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Minha mãe me ligou em plena segunda feira me chamando para ir lá na parte da tarde, isso não é normal, então vou para aula de manhã cedo que acabou mais ou menos por volta das dez da manhã, mando mensagem pro derek pois eu não consiguiria ir ajudar ele e vou direto pra casa dos meus pais, toco a campainha e por outro milagre minha mãe abre a porta.

- Tocou a campainha porque? Perdeu a chave? – pergunta ela me dando espaço pra entrar.

- Não, era só pra avisar que eu cheguei – digo timido por esse não ser o motivo.

- Então, quem era aquele david? – pergunta enquanto andamos até a sala.

- Um amigo da faculdade – digo e me sento.

- Medicina? – pergunta com cara de deboche.

- Fotografia – digo e então ela começa a rir.

- Quem é aquele rapaz? – pergunta de novo mas dessa vez seriamente, olho bem fundo nos seus olhos e eu sabia oque ela queria saber.

- Eu conheci ele quando você me deixou lá pra fazer a entrevista – digo e ela continua calada esperando eu terminar, e então eu penso: eu nego ou conto a verdade? E em uma subta coragem eu falei – e nós namoramos por uns mêses, mas terminamos tem uma semana – digo e continuo a encarando esperando sua reação.

- EU SABIA!! – ela se levantou e começou a andar pra lá e pra cá e bagunçar o cabelo – A CULPA É DELE, EU TO PAGANDO PELA NOJEIRA QUE ELE FAZIA!!

Nessa hora os empregados começaram a aparecer e então minha mãe começou a pegar os vasos de flores e jogar na parede, vejo a nossa governanta pegar o telefone e ligar pra alguém, depois de dez minutos de esteria da minha mãe meu pai entra pela porta.

- Oque ta acontecendo aqui? – pergunta deixando sua pasta na mão da governanta e andando em direção a ela, eu já estava encolhido no mesmo lugar onde eu estava sentado.

- A culpa é sua! – diz ela mais calma.

- Minha culpa? Oque? – pergunta confuso alisando o cabelo dela, mas ela tira a mão dele grosseiramente.

- Esse daí gostar de homem – diz e aponta pra mim sem me olhar, nessa hora meu pai me olha surpreso e confuso – eu desisto, vão os dois pro inferno e me deixem em paz, só pode ser karma – diz e se levanta do sofá indo em direção a escada.

- Tudo bem gente, voltem aos seus afazeres – diz meu pai e eu vejo o bolinho de gente se disperçar, ele vem e se senta do meu lado e respira fundo – então, oque aconteceu?

- Um ex namorado veio me procurar e ela descobriu, desculpa – sinto meus olhos arderem mas não deixo nenhuma lagrima rolar.

- Não liga pra ela, esse ódio todo é por mim, não por você – ele diz e se encosta no sofá.

- Por você? Porque? – pergunto e me encosto também.

- A gente se conheceu na adolescencia, você sabe, naquela época eu namorava um menino – responde rindo quando vê a minha cara de espanto – eu sou Bissexual, meu namorado ia pra faculdade e não queria um relacionamento a distancia, então me apaixonei pela sua mãe, ela só descobriu que eu era quando a gente já tava casado e ela gravida de você, esse é o motivo da sua mãe me culpar.

- Mas... Porque você não me falou? – pergunto surpreso e aliviado.

- Primeiro que sua mãe nunca deixaria, e segundo eu não via motivo, não fico com homens a muito tempo e eu não quero me separar da sua mãe – diz a ultima parte com pesar – e então, não está namorando mais? – pergunta brincalhão e eu nunca tinha visto esse lado dele.

- Não, mas eu estou gostando de um amigo, viajamos esse final de semana pra cidade dele – digo abrindo um sorriso involuntario.

- E eu conheço? – pergunta sorrindo, e eu não sei se estou feliz por contar ou por estar conversando verdadeiramente pela primeira vez com meu pai.

- Conhece – digo e nessa hora ele solta um som de surpresa, ele olha pros lados e sussurra quem é? Me fazendo gargalhar – Derek, se lembra? O filho do seu amigo que vende aparelhos médicos.

- A sim, ele é um bom rapaz, confesso que fiquei com pena, ele te olhava com tanto carinho na festa que eu pensei que ele iria se machucar se apaixonando pelo amigo hétero – diz soltando uma risadinha.

- As amiguinhas terminaram de boiolar? Ou vão pintar as unhas ainda? – pergunta minha mãe entrando na sala já com o cabelo arrumado e a maquiagem retocada.

- Nós já conversamos sobre isso a muitos anos atrás, vai continuar? – pergunta meu pai seriamente.

- Eu só quero ele fora daqui – diz e se senta no sofá, eu me levanto e vou em direção da porta, antes que eu saia eu sinto a mão do meu pai no meu ombro.

- Você não ta sozinho, pode me ligar ou ir até o hospital ok? – pergunta e me dá um abraço – eu já perdi anos demais da sua vida.

Eu afirmo com a cabeça sorrindo e chorando ao mesmo tempo, eu dou mais um abraço nele apertado e vou embora, quem diria que hoje eu falaria que eu sou gay, minha mãe ficaria doida, descubriria que meu pai é bi, pela primeira vez eu sintiria que meu pai estava do meu lado e que no final minha mãe me expulsaria, e o melhor, ganharia dois abraços que eu queria desde criança e que pelo jeito eu vou ganhar muito  mais daqui pra frente.

É, ninguém diria.

Cego pelo vício (Romance Gay)Where stories live. Discover now