Viane.

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A campainha bateu logo em seguida, o que indicava que tínhamos que nós apressar para encontrar Vitória.
Saí da sala soltando fumaça, eu não queria deixar na cara que estava com ciúmes, mas eu nunca fui muito boa de esconder as coisas ainda mais quando se tratava dos meus sentimentos.

— Achei ela tá bem ali. – disse Duda apontando na direção de Vitória.

— Não aponta! – reclamo.

Pegamos nossos lanches e sentamos com Vitória que até então estava sozinha, ela sorriu parecendo animada com nossa presença.

— Oi, quanto tempo. – falo sem pensar.

Duda e Grazy se entreolharam.

— Na verdade a gente se viu ontem. – respondeu ela com um sorriso no canto da boca.

Balancei a cabeça indicando que era brincadeira e me juntei a ela, os primeiros dois minutos foram constrangedores pôs ninguém falava nada e nós estávamos apenas olhando uma para o rosto da outra.

— A Eduarda me disse que você canta. – começou ela. — Vai participar do concurso de talentos da escola?

Eu não havia pensando sobre aquilo, eu havia participado no ano retrasado, mas eu não consegui ficar entre os três primeiros então meio que desisti da música, até porque eu nem gostava tanto assim... Mentira! Eu gostava sim.

— Ah com certeza não, eu participei uma vez, já faz dois anos antes do ensino médio. – respondi.

— Mas você deveria vai que você ganha dessa vez?

Revirei os olhos e levantei a sobrancelha alegando que aquilo era impossível, minha prima tinha ficado em primeiro lugar quase todos os anos, ela também cantava.
Quando éramos pequenas e não existia esse lance de competição feminina e popularidade, nós costumávamos cantar juntas na igreja todos os domingos, depois nossos pais nos levavam para a sorveteria e nós duas íamos brincar no parquinho.

Mas aquilo tudo foi antes do final do ensino fundamental e o começo do médio, no oitavo ano Letícia parou de ir dormir na minha casa e lanchar comigo e minhas amigas, ela começou a namorar alguns meninos e todas as suas conversas eram sobre aquilo, e agora éramos meras conhecidas.

— Sei no que você está pensando. – disse Duda.

— O que? – perguntou Vitória.

Engoli em seco.

— A Letícia quase sempre fica em primeiro lugar. – Duda me deu um sorriso malicioso. — Seria legal se a Viane ganhasse pelo menos uma vez.

Todas concordaram, menos eu.
O que eu menos queria era comprar briga com Letícia que já me odiava o suficiente.

— Vocês conhecem a Letícia?

Elas concordaram.

— Ela é minha prima. – falei, limpando a garganta. — Você gosta dela?

O sorriso de Vitória foi murchando e ela inclinou a cabeça para o lado como se estivesse pensando sobre o assunto e por fim disse:

— Não sei acho que não muito, ela só fala comigo por causa do meu irmão e eu odeio quem faz isso.

Senti um aperto no coração e comecei a entrar em desespero, Grazy tentou manter a calma e Duda parecia intrigada.

— Alguma de vocês está apaixonada por ele?

Minha garganta fechou.

— Não! – disse Duda.

Estávamos indo mal, cedo ou tarde a garota descobriria toda a verdade e nos odiaria e teria toda razão para isso.

— Você gosta de ir pro shopping? – perguntou Grazy.

Eu já havia esquecido que tínhamos combinado de convidar ela.
Ela disse que sim e Duda fez o convite,  e falou que iríamos escolher meu vestido de aniversário e Vitória confirmou no mesmo segundo.

— Onde vai ser sua festa?

— Vai ser em um Buffett por insistência da minha mãe o nome dele Casa dos sonhos, não sei se você conhece.

Ela ficou boquiaberta e tinha seu olhar paralisado.

— É sério? Que massa! ele é tipo o melhor buffet da cidade, vive passando propaganda dele na tv, você tem muita sorte.

Muita sorte.
Eu não concordava tanto com aquilo pois eu sabia que aquele aniversário me traria grandes problemas, aliás já estava trazendo.

— Você vai está convidada quero que você vá. – respondi, deixando a mesma feliz.

— Vou gostar de ajudar você a escolher o vestido, você já é bonita com o vestido certo vai ficar incrível!

Dei um sorriso forçado a ela e perguntei:

— Você pode fazer um favor pra gente? – ela concordou. — Não comenta com a Letícia sobre o buffet ela ainda não sabe.

Vitória abriu a boca para questionar, quando fomos surpreendidas:

— Oi maninha. – disse Henrique.

Comecei a morder meu sanduíche e fingir que o mesma não estava lá, até porque eu estava irritada com ele que não era nada meu, e eu não tinha direto de sentir ciúmes, mas eu tinha direto.

Entendeu?

— Oi Viane, não sabia que conhecia minha irmã. – disse ele.

Dei um pequeno sorriso e voltei a comer, as meninas notaram que havia algo errado e começaram a me observar, Henrique também notou porque se sentou ao meu lado.

— Você tá legal? – sussurou ele pra mim.

— Não é da sua conta! – respondi.

O que?
Da onde havia surgido aquilo?

Ele arregalou os olhos e tocou meu braço, estava com as sobrancelhas levantadas parecendo ofendido.

— Nossa!

— Desculpa. – falei me levantando. — Então Vitória hoje três horas no shopping, você vai não é?

Ela balançou a cabeça positivamente parecendo confusa, as meninas se levantaram também e me seguiram.

— O que foi aquilo? – perguntou Duda.

Grazy começou a sorrir.

— Eu não sei, eu tava com ciúme e acabei sendo arrogante será o que a Vitória achou disso?

Grazy deu de ombros parecendo não ligar e Duda disse:

— Que você é louca! Mas agora ela vai pensar que você odeia o irmão dela e isso não é tão ruim.

Passei a mão pelos cabelos agoniada, eu nem sabia porque tinha sido tão grossa com ele.
Quando entrei na sala minutos depois, encontrei o olhar de Henrique que parecia envergonhado, dei um aceno com a cabeça e fui sentar.

— Eu sou tão idiota. – falei encostando a cabeça na mesa.

Duda massageou minhas costas.

— Relaxa, chama ele depois e diz que tava estressada, não sei  inventa algo. – disse Grazy.

Eu não sabia o que iria inventar, só sabia que aquele seria um dia cheio e se Henrique estivesse ou não zangado comigo, aquilo teria que ficar para depois.
Olhei para ele pelo canto do olho e vi o mesmo conversando com alguns amigos, minha prima estava tentando atrair sua atenção, mas não estava dando tão certo.

Era ruim ficar feliz por aquilo?

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasWhere stories live. Discover now