10 -INVASÃO

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— Não dá pra saber. — Respondi temeroso.

Eu esperava que a entrada para a cidade subterrânea fosse maior e melhor construída, com degraus de pedra e quem sabe uma identificação. Aquilo ali era só um buraco no chão, que não permitia a visão de nada além da escuridão abaixo. Parecia muito com uma armadilha.

— Qual é? O que vocês estavam esperando? Um elevador ou algo parecido? — Comentou Tony, impaciente com a nossa hesitação. O mais engraçado é que toda aquela vontade de voltar para Tomas desapareceu de uma hora para outra. — Eu encontrei a entrada, portanto, eu vou primeiro

— Sinta-se à vontade...

Eu pensei que ele pegaria um pouco da corda que Tam carregava enrolada em seu cinto, mas para minha surpresa Caleidoscópio simplesmente deu um salto para dentro do buraco.

— Não! — Tentei detê-lo, mas minhas mãos seguraram o ar enquanto eu via aquela coisa albina, que eu tinha tido tanto trabalho de manter viva, sumindo na escuridão.

O buraco podia dar em água. Podia ser profundo o suficiente para matá-lo na queda. Eu poderia dizer que estava preocupado, mas tudo o que eu conseguia pensar era "antes ele do que eu". Ouvimos o som de alguma coisa se estatelando no chão, seguido de gemidos de dor.

— Ai, era alto! — Gritou Tony. — Mas não se preocupem, estou bem. Nossa, é escuro aqui embaixo.

— Você jura? — Retruquei, irritado. Como é que tamanha falta de noção vinha sempre acompanhada de tanta sorte?

— É escuro sim. Você vai trazer luz ou precisarei acender uma fogueira aqui embaixo, Romeo?

Catei uma das tochas de Tam a contragosto e comecei a me enrolar na corda, preparando-me para descer.

— Quer ir primeiro? — Perguntei a Tam.

O gigante olhou para mim, para o buraco, e então para mim de novo. Só então eu percebi: ele não cabia na entrada. Considerando que ela era cavada na rocha abaixo da lama e da neve, não conseguiríamos abrir um buraco adequado a Tam. Aquilo era mau. Uma coisa é invadir uma cidade desconhecida na companhia de um gigante equipado e experiente, outra coisa é fazer isso junto com Tony. 

Pensei muito antes de descer, porque no fundo eu nem me importava com esse tal de Levi e a minha barriga já estava pedindo comida. No fim, foi o olhar de esperança de Tam o que me fez seguir em frente.

— Vocês podem encontrar uma entrada grande pra mim? — Ele perguntou, um tanto sem jeito.

— Claro. Vamos procurar.

— Que bom! — Um grande sorriso preencheu o rosto do gigante. Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, pulei para dentro.

Acendi uma tocha e percebi que Tony já havia avançado um pouco no túnel estreito que se estendia à minha frente. Aquela passagem não tinha nenhum tipo de acabamento, era apenas cavada na rocha, as paredes tortas e irregulares cobertas de lama em algumas partes. Atrás de mim o túnel fazia uma curva, me impedindo de ver além. Por fim, senti o cheiro desagradável de carne estragada preencher o ar parado daquele calabouço.

— Traga a luz até aqui.

Entreguei a tocha em suas mãos, porque não me agrada nem um pouco ficar com a cara perto do fogo. Então começamos a andar. O caminho era tortuoso o bastante para que fosse impossível me localizar a partir do ponto de partida. 

No começo eu sabia que estávamos seguindo a leste da entrada, mas depois de alguns minutos tínhamos feito tantas curvas que não dava para confiar nem mesmo no meu senso de direção. Como se isso já não fosse o suficiente para me fazer sentir inseguro e perdido, pouco tempo depois nos deparamos com uma bifurcação.

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