Nada além de água.

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Fomos empurradas para começar a prova, sem nem tempo de protestar contra o absurdo que haviam acabado de nós contar sobre as nossas pernas serem amarradas... Nem mesmo vimos quando dois soldados se aproximaram e colocaram fortes cordas em nossos tornozelos, Dylan olhava preocupado de dentro de um pequeno barco que estava á deriva perto da areia, Angie estava junto com ele, me olhavam do barco com preocupação parecendo tão incertos quanto o resto de nós, sinceramente até mesmo eu estava preocupada em onde haviamos nos metido.

Mandaram nos afastar dos outros Squads, assim como a ordem nos espalhamos por toda praia, distanciando tanto que não havia sombra de outras pessoas ali como se eu estivesse sozinha naquele frio e silêncio lugar.

Confesso que esperar o sinal do início da prova no silêncio apenas escutabdo as ondas perto ao mar, vendo os rostos preocupados de Dylan e Angie cada vez mais longes, não era muito reconfortante, ainda mais com a concentração que eu estava fazendo para não cair em pé daquela forma, as cordas machucavam meu tornozelo e encostavam no Detor o que deixava mais desconfortáveis ainda, não eram difíceis de tirar por mais apertadas que estivessem, mas não era permitido.

O barco que antes estava perto da areia, agora sumia bem distante na névoa que se fazia por cima da água congelada, meu estômago naquele momento me fazia dar ânsia, estava tão nervosa que tive a impressão que meu corpo estava me matando de dentro para fora. Olhava para o mar escuro a minha frente, em meu horizonte não havia mais nada além de névoa e as estrelas no céu que eram facilmente vistas naquele lugar, em mesmo havia uma luz para me guiar, apenas um grande nada diante de ondas barulhentas se quebrando até a areia.

Assim em meio a os meus delírios o sinal do começo da partida tocou, um barulho semelhante a uma corneta soou de um lugar um tanto distante dali, dando início a prova com um som dos infernos, nesse momento era para supostamente pular na água, porém me distrai com um barulho que vinha de cima, outra vez eram Drones, varios deles de todos os tamanhos possíveis, aparentemente iam ter cobertura completa de tudo que acontecia no mar, sem perder nenhum movimento.

Decidi voltar ao mundo real, sem muito hesitar pulei na água fria do mar, imediatamente senti a água furar meu uniforme colado ao corpo, até mesmo assustei com as pontadas que a água dava em minha pele como agulhas de gelo, era inevitável pensar em voltar para a areia.

Alguma vez alguém já te perguntou: "Morrer queimado ou congelado?" Sem duvidas naquele momento queimado parece a pior opção, certo? Agora por um momento imaginem, o coração precisa de energia que consequentemente é gerada pelo calor, sem o mesmo o coração ira diminuir o ritmo e com o tempo vai parar de bater, acontece o mesmo com a respiração, pois com a perda da locomoção as contrações dos músculos não acontecem mais, o que torna o processo natural doloroso quando respirar. Estar consciente o suficiente, sentindo cada neurônio ser congelado pouco a pouco, sentindo a dor de cada parte sua virar solida como gelo... Podia se dizer que essa ideia me desagradava.

A água era tão negra quanto a noite parecendo um reflexo do céu com todas as estrelas, naquela escuridão e no meio do nevoeiro não se via grande coisa. Tentei não molhar meu rosto na água como Angie havia dito antes, porém nadar no mar sem ser inteiramente encharcado pelos ondas era uma missão difícil. Tentei não pensar no frio que me fazia tremer de cima a baixo apenas continuei nadando até achar algo, precisava ficar me lembrando que apesar de alguma hora querer parar, mexer fazia parte da sobrevivência, assim evitando o congelamento rápido dos músculos, mesmo com a dificuldade em ter os pés amarrados.

Em pensamentos variados, logo vi uma pequena luz em frente parecendo mais um vagalume, porém me lembrei que em cada barco havia uma lamparina iluminando o caminho, algo para avisar as "Sereias" que ali estava um barco.

High Squad 127 Where stories live. Discover now