Viane.

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Essa era a verdade. Era assim que eu me sentia quase sempre, como se eu sempre estivesse errada talvez porque eu nunca parei pra pensar de fato antes de tomar minhas decisões, eu estava sempre agindo por impulso e nem sempre eu aguentava aquela adrenalina toda, precisava mudar aquilo não pelos outros e sim por mim,eu deveria fazer alguma coisa por mim mesma.

A conversa com Henrique podia ficar para depois ou os últimos preparativos para minha festa, eu precisava urgentemente fazer algo que eu realmente queria, e se eu quisesse competir? Era isso que eu falaria então depois me resolveria com Letícia, o negócio agora era comigo.

— Tudo bem? – perguntou Guto interrompendo meus pensamentos. 

balancei a cabeça positivamente, mas ele não pareceu convencido.

— Eu estava pensando no que você disse, sobre eu participar do show de talentos e pra falar a verdade eu não sei do que eu estava com tanto medo, se era de perder ou se era da minha prima, eu nem sei porque deixo ela ter esse controle todo sobre mim.

— Então.. você vai participar não vai?

Vou!

— Ainda vou pensar sobre, preciso da opinião de uma pessoa. – falei mais animada do que queria.

Já fazia um bom tempo que eu não me apresentava para muitas pessoas, a última vez eu tinha 14 anos se me lembro bem, foi no concurso da escola e eu fiquei em 3° lugar, eu gostava daquela emoção, ouvir os instrumentos e depois cantar encachando tudo em uma perfeita sintonia, enquanto as outras pessoas batiam palmas e davam gritinhos e meus amigos gritavam meu nome, gostava dos cartazes que Duda e Grazy faziam pra mim, poxa.. como eu havia esquecido de tudo aquilo?

Guto acabou dizendo alguma coisa, mas não ouvi.

— Hein?

— Minha aula vai começar, preciso ir. – repetiu ele com um sorriso triste.

Levantei do banco junto com ele e o abracei, dessa vez não o peguei de surpresa e ele correspondeu o abraço, deslizou os braços pelas minhas costas e me apertou, fiz o mesmo e coloquei meu rosto em seu peito, Guto tocou meu cabelo na nuca assim que encostei meu rosto, era uma sensação boa e relaxante, quase como um frio na espinha.

— Tchau. – falei me afastando e ele acenou em resposta.

Passei pelo corredor e depois destranquei a bicicleta, comecei a pedalar ainda pensando em tudo aquilo, como tinha sido fácil me resolver com Guto e como agora eu estava me sentindo corajosa sobre participar do show de talentos, precisava falar disso para alguém e eu já sabia quem seria.

Entrei em casa e subi as escadas correndo, peguei meu celular e liguei para vovó ela não demorou muito para atender e assim que atendeu eu disparei a falar:

— Então vovó eu não falei pra senhora, mas vai ter um show de talentos na escola.. tem praticamente todo ano, acho que a senhora sabe disso porque minha tia ama falar no grupo da família que a Letícia ganha todo ano, bem eu resolvi participar esse ano.. eu ainda não resolvi.. talvez eu participe, tenho uma grande chance de fazer isso, o que a senhora acha? – recuperei o fôlego. — Ah eu ia esquecendo, benção vó.

ela passou alguns segundos caladas e eu estava apenas escutando sua respiração.

— Deus te abençoe, meu amor. Você vai cantar na sua escola? 

Confirmei com a cabeça, mas logo lembrei que ela não poderia ver.

— Acho que sim, o que a senhora acha?

Escutei ela estralar a língua, fazia isso quando estava pensando.

— Não vejo motivos pra você não participar faz tempo que não te ouso cantar, posso ficar aí mais um tempo pra assistir sua apresentação. – ela suspirou. — Como é que sua prima sempre diz? Acho que era.. é, você vai arrasar!

Dei uma gargalhada e ela também sorriu.

— E pra quem a senhora vai torcer? – brinquei.

— Não seja besta, você sabe muito bem, mas pra quem perguntar estou torcendo para as minhas duas netas queridas. 

Mesmo que ela falasse isso não iriam acreditar, Letícia não iria até porque ela vivia dizendo que vovó gostava mais de mim do que dela, mas não era como se ela se importasse tanto assim com ela, quando eramos crianças ela chorava pra não ir para a casa de nossa avó nas férias enquanto eu esperava o ano inteiro por aquilo. De qualquer jeito eu entendia qual era a dela, ela estava super acostumada a ser o centro das atenções na família e todos amavam muito ela, eu nunca me importei com isso porque eu tinha a atenção de quem eu queria ter.

— Você finge bem que não tem inveja de mim. – ela me disse certa vez quando tínhamos 10 anos no natal quando ela ganhou mais presentes do que eu.

Uma pessoa bem difícil..

— Já avisou seus pais que vai participar? 

— Ainda não, vou avisar, mas antes vou dizer pra Duda e a Grazy que me inscreveram nesse concurso agora a Letícia vai se surpreender quando me ver lá no dia, espero que isso não cause muito problema.

Era claro que ia dar problema, eu conhecia Letícia dês de sempre e sabia que ela iria querer me matar o que nem fazia muito sentido, se ela se achava tão melhor do que eu por que eu sempre parecia uma ameaça para ela? Eu já tentei entende-la, antes quando eramos amigas e estávamos quase sempre juntas, mesmo naquela época ela procurava um meio de me afastar do nada e odiava quando eu fazia alguma coisa que ela também fazia como participar de uma competição de contos na 5° série.

— Você conhece sua prima, se quiser eu posso conversa com ela acho que ela vai entender. – sugeriu vovó, mas suas palavras não eram confiantes.

Disse que não precisava e me despedi de vovó e fui tomar banho, precisa relaxar mesmo que ainda tivesse muito o que se fazer e pensar, mas eu deixaria aquilo para o dia seguinte, passei shampoo nos cabelos e comecei a esfrega-los, foi quando lembrei do toque de Guto na minha nuca por cima do meu cabelo, antes que eu percebesse estava acariciando aquele mesmo lugar e lembrando do seu toque. 

Foi esquisito.

Como Arrumar Um Namorado Em 17 DiasWhere stories live. Discover now