graça da sua explicação pelos olhos, mas eu fingi que não vi.

- Às vezes temos que acordar às três só para pegar aviões, isso sim é madrugada. - Erick diz e ganha um olhar surpreso da californiana.

- Eu nunca mais vou reclamar de acordar às seis para tirar fotos.

Mais uma vez eles riem. Conversar agradavelmente com Sophia se baseava nisso.

- Você desfila também, Sophia? - É Richard quem pergunta.

A morena balança a cabeça em negação.

- Não tenho altura para isso. - Ela explica e uma risada sem querer acaba escapando da minha garganta e eu me repreendo internamente. Sophia me olha com os olhos cerrados. - Algum problema, Joel?

O trio se seguram para não rir e eu imagino a cara de animação de Erick ao nos ver interagindo.

- De jeito nenhum. - Me limito a responder e pelo canto do olho a vejo conter um sorriso, exatamente como eu.

Os próximos minutos se resumem nos três discutindo sobre qual música colocar, que no fim resulta em uma playlist com as músicas latinas mais populares do momento.

Foi engraçado ver a reação dos meninos ao descobrir que Sophia era completamente desligada em relação a músicas. A explicação dela continuava a mesma, sempre fora como "qual é o motivo de decorar letras e ritmos quando eu posso aproveitar o silêncio" e ela sempre adicionava: "obviamente eu não evito lugares com músicas, quando alguma toca eu aproveito seus minutos, mas logo depois literalmente me esqueço do que se falava ou como era".

- Isso é muito estranho. - Erick é o primeiro a comentar sobre sua ideologia. Eu sorrio. Estava tão acostumado que para mim isso somente soou estranho quando ela me admitiu que as únicas músicas que ela decoraria um dia seria as minhas. Bom, eu já tinha uma boa quantidade de músicas na indústria.

- Pode ser que sim. Mas eu não consigo mudar isso. - Ela dá de ombros.

O silêncio inunda o carro e enquanto eu batucava um ritmo latino no volante, Sophia encarava a paisagem e o trio sussurava entre si. Mas isso não durou mais que dez minutos, porque logo Christopher veio com mais uma pergunta, só que dessa vez ele não se dirigia somente a Sophia.

- Sophia, você e o Joel já se conheciam? - O sotaque equatoriano quebra o silêncio, e foi inevitável não olhar para Sophia, que agiu da mesma forma.

Nossos olhares se encontram e eu não sei o que responder, por isso tento deixar a resposta na mão da minha ex melhor amiga.

- Ahn... Me lembro vagamente de Joel sendo meu colega de classe. Já fazem sete anos desde que abandonei a escola de Hesperia. Não me recordo perfeitamente. - Sophia mente e eu olho pelo retrovisor um cubano que prendia o riso.

- Entendi. - É a única coisa que Chris responde. E com isso finalmente ganhamos um pouco mais de paz na viagem, que somente durou mais quarenta minutos.

Assim que chegamos, descarregados todas as malas e exploramos os cômodos da casa. Era gigante e tinha exato sete quartos, ficava de frente para o mar e era isolada, comparada a outras casas. A mobília e decoração eram lindas, mas infelizmente não possuia nenhum tipo de comida, o que resultou em Cecília, Zabdiel, Erick e Sophia tendo que ir ao supermercado para que pudessemos ter como nos sustentar tanto de comida quanto de bebida para os bêbados que não conseguer se divertir sem álcool.

Mas foi estar sozinho com Richard e Christopher, que logo fui abordado de perguntas assim que me sentei no sofá para mexer no celular.

- Desembucha. - É Richard quem diz. - O que você e Sophia tem?

Travo, sem saber como reagir. Eu não era tão bom mentindo enquanto estava encurralado.

- Ahn.. Não é nada. Foi o que ela já disse, éramos colegas e...

- Não mente Joel. - Christopher pede. - Sophia até que consegue nos enganar mas você não.

Eu bufo, não tinha para onde fugir.

- Então sentem, porque a história é longa.

Sólo YoWhere stories live. Discover now