Meias Verdades

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— Pai?

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— Pai?

A voz fria o surpreendeu. O garoto vinha o evitando fazia dias. Ainda que já houvesse conformado-se mais ou menos com o comportamento impetuoso e, por vezes, rude, o repentino silêncio e olhares hostis – quase ofendidos – vinham o preocupando naquela semana. Não teve um bom pressentimento sobre aquela conversa.

— Fala – tentou soar agradável e despreocupado, mas, sob o olhar acusador do próprio filho, um nó se formou em sua garganta. Boruto parecia relutante em perguntar-lhe o que quer que fosse. Talvez incerto se queria realmente saber a resposta.

— Você ama a minha mãe?

Um súbito pânico assaltou-lhe como um cubo de gelo descendo pela espinha dorsal.

— Quê? – rebateu consternado – Que tipo de pergunta é essa?

— A Sarada disse... – o jovem freou a justificativa e respirou fundo, cerrando os olhos como se o ato lhe exigisse um esforço sobre-humano – Quer saber, esquece. Eu não quero nem ouvir.

O filho deixou a casa batendo a porta, sem dirigir ao pai sequer um último olhar.

—///—

Caminhavam havia um bom tempo, era uma tarde agradável, parecia bastante apropriada para um primeiro encontro. Tinha que admitir que estava divertindo-se, a garota aos poucos ia se soltando e, após tantas horas juntos, já havia a ouvido falar naquele dia mais que em todos os anos desde que a conhecera – não porque estava tagarelando, mas por, até então, jamais tê-la ouvido falar mais que duas ou três frases curtas numa única conversa.

Hinata era bonita. Havia passado a adolescência escondendo-se por baixo de roupas largas e moletons, mas, com a maturidade, passou a ganhar mais confiança e foi, de pouco a pouco, revelando a silhueta mais bem desenhada e invejável dentre todas as jovens da vila. O rosto não deixava por menos: traços delicados e harmoniosos, a pele e o cabelo impecáveis e contrastantes, adornados pelo rosado natural nas bochechas davam-lhe uma aparência de boneca ou mocinha de filme antigo. Nos lábios avermelhados, um sorriso, ainda tímido, mas sincero e caloroso. Parecia absurdo que uma garota tão indiscretamente atraente houvesse passado tantos anos despercebida por todos, mas, conhecendo-a bem (ou, mais apropriadamente, por não a conhecer bem até então, mesmo depois de tanto tempo) a quase invisibilidade da menina era uma condição razoável.

Apesar de tudo, não fora pela beleza que Naruto aceitara quando ela finalmente tomou coragem de chamá-lo para um encontro. Hinata era esforçada e tinha o coração no lugar. Mesmo sendo quieta, era inteligente e sabia ser interessante numa conversa sobre o que quer que fosse, além de tê-lo dado um apoio crucial em um momento de pânico e ter se disposto a sacrificar a própria vida por ele – dois atos que pesavam-lhe com um sentimento de dívida. Estes fatores, em conjunto com um punhado de angústias que não tinham relação alguma com a menina, o fizeram aceitar o convite sem sequer pestanejar.

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