#1 - Lilla Martinez

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Jovens vão se formando no ensino médio e começam a procurar novos objetivos de vida, já que o tão esperado (mais pelos pais do que por eles mesmos) diploma do colégio já foi alcançado. Alguns caem de cabeça em cursinhos para conseguir uma vaga nas melhores universidades de São Paulo, outros entram em uma faculdade qualquer e começam um emprego que só lhe permite pagar o curso.

Lilla Martinez com seus cabelos ondulados castanhos escuros com a parte de baixo pintada de roxo-beterraba, olhos castanhos claros que ela adorava passar lápis preto bem forte, se sentindo rebelde; um blush suave quase parecendo que suas bochechas eram rosadas mesmo. Ela tinha um sorriso branco e sempre passava batom vermelho vivo nos lábios, com dentes grandes e perfeitos, ela conseguia tudo que queria com um sorriso. Altura mediana e magra, como todos costumavam dizer a ela, mesmo sempre se achando gorda. Estava sempre com uma cara séria, até perder a timidez e quem estava por perto notava o quanto ela era palhaça.

Ela já estava na Universidade São Paulo, alguns a consideram a melhor do país, mas ela odiava aquele lugar, fazia tudo aquilo em agrado aos pais. Então resolveu fazer algo por ela e começou a trabalhar de sexta, sábado, domingo – só os piores dias para se trabalhar em um shopping – na livraria. Eram dias agitadíssimos, o fluxo de pessoas não parava naquela loja. Lilla sempre ficava indo e vindo do seu setor para poder fazer atendimento rápido tanto nos Caixas (onde trabalhava) quanto nos setores próximos que precisavam de apoio. Seus pais queriam que a filha largasse o emprego, só que ela não queria sair; amava o trabalho. Como uma boa funcionária, se estressava, xingava os clientes mentalmente e depois de um tempo começou a sair depois do expediente para desabafos e fofocas.

Para quem busca o primeiro emprego, o shopping é tentador. Lojas movimentadas, vendedores lindos e sempre sorrindo, como se fossem as pessoas mais felizes do mundo. Foi em uma livraria de shopping em que ela conheceu Nina Endo, que estava em seu primeiro trabalho.

Lilla crescerá com seus pais e duas irmãs mais novas. Sempre foi muito independente e sempre soube se virar. Ela nunca desistia de suas ideias, e ninguém nunca tentou convencê-la do contrário. Quando começou a faculdade de química achava que seria algo legal e que seria feliz com algo que foi boa no ensino médio e ganhou destaque onde estudava nessa matéria. Mas com o passar do tempo o curso se tornou um porre e começou a trabalhar para poder aguentar tudo aquilo. Ela gostava da vida corrida e poder se sentir importante. Aulas em período integral durante a semana, trabalho nos fins de semana, onde não parava um minuto.

Lógico que o jeito prático dela ajuda muito. Qualquer pessoa que chegava com um problema, Lilla pensava por dois minutos e já apresentava planos A, B e C de como resolver tudo aquilo. Na maioria das vezes não entendia porque as pessoas faziam tantas besteiras na vida se era tão fácil tomar cuidado e pensar. As pessoas acham que Lilla age por impulso, só que não sabem que, quando ela começa a agir, já pensou em tudo e sabe como resolver os eventuais problemas que podem surgir.

Lilla passava muito tempo pensando no que fazer dali para frente. Se continuava o curso, se continuava o trabalho.

Ficava no ônibus com o vidro aberto e ignorava todas as pessoas que reclamavam que estava frio. Para ela, a melhor coisa era um vento gelado, que parecia chegar a cortar a pele de tão frio. Ela dizia que isso era uma das coisas que a fazia pensar melhor. Em geral se sentia perdida. Tinha vontade de fazer tudo e achava que não tinha tempo de aproveitar do jeito que gosta. Queria viajar e conhecer o mundo, trabalhar, estudar curso ligado à comunicação social, fazer aulas de desenho e alguns programas de animação. Muitos falavam de Lilla como exemplo de pessoa; seus pais sentiam orgulho de onde a filha tinha chego até ali (com exceção de trabalhar na livraria), mas ela nem ligava. Seus amigos já se acostumaram com a correria dela, e mesmo ela fazendo várias coisas quando precisavam dela, Lilla estava lá.

Névoa VermelhaWhere stories live. Discover now