014

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Melanie

Abro os olhos, o quarto ainda está escuro, mas as cortinas negras da suíte de Silas cobrem as portas de vidro.

Olho para o lado, e o vejo sentado na cama, me olhando.

- Oi - sussurro.

- Oi - ele diz - Está com fome? Sede? Com dores?

- Eu estou bem - asseguro - E você?

- Bem.

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas observando um ao outro.

Percebo que ele está mais recluso que o normal, será que ele se culpa? Ou ele ainda não se recuperou também?

- Eu preciso ir ao banheiro - digo.

Ele se levanta na mesma hora, e me ajuda a caminhar até o banheiro.

- Eu vou ligar e pedir nosso café da manhã - ele avisa quando eu começo a lavar o rosto.

Aceno e apenas olho quando ele volta para o quarto.

Suspiro e olho para meu reflexo pela primeira vez.

É com surpresa que eu vejo a mim mesma. Eu estou feia, e estranha. Meu lábio está inchado e cortado. O lado esquerdo do meu rosto está roxeado. Meus olhos estão vermelhos. Meu cabelo está apenas embaraçado, porque Silas o lavou ontem.

Meus pulsos ainda estão sensíveis. Espero que a pomada que o doutor indicou realmente resolva.

Faço xixi, lavo as mãos, e volto para o quarto.

Encontro Silas organizando uns papéis em cima da mesa.

- O que é isso? - pergunto curiosa.

- Uns documentos e ordens que eu devo entregar a meu braço direito, ele irá me substituir essa semana - ele explica.

- Dante é seu braço direito?

- Não, meu primo Paul.

Aceno.

- Eu lembro dele - murmuro - Ele é...

- Assustador - ele finaliza por mim e me dá um meio sorriso - É bom para o trabalho.

Aceno e retribuo o sorriso dele.

- Por falar em meu irmão, ele será punido pelo que fez com você.

Não respondo nada.

Batem na porta.

- Deve ser nosso café da manhã - ele retira os papéis da mesa e os coloca em cima de um criado mudo. Em seguida, abre a porta.

Uma funcionária entra arrastando um carrinho, ela o coloca ao lado da mesa. Pede licença, e se vai.

Me sento a mesa.

Silas retira as bandejas do café da manhã.

- Mingau de aveia para você - ele coloca o prato em minha frente. Faço uma careta.

- São ordens do doutor - ele diz - Água de coco.

Suspiro e como um pouco do mingau. Não é ruim, mas também não é gostoso, mas como mesmo assim.

Silas se serve da mesma coisa. Ele come sem fazer careta. Percebo que ele está mais pálido, e se movendo mais lentamente.

- Você está bem? - pergunto - Realmente bem?

Ele para de comer, e me encara por alguns segundos.

- Sim, mas sinto meu corpo mais fraco, Túlio disse que eu apenas preciso focar em uma boa alimentação e exercícios físicos.

Mulher no Poder (Em Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora