Chapter XVII

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      Clínica? O que isso significa? O que significava pensar dessa forma sobre ela, ou seus assuntos particulares? - Meditava enquanto percorria o caminho de volta para a escola. Taehyung, dentre as pessoas, apressado, passava colidindo com o pessoal; pediria desculpas se pudesse. Sua mente estava dividida: Jungkook; Agatha, mas a complexidade e os motivos são deveras diferentes. Assim pensava Taehyung... Nítida, a preocupação em sua face, não tinha respostas; dele ou dela. Por que isso agora? Ótimo, mais perguntas - Refletia sarcástico, diminuindo na urgência dos passos, respirando circustanciamente - estava próximo. Se aproximava de onde queria chegar, de onde não deveria ter saído. Se ficasse, ponderava, as coisas estariam diferentes. De fato, sim.
     
      Caminhando, à rua próxima da escola, uma esquina anterior, notava luzes refletindo nas paredes das casas, nas folhas das árvores, no chão, em suas roupas. Detalhava as cores: azul e vermelha. Piscando, intensamente. Polícia? Provavelmente, o som das sirenes era evidente ao longe - para aqueles que conseguiam ouvir -, alarmava-os de uma situação que, se as sirenes estavam ligadas, não podia ser bom. Taehyung tentava adivinhar qual era o problema, nunca presenciara algo assim. Sua mente criava as piores das hipóteses, e em todas, Jungkook sofria... Não, não - negava tais possibilidades sacudindo sua cabeça. Fitava para as janelas próximas, os moradores espiavam dentre as cortinas, com um certo medo ou abstinência de curiosidade - talvez ambos.

      Conseguia ver a escola; duas viaturas à porta, o diretor, quatro policiais, todos com blocos de notas em mãos e canetas esferográficas azuis, conversando com alguns alunos que sentavam-se na calçada - andavam em pares, uma lei da cidade. Em um grande suspiro, agradeceu, aliviado por não ter visto uma ambulância. Ou por enquanto. Engoliu em seco; ainda existia essa eventualidade. Seguia, passos curtos, incertos. Avistava o diretor, não parecia muito bem: golas levantadas, camisa para fora da calça, respiração acelerada, um semblante irritado, mas também preocupado, braços cruzados, sapato de couro tocando o chão sucessivamente; impacientemente. O dia mudava a cada momento, uma montanha russa de emoções. Queria apenas subir, era pedir demais? O clima mudava também, aquele sol que penetrava sua pele e arrepiava-o, não estava tão presente, se escondia atrás das nuvens escuras, declarando uma chuva no final da tarde ou de repente. Uma brisa leve...

      Próximo o bastante da entrada, questionava-se se seria tão simples entrar. Parecia que não. Seu olhar fora direto de encontro com os olhares cansados e furiosos do diretor - medo, parou imediatamente. Se encararam por um momento, Taehyung, confuso, se sentiu incomodado, pressionado; o Diretor, por outro lado, em passos largos, pesados, veio em sua direção. Agora, Taehyung se sentira como um gatilho, disparando, subitamente, uma reação violenta. Poderia ter corrido, mas não conseguia. Outra vez... Ele agarrou Taehyung pela gola de sua camisa, o levantou para perto de seu rosto e cravava-o, com raiva, com ignorância. Olhos que o condenavam, mas pelo o quê?

      - Onde ele está? - O diretor perguntava em um tom ameaçador. Taehyung tremia, os olhos exaltados com lágrimas nos cantos. Do que estava sendo acusado desta vez? O que aconteceu?

      Sabia que o aluno à sua frente não podia ouvi-lo, porém acreditava intensamente que Jimin, seu filho bastardo - assim pensava -, fugira para um lugar que se sentia seguro. Deduzira observando seu filho, sempre à companhia de Taehyung. Pobre Taehyung. Sem paciência, soltou o aluno jogando-o no chão. Em outros momentos, se arrependeria de fazer tais atrocidades como Diretor; com um aluno, entretanto, a raiva ofuscava quaisquer resquícios de racionalidade. Ao chão, cerrava os olhos, impedindo-se de chorar, de tremer, de parecer fraco... As pessoas sempre hão de fazer isso: maltrata-lo, infelizmente. Isso o destruía. Estava cansado. Se fosse viver daquela forma - e iria -, tinha de ser mais forte... Precisava ser mais forte. Fitava os policiais, eles viram, por que não interviram? E os alunos? Todos simulavam cegueira. Frieza estúpida - matutava.

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