Amalie

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Eu me sentia sozinha.

Não sozinha de estar sozinha em um espaço ou lugar, ou de não estar me relacionando sexualmente com ninguém.

Me sentia sozinha, sentia como se minha alma apenas não habitasse mais meu corpo.

Como se as flores que colorem meu interior tivessem apenas morrido.

Sinto-me grata por ter Brenda comigo. Ela é o que eu posso chamar de melhor amiga, a Brenda veio do Brasil, é linda.

Admito que sinto inveja de seu corpo saliente e de seus cabelos naturalmente curvados às vezes.

E era com a mesma que eu estava agora, eu estava a ajudando a se arrumar para um encontro que a mesma tinha com o namorado.

Isso mesmo que você leu. Namorado. Mesmo depois de namorados ela se preocupa em estar bonita para sair com ele.

Acho isso uma perda de tempo.

- vamos Amalie! responda! azul ou vermelho? - perguntava a mesma impaciente.

- azul, Brenda, azul. - ela sabe como me fazer perder a paciência, nem sabia o por que de eu estar naquela situação agora.

Ah sabia, ela apenas apareceu na minha casa para usar minhas roupas, alegando que eram mais bonitas e "certinhas" do que as dela.

Baboseira.

- deixe de ser tão impaciente comigo! ingrata! cuida tão bem das flores daquele campo mas me ignora como se eu não fosse nada! - ela começa a reclamar pra mim do modo como eu aprecio mais as plantas e flores do que ela mesma.

Flores. Elas me inspiram. São minha salvação sabe?

Quando nada mais parece fazer sentido pra mim, quando eu penso até nas piores opções para escapar de tudo isso elas me lembram de pessoas importantes para quem se vale a pena ficar.

A final não se morre por um amigo certo? Se vive por ele. Brenda era uma dessas pessoas importantes pra mim, apesar de eu não dizer isso para a mesma.

- sabe que eu te amo Brenda, pare de bobagem sua besta! e anda logo, o Yeonjun está te esperando! - ela me encara com os olhos incrivelmente arregalados.

- to bonita? diz a verdade sua mentirosa! é sério. - Ela nunca esqueceu da vez em que eu disse que a mesma estava bonita e a deixei sair com uma blusa verde limão e uma saia longa rosa neon na rua.

- está linda, como sempre meu amor, AGORA SE MANDA DA MINHA CASA VIADA! - somos muito simpáticas uma com a outra, como pode perceber.

- eu te amo também. to indo. te ligo mais tarde! - apenas ouço o barulho da porta da minha casa se fechando.

Sozinha de novo. Gosto de ficar sozinha no quesito de ter alguém mais no ambiente, posso pensar melhor sobre todas as coisas em minha volta.

O campo de rosas de sharon do qual eu tomo conta. Da floricultura em que trabalho. Brenda e sua importância na minha vida.

Todas essas coisas fazem com que eu queria ficar e ver o que o destino me guarda.

Lembro-me da vez em que Brenda me perguntou o que me fazia seguir em frente, logo no início da nossa amizade.

"FLORES?" Ela ficou bem surpresa, desde então ela sempre me traz uma flor ou planta diferente.

Ah, e sobre a minha família. Minha mãe é casada com um empresário rico, não que ela tenha esquecido de mim, ela sempre fala comigo, mas fixou distante.

E meu pai, ah meu pai, ele abandonou eu e a minha mãe quando eu era apenas uma recém-nascida.

Eu aprendi a me virar muito cedo. Amadureci muito cedo.

Nunca namorei ninguém.

Nunca me preocupei em mudar para pessoas além de mim.

Tem sido bem difícil morar sozinha, arcar com as consequências das minhas decisões.

Passadas cinco horas após a saída de Brenda da minha casa eu estou no caminho para o campo de rosas de sharon, do qual eu havia citado antes.

Paro umas duas quadras antes quando vejo um garoto alto, com os cabelos cobrindo o rosto, ele estava pintando um quadro para um casal que posava em sua frente.

Parecia feliz com o resultado final, me apressei para sair dali antes de ser notada.

É normal acharmos uma pessoa bonita antes mesmo de vermos seu rosto?

É normal nos apaixonarmos por uma pessoa que nunca havíamos visto antes sem mesmo falar com ela?

E foi com essas dúvidas corroendo minha mente e com um novo sentimento sendo descoberto que eu deitei no chão florido do campo.

Fiquei ali, pensando, sobre quando e se eu iria encontrar aquele homem, com os cabelos cobrindo os olhos, aquele homem que parecia colocar toda sua felicidade ao pintar o quadro daquele casal.

Fiquei pensando em como seria quando eu o visse novamente.

Adormeci assim. Confusa. Feliz. Satisfeita.

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YEEEEY mais um cap, agora com a visão da Amalie na história.

Quem será o casal que estava sendo pintado pelo garoto desconhecido?

Até a próxima! Não esqueçam de comentar e divulgar a fic, me ajuda a ganhar motivação!

FLOWERS?∥K̶T̶H̶Where stories live. Discover now