Sexto Sentido

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O calor do sol e a claridade de seus raios incidiam diretamente sobre mim, causando um incomodo chato demais para ser ignorado. Tentei escapar do seu alcance, mas parecia ser inútil. A luminosidade estava em todos os lados, não importava para onde eu me virasse ou me escondesse, ela sempre me encontrava, o que para mim não era uma situação das mais agradáveis. O forte brilho em minhas pálpebras somado com o aumento de temperatura do local, afugentavam qualquer possibilidade de continuar deleitando-me com aquele sono maravilhoso.

Só mais cinco minutos. Eu rogava em silêncio, porém o clarear do dia ignorou meu humilde pedido. Bufei inconformada. Meu corpo parecia cansado demais para despertar, entretanto não havia outra opção.

Ainda adormecida, estiquei o braço para o lado em direção a Robin. Minha mão deslizou pelos lençóis, tateando toda a área do colchão onde meu ladrão deveria estar. Deveria, mas não estava. Abri os olhos no mesmo instante. A surpresa de sua ausência durou apenas meros segundos, uma vez que quase imediatamente as lembranças dos acontecimentos da madrugada passaram pela minha mente, fazendo-me arfar em preocupação.

― Eu também amo você ― a resposta reciproca veio por meio de um sussurro.

― Robin, meu amor, você está bem? ― indaguei levando a destra até seu rosto, tocando a pele e firmando seu olhar ao meu. Precisava que a resposta viesse de sua imensidão azul, ela não me esconderia a verdade.

― Sim ― sua boca proferiu baixo, quase sem força, mas sua mirada me dizia o oposto.

Deixei meu olhar decair sobre cada um de seus traços e movimentos, analisando e buscando entender o que meu ladrão guardava para si. O brilho que eu sempre vi em seus olhos azuis, não estava mais lá. O sorriso com covinhas que iluminava meus dias havia desaparecido sem deixar vestígios. Observei-o um pouco mais e testemunhei dois movimentos significantes: um em sua garganta e o outro em seus olhos. Robin tentava impedir que um pranto viesse à tona, mas não sei se conseguiria por muito tempo. Não era apenas tristeza ou decepção, meu ladrão estava destruído.

― Belle ― virei-me para a caçula ― terminaremos essa conversa mais tarde ― determinei sem deixar espaços para ela refutar, o que eu acho que não faria. A menina nos olhava assustada e apreensiva, também notando que havia algo errado com seu irmão.

― Robin ― ela chamou por ele, o tom em sua voz era arrependido ou temeroso.

Meu britânico encarou a mais nova em silêncio, sustentando a mirada por meros instantes antes de suspirar e vislumbrar o chão. O peso do mundo parecia cair em seus ombros.

― Vou te esperar no quarto ― disse com a voz embargada e falha, depositando um sutil beijo em minha testa e saindo em seguida.

Meu ladrão seguiu rumo aos corredores da casa, sumindo por eles. A escuridão da noite escondia seu corpo, enquanto o som dos passos se tornava mais longínquo, fazendo-me presumir, assim, que ele já havia chegado ao cômodo que passamos a dividir.

Porém, ele nunca chegou ao quarto.

― Robin? ― chamei, olhando para cada canto do cômodo.

O silêncio tido como resposta apavorou-me. Foi a confirmação de que ele de fato não havia voltado para dormir como havia prometido e, de acordo com o relógio do móvel ao lado da cama, haviam se passado pouco mais de cinco horas desde então.

― Amor? ― retirei os lençóis de qualquer maneira sobre meu corpo e desci da cama em direção ao banheiro da suíte. ― Por favor, esteja aí. Por favor! ― pedi baixinho.

Hearts CollideWhere stories live. Discover now