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Gustavo jamais poderia haver vislumbrado aquele cenário. Ele não havia sido o jovem mais aplicado no trabalho, mas, quando seu pai morreu, havia dedicado tudo o que pôde àquela empresa, ela era sua vida. Nunca havia se dedicado a nada tanto quanto à Romero Produções, à nenhuma mulher, à nenhuma relação, nem sequer à sua própria filha como já havia tomado consciência.Ele sabia que a empresa não ia bem das pernas, há anos havia sido obrigado a vender mais ações do que era seguro para manter-se como sócio majoritário, mas acreditava que as ações que havia dado à Fabíola sem ter vontade, estavam seguras. Entretanto, era impossível saber ao certo, visto que ela e ele não se suportavam.
— Você não pode entrar na minha empresa e me dar ordens! — Gustavo reagiu em meio à perplexidade em que se encontrava.
— Gustavo... — Disse Natália com um sorriso cínico. — Não vamos perder o controle tão cedo, eu nem comecei aqui.
— Por que você armou todo esse circo? Que história é essa de que você é dona desta empresa? — Reclamou Gustavo.
— É exatamente o que quero explicar, caso você me permita. — Gustavo se irritou ao perceber que ela ainda tentava colocar na responsabilidade dele todo aquele pandemônio.
— Então fale comigo no privado, antes de falar com todos. — Ele praticamente rogou. Não queria ser tratado como um empregadinho qualquer.
— Não tenho intenção de explicar separadamente a ninguém. — Disse Natália bem próxima dele. — Sente-se aí que você é igual a todo mundo que está aqui.
Gustavo travou os dentes. Quase mordeu sua própria boca de ódio. Sem alternativa, retrocedeu e sentou-se. Ele havia praticamente implorado à Natália que lhe desse alguma preferência a seus funcionários, mas ela fez questão de tratá-lo como alguém qualquer. Parecia ser exatamente essa a intenção dela e provavelmente era. Mas dentro dele, ele sentia que Natália era realmente a dona da Romero Produções e, lhe restava aceitar o lugar que ela lhe designava para entender àquela situação tão bizarra.
Natália subiu novamente o degrau do pequeno palco, triunfante. Poucas vezes na vida havia se sentido tão vitoriosa. Finalmente ela tinha em suas mãos a vingança que tanto havia desejado. E como era doce seu sabor. Como aquela adrenalina do poder a fazia sentir viva. Como desejava aquele poder sobre aquele que um dia a fez sentir-se tão pouca coisa. Ver Gustavo humilhado naquela mesma produtora onde um dia ela havia sonhado com o estrelato, era a glória para ela, não deixaria de saborear nenhum detalhe daquela conquista.
Atrás de Natália estavam projetados dois gráficos paralelos. Um mostrava a oscilação decrescente no valor das ações da Romero Produções e no outro, mais simples, a divisão de investidores que, naquele momento, possuíam ações na empresa. Ela caminhou, habilidosa sobre os saltos até o centro do palco com um microfone na mão.
— A Romero Produções já foi, sem sombra de dúvidas, a maior produtora musical deste país. Sob o comando de um homem de visão, Silvio Romero, alcançou o topo em poucos anos, em uma época em que a música era o mais forte entretenimento. Sob a administração de Gustavo, aqui presente, — Natália apontou para seu ex-namorado humilhado na primeira cadeira do auditório. — a empresa colheu todos os louros desses anos de glória, para depois começar experimentar essa queda vertiginosa no valor de suas ações e, consequentemente, deixar de ser atrativa. O mercado se transformou ao longo dos anos, mas não foi acompanhado pela Romero Produções.
Cada palavra que saía de sua boca carregava uma soberba que fazia com que Gustavo a odiasse. Sua intenção era humilhá-lo e ela estava conseguindo com uma maestria invejável. Ele começava a entender o que ela idealizava, e tomar consciência de que ela, provavelmente planejou aquilo por muito tempo, era ainda mais degradante.
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Tom de Vingança
RomanceChegou a hora do CEO pagar! Quanto tempo você esperaria por uma vingança? Depois de vinte anos, Natália Flores não hesita em tomar nas mãos uma oportunidade única de se vingar de Gustavo Romero, um homem que no passado, levou-lhe ao céu para logo lh...