Capítulo - 04

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Minha vida é virada de cabeça
para baixo. Por quê?
Eu não quero escrever
nenhuma carta,
Eu não quero foder meu pulso
E droga Deus
SoLonely - If i Die


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Ele só conseguia pensar em como a feição de Aurora estava mais leve, e de certa forma — apesar de não querer confessar a si mesmo — feliz depois de concluírem a forma em que as coisas seriam feitas. Ele não queria fazer aquilo, nunca.

Ele só queria ter sido mais atencioso com ela.

Só conseguia pensar em como tinha falhado miseravelmente com ela, por todo esse tempo Aurora tinha sido tão bom pra ele. Tinha ficado mesmo quando não havia motivos, secou as lágrimas dele e o impediu de fazer merda mesmo não sendo responsabilidade dela, ela poderia ter virado as costas na hora que quisesse.

Sua bonequinha de porcelana se havia desfeitos em vários pedaços no chão, e ele nem tinha notado. Seu coração doía observando ela se vestir pra ir enquanto o sol aparecia refletindo a luz em seu corpo frágil e quase translúcido. Ela não podia esperar pra ir para casa descansar de verdade, sem se preocupar por que depois de algumas horas tudo iria se acabar.

— Eu só quero que sabia que se eu não tivesse te conhecido eu também teria feito isso, mas eu encontrei paz e, — supirou pesado — Talvez uma chance de viver em você.
— Eu sei, mas infelizmente você não é o suficiente pra me fazer esquecer. — Isso doeu tanto em Darwin.
— Eu sei, desculpe por não ter me preocupado em ser mais. — Ele tinha tanta vontade de chorar que as lágrimas quase transbordaram, mas isso iria a derrubar e ele tinha consciência disso.

— Quando você vai entender que a única culpada nisso sou eu? — Se aproximou calma e ergueu seu rosto entre as mãos. — Entende? Eu não quero que outras pessoas sintam o peso das minhas ações e dos meus sentimentos, nem das minhas loucuras, ou das minhas fraquezas. E por favor, não chore. Estou fazendo isso inteiramente por mim, não me faça sentir-me mais culpada. — tudo parecia alarmar "não faça, desista", mas ela ignorava ao máximo tudo que gritava isso, incluindo Darwin. Ele já havia topado, só precisava fazer ele chegar até lá, era só apertar a merda do gatilho.

— Vá pra casa, eu estarei lá em algumas horas.
— Tudo bem. — Beijou o seu rosto, e sentiu o gosto salgado da lágrima que havia escapado dos olhos de Darwin, e mais uma vez a ignorou. Saiu logo do prédio e apertou a jaqueta no corpo ao sentir a brisa gelada da manhã.

Darwin a observou pela janela, chorando, sem se preocupar se ela veria ou não. E sussurrou deixando que o vento levasse até ela suas palavras. “Eu quero você viva Aura, é só isso que eu quero.”

Aurora estava tremendamente confiante, finalmente tudo ia melhorar. Ela sentia vontade de dançar e cantarolar alguma música boba. Imaginou como outras pessoas a chamariam de drogada, afinal ela iria se suicidar, ou poderia ser encarada como homicídio? Ela não se importou com isso.

Sempre imaginou como seria a vida das pessoas sem ela. Tremendamente melhor, com certeza. Ela não queria pensar em como Darwin estava com tudo isso, mas pela primeira vez, dane-se ele. Ela não quer pensar nele. Ela precisava tanto parar de respirar. Mas ainda sim ela imaginava se ele seguiria normalmente sem ela, ela queria poder dizer com certeza que sim, mas porra.

Tudo seria mais fácil se ele não gostasse dela da forma que gosta.

Ela torcia por ele também, mais ainda por si mesma. Não demorou muito ao chegar em sua casa, ela olhou todo os detalhes mórbidos da casa de uma maneira diferente, entrou rápido e saltitante para o quarto, pulou na cama, tirou a jaqueta e puxou a fina coberta se cobrindo e se esforçando para dormir o mais rápido possível.

Corpos Quebrados | ✓Where stories live. Discover now