Capítulo 7

5.2K 191 142
                                    


   Um mês se passou depois que foi aprovada minha ideia pela revista. Naquele dia, eu corri para contar a Edgar. Ele ficou muito feliz e comemoramos com um jantar super-romântico. Mas apesar disso, não fomos para cama. Edgar me deixou em casa e não quis subir. Fiquei meio desapontada, mas depois me convenci que não era nada, afinal, eu passaria 6 meses direto com ele.

   Ele me orientou que eu cuidasse das minhas coisas como cancelamento de entrega de jornais e revistas, suspensão de alguns serviços. Algumas coisas eu concordei e outras achei um exagero, mas ele fazia questão. Dizia que queria minha mente fora de problemas mundanos para que me concentrasse só no meu objetivo: ser a mulher dele. De certa maneira, achei fofo.

   Nunca tive um homem que se preocupasse tanto comigo e Edgar estava me mimando nesse sentido. Ele era atento a tudo e até mesmo coisas que eu havia mencionado de relance em alguma ocasião, ele se lembrava. Ele dizia que eu deveria me entregar mais, relaxar mais e deixar ele cuidar das coisas chatas, que foi o que ele fez a vida toda, ele dizia que isso fazia parte da entrega e que eu não conseguia fazer isso porque sempre fui mulher e homem, sempre fui sozinha e que nunca tive um homem de verdade para compartilhar os deveres, e que isso me sobrecarregava e me deixava estressada. Concordei completamente com ele, o que mais me sentia nos últimos anos era cansada, apesar de amar meu trabalho e minha vida.

   Então, eu tentei fazer isso, relaxei e entreguei parte dos afazeres para Edgar. Foi uma delícia! Nunca tive tanto tempo para mim, até ganhei dele um dia num spa em Ipanema, que eu amei! Fui mimada por uma tarde inteira! Pela primeira vez na vida, eu lembro de estar verdadeiramente feliz. Nesse dia, à noite, fizemos amor com calma e sensualidade, de uma forma inovadora para mim. Ele apreciou cada parte do meu corpo e eu me senti uma deusa.

   Eu estava louca para ir para o sítio dele e começar nossa aventura, até falei para ele que queria ir logo, mas Edgar gostava de seguir os planos e ficou para o fim do mês mesmo.

   Quando a data chegou, eu já estava com minhas malas prontas há semanas, embora ele só tivesse deixado levar duas delas, ele dizia que a vida no sítio era muito simples e que eu não precisaria da maioria das minhas coisas. Seguimos de carro para a serra do Estado do Rio de Janeiro, eu estava radiante e ansiosa com o que estava pela frente, nem me incomodou quando fechei a porta do meu apartamento e uma sensação de que minha vida nunca mais seria a mesma me passou. Eu interpretei como uma nova e feliz fase que se iniciava. Quem sabe eu não acabaria me casando com Edgar e nunca mais moraria ali?!

   Depois de duas horas dirigindo, Edgar entrou numa estrada de terra e seguimos por ela por mais meia hora. Ao redor do caminho, eu só via floresta.

- Nossa, mas é bem no meio do mato mesmo.

- Sim, mas para ter o paraíso, é preciso passar pelo purgatório!

   Eu ri com a brincadeira dele, ele também estava sorrindo. Acabamos chegando a um muro alto com portões de madeira. Ele acionou o controle e os portões foram abertos. Fiquei impressionada com alguma tecnologia em um lugar tão remoto. Edgar me explicou que com a influência que tinha no governo ele pediu que passasse torres de energia próximo às terras dele. Eu achei aquilo esquisito, porque pelo meu conhecimento em política, que não era a minha área, mas eu sabia um pouco do que rolava, isso queria dizer troca de favores. Edgar havia sido superintendente do BNDES e é claro que conhecia políticos. Mas eu não ia pensar sobre isso. Eu ia aproveitar o homem que estava ali.

   Quando nos aproximávamos da casa, que não ficava perto do portão, eu vi a relíquia que Edgar tinha: era uma casa colonial secular, com certeza.

- Que linda, Edgar! Ela é antiga mesmo ou você construiu para que parecesse assim.

- Ela é antiga mesmo, foi construída por volta de 1850 e pertenceu a um antepassado meu. Ela vem sendo passada de geração a geração na minha família desde então.

Um Mergulho na EscuridãoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang