Capítulo 11: Onde está o medo?

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—Está tudo bem Kiere...

Seu tom de voz não aspirava tal confiança, parecia estar sentindo muita dor por conta dos vários ferimentos que tinha sofrido.
Tentou levantar-se lentamente, mas não conseguiu, parte da perna direita ainda lhe faltava, não tinha escolha a não ser esperar as indesejadas e fiéis chamas negras reconstruírem o tecido de seu corpo.
Tinha sorte, pelo menos aquilo não doía, ao contrário, a dor ia sumindo conforme seu corpo ia se regenerando.
Assim que os ligamentos da perna direita foram reconstruídos, ele se levantou.

—Kiere, eu vou tentar distraí-los, você da conta deles enquanto isso.

Disse isso, enquanto uma das púrpuras labaredas reconstruia a parte direita de seu rosto, antemão desfigurada.

"Mas que diabos?
Ele tá v-vivo!?"

—V-você tá bem?

Kiere estava tão surpresa que conseguiu gaguejar até mesmo em seus pensamentos.

—Eu estou.
Não se preocupe.

Zelgle respondeu como se nada de grave tivesse acontecido, apesar de que a pouco tempo estava atirado ao chão sendo despedaçado.
Já tinha recuperado a postura.
As bestas já estavam se reagrupando para atacá-lo novamente, tanto que deixaram Kiere de lado.
Já o criatura roxa continuava observando a situação, parecia ter um inteligência bem maior que um monstro comum.

Zelgle voltou a segurar seu machado com as duas mãos, e foi em direção a horda de feras à sua frente.
Tentou acertá-los com um ataque na horizontal, e errou de novo, mas dessa vez estava mais atento quanto ao lugar apertado.
Golpeou mais três vezes, sem acertar nenhuma das feras.
Mas não se importou, afinal, seu objetivo era tirar a atenção delas de sua arma principal: Kiere, que furtivamente estava atacando-os pelas costas.

"Só mais um pouco..."

Eles ainda não tinham percebido os companheiros mortos, e continuaram atacando Zelgle, faltavam em torno de seis deles.
Kiere estava quase finalizando o sexto quando algo lhe acertou a cabeça e a arremessou contra a parede rochosa.
O líder finalmente tinha se movido, e vendo o de perto, era muito maior se comparado as outras criaturas, aparentes espinhos saiam de suas costas, tinha olhos vermelhos e uma estranha pelagem roxa, era bonito apesar de tudo.

—Uma pele como a sua deve valer um dinheirão, haha

Kiere estava caída, de costas pra parede, estava quase perdendo a consciência, bateu a cabeça quando foi jogada pelo ataque.

Zelgle percebeu que a parceira estava em apuros, e se jogou em cima das criaturas, balançando o machado para tentar assustá-las.
Chegou próximo à garota caida no chão.

—Você está bem?

—Claro, estou ótima.
Só me dê uns trinta segundos para recuperar o fôlego...

Não parecia apenas precisar recuperar o fôlego, sua cabeça estava sangrando, e parecia estar atordoada.
Zelgle levantou-se e ficou de costas para a companheira, voltando novamente a atenção para os inimigos.

—Me desculpe... mas se eu deixar você descansar agora, você provavelmente vai morrer.

—É, eu também acho...

Kiere se levantou sorrindo.
Era visível que estava prestes a cair novamente, mas se esforçou para que não acontecesse.

—Merda, não vamos conseguir dar conta deles...

—Tem razão...

Os monstros continuavam vindo na direção deles, e eram mais do que antes,mais deles tinham chegado pela abertura que o líder estava guardando.

O Arauto dos Mortos (revisão em breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora