Capítulo Cinco

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Corria pela floresta, sem dar conta do que se passava à minha volta. A única coisa que queria era fugir. Fugir de algo que nem eu própria sei o que era. Só sei que me esta a perseguir, já faz algum tempo.

Parei, devido ao facto do meu cansaço ser maior do que a energia para continuar. Aí, pude observar o ambiente que se encontrava à minha volta, reparando assim em algo realmente assustador.

As árvores à minha volta encontravam-se recheadas de labaredas, tornando assim uma floresta, supostamente verde, numa floresta com laranja em cor predominante. O chão, já tinha algumas cinzas, e o céu que deveria ser de um azul escuro e com pequenas estrelas a brilhar lá no cimo, tem apenas fumo cinzento.

Andava em passos bem lentos, observando tudo à minha volta. Provavelmente uma pessoa estaria a correr para fugir dum sítio repleto de chamas, mas a mim não me assusta assim tanto. Não o suficiente para voltar para a boca do lobo.

A um determinado ponto, começo a ver pessoas perto das árvores. Olhando-as bem, pude ver que estas se encontravam acorrentadas e amordaçadas, com sangue a escorrer-lhes por todo o corpo. Umas encontravam-se bastante queimadas, outras apenas com sangue.

A partir desse momento comecei a sentir-me mais desprotegida, ameaçada, e muito mais assustada. Nunca tivera visto algo como isto. Ver estas pessoas neste estado, enquanto um incêndio em grande escala ocorre em volta delas... Todas as pessoas se encontram parcialmente mortas. Há uma ou outra que ainda mexem uma mão, ou um pé, algum membro, tornando assim este cenário ainda mais assustador do que já era.

Continuei a andar, até ter sentido uma mão agarrar-me o pé, fazendo-me cair no chão, abrindo assim o cotovelo. Este encontrava-se agora a sangrar, e quando eu queria gritar, não conseguia. A tal mão puxava-me para longe do sítio onde me encontrava, mas mantendo-me na floresta na mesma, enquanto eu me tentava afastar do seu forte aperto. Quanto mais me mexia, mais a dor se intensificava, quer no aperto, quer no cotovelo aberto.

Passava por todas aquelas pessoas, até uma captar a minha atenção. Nesse preciso momento, a pessoa que me segurava, larga-me como que por magia, levando-me a suspirar de alívio. Assim que consigo levanto-me e olho para trás, esperando encontrar quem quer que me tivesse puxado até este preciso local. Mas não vejo ninguém que o pudesse ter feito. Apenas pessoas deitadas, como já tinha mencionado.

Torno a olhar para a pessoa que captou a minha atenção e, para minha sorte, esta não se encontrava queimada a um alto nível. Tinha apenas umas ligeiras queimaduras. Aproximei-me da mesma, podendo assim ver quem era.

Estando frente a frente, reconheci de imediato o piercing no seu lábio. Este encontrava-se aberto, largando assim sangue. Os seus olhos eram escuros e nele apenas se via o laranja das chamas que nos rodeavam, não se entende bem o cabelo, mas entende-se suficientemente bem que há por ali uns caracóis escondidos.

Agacho-me junto a ele, ignorando o fogo que me queima a pele. Tento olhá-lo nos olhos, e quando o faço, estes movem-se para mim fazendo-me levantar rapidamente e recuar um passo. Ele mexe-se e não sei bem como, solta-se das correntes que o prendia. Rasteja até mim, e eu não mexo um músculo, devido ao medo que se apodera de mim.

Eleva fracamente o seu corpo, e alcança a minha mão agarrando-a. Arrepio-me graças ao seu toque e afasto as nossas mãos, fazendo-o "cair" e abrir a cabeça. Mais sangue sai dele e eu instintivamente começo a correr para fugir a esta imagem.

Quanto mais corria, mais medo se apoderava do meu corpo, e eu sentia-o bem a percorrer as minhas veias.

Medo, muito medo.

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