Visita

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Alice

Pisquei algumas vezes até processar a presença daquela pessoa parada na minha porta e o que havia acabado de sair de sua boca.

- Não sei, que tal a alternativa que eu fecho a porta na sua cara? -falei em tom sarcástico, apesar de não me mover para realmente fazer o que eu havia dito.

- Se fosse pra fechar na minha cara aposto que cê já tinha fechado. -o sorriso convencido dele me fez revirar os olhos.

- Qual a dificuldade de falar a palavra você toda, puta merda. -reclamei fazendo com que Bruno fechasse a cara.

- Caralho, até com a forma que eu falo você tem que implicar. -deu ênfase no "você", certamente de propósito.

- Viu? Nem é tão difícil. -eu disse com deboche. - Posso saber por quê você tá na minha porta?

- Já falei, princesa. -minha cara de nojo foi automática ao ouví-lo me chamar de princesa.

- Primeiro, se você me chamar de princesa de novo eu quebro cada dente da sua boca, segundo só se eu estivesse louca pra ir com você ou te deixar entrar. Tchauzinho! -sorri e acenei com uma mão, enquanto a outra empurrava a porta para fechá-la.

- Tu bem que podia se enturmar mais! -Bruno conseguiu segurar a porta e se esgueirar pra dentro, ignorando minha tentativa de expulsá-lo.

- E você bem que podia aprender a não aparecer na casa dos outros sem ser convidado. -cruzei os braços, irritada. - Mas cá estamos nós!

- Tá assistindo o quê? -o irmão da minha melhor amiga se jogou no sofá e enfiou a mão no meu balde de pipoca sem convite.

- Puta que pariu, você é muito folgado! -suspirei e ele riu.

- Vim te vistar, Alice. Você foi premiada com o prazer da minha companhia, não reclama. -a fala dele me fez rir sem humor.

- Tá mais pra castigo! -murmurei, me jogando no sofá no lado oposto ao que ele estava.

- Que filme é esse? -voltou a questionar.

- Hush, a morte ouve. -respondi, puxando meu balde de pipoca pra mais perto de mim.

- Filmão pra se assistir sozinha em casa hein? -disse em tom irônico.

- Espera aí! -virei o rosto para olhar para ele. - Como você sabia que eu estou só aqui?

- Lívia comentou, seus pais ficam muito fora por causa do trabalho né?. -Me olhou com uma cara de dó. Eu mereço mesmo.

- Eu não me incomodo de ficar só. -soltei, mesmo sem ele perguntar.

- Não tô te julgando não 'pô' relaxa aí! -levantou as mãos, simulando rendição.

- É, só tá me olhando como se eu fosse um filhote de cachorro abandonado. -a comparação fez ele rir.

- Que filme chato, péssimo gosto esse seu. -mudou de assunto, e eu me recuso a acreditar que foi por perceber meu desconforto. Bruno não tem essa inteligência toda não.

- Você que não entende o filme. -revirei os olhos.

- Tá me chamando de burro? -olhei para ele, que tinha uma expressão de indignação.

- Eu não disse nada, você que tá dizendo aí! -tentei permanecer séria, mas o riso escapou sem que eu pudesse conter.

- Mas sério, troca aí na moral! -respirei fundo, irritada.

- O que você sugere? -minha pergunta fez ele dar um sorriso vitorioso.

- Sei lá, alguma comédia. -tinha que ser né.

CollideWhere stories live. Discover now