Capítulo 2

11.1K 1.3K 81
                                    

Estou no hospital, pegando minha identificação de acompanhante, para cuidar da minha mãezinha

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Estou no hospital, pegando minha identificação de acompanhante, para cuidar da minha mãezinha. Muitas vezes só valorizamos, quem amamos, quando perdemos ou acontece coisas que te ligam da forma como me liguei a minha mãe. Todas as noites, penso que fui uma péssima filha! Brigávamos muito, chamava ela de chata e antiquada, por não me deixar ir a festas e sair sozinha com as garotas. Falei poucas vezes que a amava e isso me corrói profundamente, todas os dias, antes de dormir.

Falo animadamente com os funcionários que conheço do hospital, com a senhora da limpeza, que me ajudou muito em tudo. Ela as vezes até pegava comidas mais gostosas, que ficavam escondidas na sala dos médicos. Minha contrabandista preferida. Observo o ambiente cheio de gente, com pessoas doentes e seus acompanhantes... o cheiro forte de desinfetante hospitalar, álcool e látex. Pego o elevador para subir para o quarto privativo, onde minha mãe está estabelecida desde a entrada dela aqui.

Quando entro, a enfermeira está trocando seu soro e curativos. Por ter uma pele branquinha, todos os lugares espetados, estão bem roxinhos. Dou um bom Dia a enfermeira e peço que deixe comigo. Tantos anos enfurnada nesse hospital, seria impossível não aprender o que fazer com minha mãe.

- Olá, Bom dia, mamãe! - Falo passando os dedos em seu rosto pálido e mais magro- Olha só.... Hoje a senhora está mais corada? Ou é impressão minha? - Aliso seus cabelos e volto meu olhar para o monitor que há anos me fez quase enfartar junto com minha mãe.

- Mamãe, consegui um emprego! Estou tão feliz, por conseguir pagar o seu tratamento. Quero que a senhora melhore e volte para nossa casa...- Seguro em suas mãos, passando o polegar carinhosamente - amanhã começarei, a senhora iria enlouquecer com as roupas que precisei comprar. - Fico paralisada quando sinto um mover de dedos. Olha para a minha mão e vejo o esforço dela para mover seu dedo indicador.

Ai meu Deus!

Corro para chamar o médico dela e ele chega de imediato, pois apertei o botão de emergência.

- Olha, ela mexeu, mexeu, mexeu. - Chego perto dela de novo - Vamos mãe, mexe o dedo de novo para ele ver que não estou enlouquecendo...

- Melanie, isso pode ser uma ação involuntária dos músculos da região. Eu sei que você quer que ela volte, mas ela está há anos em coma. E só faz dois meses que ela não precisa de um respirador. - Eu não quero ouvi-lo, eu sei o que vi! Eu não estou ficando louca. O Senhor Phill chega perto de mim, retirando minha mão das dela e toca em meu rosto, com as duas mãos. Me recuso a acreditar em qualquer coisa que ele diga.

- Olhe para mim, querida. - Eu olho e meus olhos enchem de lágrimas. Minha mãe vai sair dessa, sim! Eu sinto. - Às vezes, nosso cérebro arma situações que queremos, não o que realmente está acontecendo. Todo o estresse desses anos, todo sufoco pela quase ida da sua mãe, a morte do seu pai, pode ter afetado...

- O senhor está me chamando de louca, é isso? Eu SEI O QUE VI. - Prendo as lágrimas, porque nunca eu choro. Nem quando vi pelo noticiário que havia perdido tudo.

- Não estou chamando-a de louca. Só que outras pessoas na situação que você passou e está passando, entram numa depressão profunda, ou até mesmo se afundam nas drogas. E você, querida, ergueu um muro tão sólido quando recebeu a notícia, que é assustador a forma como lida. Tenho medo que quando você sentir, quando a ficha realmente cair, você sucumba e seja irreversível. E se o muro que ergueu cair, o que será de você?

- Eu sou forte! Eu consigo, aguento tudo. Eu não preciso de nada, nem de ninguém! Eu não quero ser dependente. Por favor, acredita em mim! Eu vi... o dedo dela mexeu. - Ele para de tentar aquela psicologia barata e olha para minha mãe e seus sinais vitais.

Para minha alegria, ele vai até ela e faz os testes de sensibilidade. Primeiro no pé, mas nada acontece, segundo nos dedos, no entanto, mais uma vez nada acontece, e por último na mão esquerda, onde estava tocando com a minha. Observo tudo e vejo seu dedo se mexer.

- PORRA! Mexeeeu. - grito E pulo indo para o lado direito da cama- Oh, desculpa.... Você viu? - Um brilho caloroso e de esperança se abre através dos olhos castanhos do médico e ele pede a enfermeira que chame o neurologista e o fisioterapeuta.

Quando o neurologista entra, com toda sua pose de dono do universo, vejo seu sorrisinho de cafajeste para o meu lado e já viro a cara. Esses tipinhos, que se acham o rei, são os piores. Ele que não ouse me assediar. Ambos entram na mesma conclusão, é preciso um exame de imagens do cérebro, para ver o próximo passo e as sequelas do tiro que por sorte não a matou. Esses exames demoram um pouco, e como já é fim do plantão, marcaram para amanhã, o que me deixou muito triste, pois não estarei com ela.

Todos se despedem e eu puxo a poltrona reclinável para o seu lado. Olho seu corpo magro, dos anos de internação, sua fisionomia abatida, e me pergunto se ela sabe o que aconteceu? Ela está fora do ar por anos. As suas amigas sempre arrumam tempo para visita-la, mas estão mais envelhecidas. Será que ela sabe que o papai morreu? Acho que deve saber... todo tempo leio os jornais, atualizo as datas e falo das recém fofocas do mundo dos famosos. O psiquiatra e o médico dela, disseram que era muito bom ter essas conversas.

Pego em sua mão e começo a massagear, deito minha cabeça ao lado do seu antebraço e solto um suspiro de cansaço. Hoje o dia foi longo. Agora preciso dormir, pois amanhã uma rotina nova começa e eu não sei nada desse mundo, que nos engole se não tivermos uma mente blindada.

Data de publicação: 06/02/2019

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Data de publicação: 06/02/2019

Olá, gente! Meu nome é **Ana e estou entrando como escritora agora , nessa plataforma maravilhosa, que une tantos leitores e escritores. Comecei aqui lendo muitoos livros e acabei me identificando com o Romance Hot, porquê ele além de abordar a história do casal , completa o enredo com a continuação depois de um beijo, nos trazendo uma sensação de completude.

Não irei escrever sobre mafia, ou o mundo deles.... Só quero que vocês se situem na causa, do porque ela não poderá usar o nome e nem trabalhar de forma "fichada".

Por favor, comentem o que vocês acharam.... Interajam com a novata aqui ❤😃

Não irei deixar ninguém na mão, estou colocando de pouquinho e pouquinho para ver como o que escrevi será visto. Tenho muitos capítulos prontos, mas dependendo de vocês, da opinião e escolhas, posso mudar uma coisa e outra.

Ah, é pedir demais uma estrelinha? 😅 ajuda tanto, e incentiva quem escreve a continuar ❤

Espero que entrem nessa comigo, conversem e digam do que vocês gostam ❤

A ESCOLHA (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now