Prólogo

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Minha mãe sempre dizia, "Gerard, as pessoas que são influenciáveis, são fracas da mente". Hoje eu me arrependo de não ter lhe escutado.

Ser adolescente hoje em dia não é fácil, se você for solitário, você é um perdedor sem ninguém que todos zoam, já se for alguém sociável, tem que seguir influência idiota dos verdadeiros perdedores.

Eu, Gerard Way, prefiro fingir ser um verdadeiro perdedor pra não ter gente me enchendo o saco todo dia, fingindo ser um adolescente retardado pra não ser um "zoado".

Agora me encontro indo comprar drogas, por conta de um desafio idiota daqueles babacas. As luzes dos postes piscando, como um verdadeiro filme de terror. Suspiro e abraço meu corpo sentindo um frio percorrer minha espinha, um único corpo à vista em meio ao cenário nublado e escuro. Me aproximo da silhueta encostada na parede concentrado em fumar seu mísero cigarro, me disseram que ele sempre está aqui, exatamente assim.

O homem usa uma blusa de moletom com capuz, uma mão se encontra em seu bolso, a outra segurando o causador da fumaça que sai de sua boca e desaparece pelo céu. Não vejo seu rosto por conta da escuridão, mas me aproximo com certo receio e quando finalmente me preparo pra falar, ele se pronuncia:

— Não vendo drogas para estudantes. — Ele diz e traga seu cigarro sem nem ao menos olhar em meu rosto.

Como ele sabe que eu sou um estudante? Ele sequer escutou minha voz, ou olhou meu rosto. Resolvo jogar a real:

— Olha, é que meus amigos idiotas me fizeram um desafio e por isso preciso das drogas, juro que não conto com quem comprei. — Digo calmo.

— Seus amigos são idiotas, então por que anda com eles? — O estranho se vira pra mim.

Quero poder enxergar seu rosto mas as luzes realmente não ajudam, um vento frio bate e abraço novamente meu corpo.

— Porque... olha, isso não é da sua conta. — Digo e me viro. — Esquece.

— Vem comigo. — Ele diz jogando os restos de seu cigarro ao chão e passando por cima.

Me surpreendo pela mudança repentina mas tento não estragar tudo e sigo o encapuzado. O caminho leva até um carro mais pra perto da floresta, observo tudo até que ele se vira repentinamente e me assusto:

— Calma princesa, só esqueci de perguntar de qual vai querer. — Ele diz e tento perceber suas feições sem o mesmo notar.

— O que me sugere? — Pergunto.

— Que pare de ficar olhando pra minha cara procurando seja lá o que for. — Ele diz e coro envergonhado pelo mesmo ter percebido.

— Er... eu quero... cocaína. — Digo sem olhar o mesmo ainda me recuperando.

Ele vai até o carro misterioso e apenas espero.

Droga, por que quero tanto ver seu rosto? Que atitude de gente curiosa, eu não sou curioso. Mas fico me perguntando, será que os traficantes do mundo real são realmente como os dos filmes e séries? Seria interessante saber, mas desse jeito não vai rolar.

Ele finalmente volta com dois saquinhos provavelmente com o conteúdo dentro:

— Dez. — Ele diz.

Só 10? Promoção de Black Friday? Ah, é melhor eu não questionar.

Pego minha carteira e ele dá uma baixa risada.

— O que foi? — Pergunto confuso.

— Não se aparece com uma carteira cheia de dinheiro para vendedores de droga, você geralmente só traz o dinheiro da parada.

— Desculpa então, especialista em vender drogas. Da próxima eu trago dez dólares no bolso. — Digo revirando os olhos e entregando o dinheiro.

— Vai me agradecer. — Ele diz guardando o dinheiro. — Boa sorte com seus "amigos". — Ele ri e sai andando.

Um estranho muito ousado, contando que acabei de conhecer. Droga de instinto de detetive meu, querer saber tudo das pessoas que acabo de conhecer. Mas isso é diferente, é como cinegrafista em meio ao tiroteio, é emocionante.

Sorrio.

Não me sinto assim há muito tempo, ansioso, curioso. O mínimo que pode acontecer é eu levar um tiro dele, mas está tudo bem, pelo menos descobrirei essa característica de assassino dele. Como será a vida dupla dele? Droga, preciso descobrir.

Youngblood - FrerardWhere stories live. Discover now