Capítulo - 03

193 46 249
                                    

Apenas me deixe desistir,
Apenas me deixe ir,
Se isso não é bom pra mim, bem,
Eu não quero saber
Você não sabe como é

Katelyn Tarver - You Don't Know


• ────── ✾ ────── •

Depois de fumarem e beberem eles voltaram para o prédio, Darwin não precisou insistir muito para que ela dormisse ali com ele. Afinal estava tão tarde, e ela tão bêbada... Ela sabia que Dorothy não voltaria naquele dia. Ela levantou pela quarta vez naquela madrugada da cama. Não conseguia dormir e tinha medo que a sanidade voltasse em sua mente mais uma vez a impedindo de que ela pudesse consumar o que tanto imaginou quando estava no efeito da droga.

Ela estava observando os pontos brilhantes do céu pela janela. Outras pessoas sonham com boas profissões, ou em terem animais místicos como amigos. Até os sonhos irreais de Aurora era associado com morte. Ela sonhava em morrer no espaço, ser largada lá de alguma forma em um berço de planetas, perder completamente o fôlego vendo o quão lindo são as estrelas de perto.

Certamente ela morreria feliz.

Ou então em um mar, era uma segunda opção muito desejada. Se perder no pôr do sol, andando em direção ao fundo do mar e não parar enquanto seus pés não alcançassem mais a areia. Ela queria fumar mais daquela maconha.

Caminhou com passos leves inaudíveis até o outro lado do cômodo e começou a mexer no fundo da caixa de papelão na qual Darwin guardava suas coisas. Tocou o fundo da caixa e não sentiu nada, estava procurando nos cantos tocando o papelão quando sentiu algo muito gelado e rígido, segurou como deu no objeto e puxou para si. Seu coração instantaneamente passou a bombear mais rápido. Ela não podia acreditar, uma arma de fogo em perfeito estado. Merda.

Com as mãos já suadas ela enfiou a arma de volta na caixa e em seguida se assustou quando ouviu Darwin se mexendo no colchão. Ela esperou que ele de levantasse e questionasse porque estava lá parada, portanto ele apenas tinha se ajeitado, ela voltou a se deitar na cama antes que ele sentisse sua falta. Merda merda e merda, dez vezes merda.

Quanto tempo fazia que ele havia voltado com o trabalho sujo? Por quanto tempo ele esperava esconder dela? Se bem que ela não está muito no direito de julgar ou cobrar verdades dele, ela vêm escondido muitas coisas também... Como ele conseguia afinal? Às vezes ela pensava se Darwin realmente tinha sentimentos ainda. Um sádico? Ou apenas masoquista?

Conhecendo bem ele como só ela conhecia, certamente um sádico.

Ela lembra de quando ele a conhecera, a maioria dos comentários dele a ela era sobre como ele gostaria de ver a pele dela sangrar por um corte que ele mesmo queria fazer. Ele era doente. Pensava em como seria saboroso de ver o corpo de Aurora sem vida. Mas ação, gera reação certo?

E sem dúvida tudo isso é fruto de uma infância preenchida com a visão da mãe se suicidando no porão da casa com uma corda envolto o pescoço por conta da droga de uma depressão, pois o marido a tratava como merda.

Em seguida o pai jogava todas as noites com ele, mas não jogos dos quais ele gostava. Jogos sujos de porra e do seu suor sujo e salgado. Por seis anos ele foi matando seus sentimentos e armazenando rancor, ódio, ou algo além disso. Aos quinze, quando o pai tentou — pela última vez — abusar do menino ele o matou com apenas uma caneta deixada acidentalmente no cômodo onde era mantido.

Corpos Quebrados | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora