As coisas não andam muito bem para os Pequenos Garotos Maus, e não têm previsão para melhorar.
Pietro tem certeza que ele e os amigos conseguirão acabar com a estranha ligação que têm com o diário, mas ele ainda precisa lidar com o fato de estar env...
Pietro não conseguia acreditar o quão entretido conseguira ficar com a aula de magia. Ele até mesmo se esquecera de todo o problema envolvendo o diário e os seus amigos.
O Sr. Adamantem havia levado para a aula diferentes tipos de pedras e ensinara aos garotos como transformá-las em outros objetos. Claro que Pietro já aprendera como mudar a forma das coisas, mas aquilo era diferente. Quando fazia ali, junto com os seus outros colegas da Terra, ele usava a força da família. Era uma magia muito mais elevada. Era uma força que vinha de todos os integrantes de sua família elementar.
Quando a aula terminou ele saiu da sala todo animado já imaginando como seria a aula do dia seguinte. O sorriso sumiu do seu rosto assim que saiu da casa da magia e ele avistou Alec, Kaius e Lorenzo parados do lado de fora. Alec segurava sua bicicleta.
Pietro cogitou a ideia de sair correndo e deixar a bicicleta lá, mas entendeu que era melhor encará-los logo.
- Oi. – Alec falou quando ele se aproximou.
- Oi. – Ele respondeu com a cabeça baixa.
Houve um momento tenso de silêncio, até que Lorenzo falou, do seu jeito debochado:
- Será que podemos parar com essa de silêncios constrangedores?
- É verdade, vamos ao que interessa. – Kaius disse, encarando Pietro. – Qual é o problema Pietro? Por que você está fugindo de nós?
- Eu só achei que seria mais fácil se eu me afastasse de vocês. – Ele disse com a cabeça baixa enquanto mexia na barra de seu moletom.
- Mais fácil? – Alec questionou. – Eu não estou entendendo nada.
Pietro então levantou a cabeça e olhou para eles, determinado a falar tudo o que precisava.
- Seria mais fácil eu me afastar de vocês do que ser rejeitado por... ser o que sou.
Se já não fosse errado o bastante ser gay – já que um dos pontos mais importantes de ser um Roseano é levar o sangue mágico à frente, e quando se é gay, teoricamente, não há como ter filhos – ele ainda era um aureado, uma tremenda vergonha. Pietro era realmente uma grande vergonha.
Naquele momento ele se lembrou de uma vez quando eram mais novos. Pietro e os amigos seguiam Eric depois da Cerimônia do dia de agradecimento a Enéc quando eles passaram por um grupo de anciãos e os ouviram conversando sobre alguns bruxos que estavam tendo problemas em fazer magia. Quando já estavam o suficientemente longe dos adultos Eric falou:
- É mesmo uma vergonha para o clã!
- O que você quer dizer? – Alec questionou.
- Eu quero dizer que é uma vergonha para o clã alguém que tenha problema em fazer magia.
- Você tá falando sobre os aureados? – Lorenzo perguntou sussurrando quando disse aureados; aquele era um verdadeiro tabu para os bruxos.
- Sim, eu to falando sobre os aureados. – Disse Eric, meio irritado. – Muito me impressiona que os anciãos ainda não tenham encontrado a cura para esse mal.
Na época Pietro não se assustara por Eric ter entrado naquele assunto – ele sempre estava procurando algo ou alguém para debochar –, mas sim pelo amigo ter falado em cura para os aureados ao invés de dizer que eles deveriam ser expulsos do clã.
- Você tá louco? – Lorenzo falou tirando Pietro de seus pensamentos.
Os três amigos o encaravam como se ele tivesse dito que ia deixar o clã.
- Pietro você achou que a gente fosse te rejeitar por você ser gay e ser um aureado? – Kaius falou e Pietro olhou em volta para ter certeza que ninguém além deles ouvira o que ele falara.
- A gente nunca faria isso Pietro! – Alec afirmou.
- Nós não somos o Eric. – Lorenzo completou.
Pietro, Alec e Kaius olharam para Lorenzo. Não havia verdade maior que aquela, eles sabiam que Eric nunca o aceitaria.
- Olha, nós somos seus amigos. Seus amigos de verdade! – Alec falou sorrindo. – Nós te aceitaríamos até se você se apaixonasse pelo Caio Felps!
- Não exagere, Alec! – Lorenzo falou e eles riram. – Mas se for por qualquer outro nós estamos felizes.
- Estamos sim. – Pietro afirmou. – Me desculpem por pensar que vocês agiriam assim.
Ele precisou se segurar para não falar "me desculpem por pensar que vocês agiriam como o Eric". Pietro não gostava de ficar falando sobre o falecido amigo, principalmente agora que ele deixara de herança um diário diabólico que os estava chantageando.
- Agora eu preciso ir, tenho que me preparar para o jantar na casa de Nicole. – Alec disse e entregou a bicicleta para Pietro.
- Ei, parabéns pelo namoro! – Pietro falou, ele estava angustiado demais para dizer algo quando ouviu Alec falar sobre a tal de Nicole na casa dele no último sábado, mas os vira juntos no corredor da IER, o que significava que realmente estavam em um relacionamento.
- Muito obrigado! – Alec falou.
Quando os amigos foram embora Pietro se sentia tão animado que sabia que precisava contar isso para alguém. Ele só não sabia se preferia falar primeiro com David ou com Fleur.
Foi então que seu telefone apitou avisando que uma mensagem chegara. Quando ele pegou o telefone Samsung e viu que era uma mensagem sem remetente seu coração começou a acelerar. Ele clicou para abrir.
Você anda muito indeciso ultimamente. Se quiser eu posso escolher por você!
Pietro não podia acreditar naquilo. Como ele não havia nem sequer cogitado a ideia de que o diário usaria David e Fleur para chantageá-lo?
Um leve tremor ocorreu debaixo dos seus pés quando ele pensou em uma coisa crucial, e ele se lembrou de que agora seus poderes estavam normais e ele precisaria se controlar para não causar um terremoto.
Mas parado ali em frente à Casa da Magia um pensamento martelava em sua cabeça: aquela coisa estava lendo seus pensamentos?
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