Capítulo 25

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Vou acordando aos poucos, sentindo que estou sendo observada

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Vou acordando aos poucos, sentindo que estou sendo observada. Quando abro de vez os olhos, Heitor está me analisando compenetrado. Muito sério.

– Bom dia? – Pergunto ainda sonolenta, sem saber se realmente hoje será um bom dia.

– Bom dia... – Diz ainda sério e se aproxima de mim. Ele se apoia no colchão e me dá um selinho.

– Thor, você está me assustando. – Digo preocupada com a sua frieza repentina.

– Nós vamos hoje ao Hospital. Precisamos resolver alguns assuntos e você precisa pegar suas roupas. – Termina de falar e deita ao meu lado. Ele abre o braço esquerdo e eu vou mais para perto, apoiando a cabeça em seu peito. Ele fecha o braço me aconchegando nele e leva seus dedos para meus cabelos, isso me faz fechar os olhos. – Desculpe se hoje eu for um pouco rude. É que não controlo esse lado. Sempre aparece quando estou muito estressado e puto com alguma coisa.

Abro os olhos e ele está lá.... Me analisando.

– Tem alguma coisa haver.... Comigo? – Pergunto receosa e com medo que seja algo que eu tenha feito.

– Não, meu amor. Nada com você! – Ele dá um sorriso que não chega aos seus olhos.

Me levanto, realmente incomodada. Retiro o lençol, já me ajeitando para sentar em seu colo e ficar frente a frente. Não gosto desse jeito dele e se eu não gostar de algo, acho melhor falar logo do que ficar guardando para mim.

– Vamos nos conhecer bastante em nossa convivência... E já descobri uma coisa que não gosto em você. Se você está estressado, com raiva de seila o que.... É melhor extravasar logo do que ficar segurando e descontando nos outros.

Ele suspira, fecha os olhos e encosta a cabeça no meu peito.

Meu Deus, desse jeito ele parece um menino perdido.

– São tantas coisas acontecendo loirinha.... Estou fazendo tudo que está ao meu alcance. Mas é foda! Minha ficha está começando a cair agora. Minha própria mãe, se juntou com aquela...e montaram um plano nojento contra você. Minha mãe foi garota de programa, e mesmo assim foi hipócrita com você. Loirinha.... Ela escondeu uma irmã.... Eu fui sozinho por anos! Só fui ter amigos quando entrei no ensino médio. E veja só, eu poderia ter convivido com alguém sangue do meu sangue enquanto era criança, mas não tive. Fora isso, tem as coisas que eu descobri do cara que achava ser meu melhor amigo. No momento, é isso que está mais apertando. O que eu vou fazer hoje é justo, mas eu vou entregar o cara que esteve sempre comigo. Ele mudou assim por causa daquela cobra em forma de gente. Ela iludiu ele, e ele caiu mais feio que eu.

– Realmente é muita coisa. Mas você precisa ser forte! Se chegar um momento em que você precise explodir, chorar, falar.... Eu posso ser forte por nós dois. Sempre foi assim em minha vida. E não sucumbi por causa da minha força de vontade. Eu coloco na cabeça que preciso e vou superar, para torna-la uma sentença verdadeira e assim seguir adiante. – Desencosto seu rosto do meu peito e ergo sua cabeça para ele olhar para mim. – Pense que o que você vai fazer, irá salvar a vida de outras pessoas. Pense que sua mãe vai aprender, de uma vez por todas, com essa rejeição que vai receber. Francine um dia vai ter o dela, não sei como... mas vai! Nada na vida é sem propósito. Só é testado quem realmente tem o ímpeto de se reafirmar. Então, comece com essa denúncia contra ele e depois vá procurar sua irmã! Estarei com você até o fim. Eu te amo, Ursão. – Digo e o abraço bem forte.

Ser um muro de músculos, não diz nada sobre a pessoa. Quem está de fora pode acha-lo um ogro, sem sentimentos..., mas quem está dentro vê com os olhos da verdade que ele é um amor de pessoa e é um homem de uma sensibilidade absurda. Ele puxa a dor dos outros para si, faz de tudo para ver o outro feliz, esquecendo, muitas vezes, dele mesmo.

Mas agora temos um ao outro. E juntos, seremos invencíveis.

– Obrigado, bruxinha. Vamos tomar café e ir para o hospital. Hoje será um dia longo e cheio de surpresas.

Sorrio para ele e dou um selinho.

– Te amo, ursão.

– Te amo muito mais, bruxinha! – Diz, e vem para cima de mim me beijando. Começo a rir com essa euforia toda dele e tento me esquivar, antes que a gente se atrase. – Paraa... – Digo rindo, ele parou de tentar me beijar e agora está em minha barriga fazendo cosquinha. – Thoor, paraa, ou eu vou fazer xixi..

Continuo rindo desesperada. Ele se levanta e me puxa, me jogando em seus braços.

– Vou falar com o corretor de novo, vou pagar a mais para ele fazer a vistoria ainda hoje. Quero me mudar o mais rápido com você e ter o nosso cantinho. Se prepare minha diabinha, não terá um só cômodo em nosso apartamento que não será usado!

– Eu vou cobrar! – Digo dando um tapa no bundão dele.

– Ei, aí não!

– Oh, desculpe! Meu ursão só gosta do oposto.

– Sim, só eu posso bater e fim de papo.

Descemos rindo, e paramos quando vemos a Grace ao lado do sofá com um monte de malas. Thor me coloca no chão e eu aliso a camisa que estou vestida.

– Heitor, estou indo passar uns dias fora. Além de ter perdido você e seu pai, perdi também os restaurantes! Já que ele não passou nenhum deles para o meu nome. – Heitor fica calado e só concorda. Ele sai de perto de mim e vai para cozinha sem falar com ela. – E você, Melanie. Me desculpe por ontem. Eu não aceito, e talvez nunca venha a aceitar..., mas é o que é! É a velha história se repetindo. Espero mesmo que você seja melhor que eu. Diga ao meu filho que me perdoe e seja feliz.

– Certo, senhora Grace.

Ela meneia a cabeça, pega as malas e vai na direção da porta de entrada. Quando ela sai, fechando a porta, solto todo ar que nem percebi estar segurando.

Espero realmente que ela mude.

**

Estamos quase chegando ao hospital, e vou confessar uma coisa.... Meu coração está acelerado e sinto um frio na barriga. Verei minha mãe hoje, e talvez não consiga me controlar se ela estiver no estado que a vi pela última vez.

Chegamos bem silenciosos, e entramos de mãos dadas. Parece até cena de filme, tendo todos olhando para o Heitor e para sua mão cobrindo a minha.

– Thor, porque todos estão olhando? – Pergunto baixo, olhando para os lados.

– Por que é quase impossível uma pessoa como eu estar em uma relação com um anjo caído.

– Larga de ser bobo. – Falo, abrindo um sorriso. – Vai primeiro lá na diretoria. Vou te esperar.

– Não vai primeiro em sua mãe? – Apenas nego e procuro uma cadeira em frente a diretoria para me sentar. – Daqui a pouco saio. Quando estiver tudo certo, conto o que descobri.

– Certo, ursão. Estarei esperando você. – Ele acena, vira e dá algumas batidas na porta. Quando o senhor abre e vê que é ele, se surpreende mas libera a sua entrada.

Agora estou aqui, sozinha com meus pensamentos.

Na verdade, hoje eles estão maravilhosos. Só estou pensando em coisas boas e em milagres.

E se acontecesse um verdadeiro milagre?

Meu coração seria suficiente para aguentar a pancada da resposta?

Isso eu descobriria em instantes...

A ESCOLHA (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now